Há terça feiras assim.
Saio cedo de casa antes das 7 da manhã, faço 20km até às instalações de um cliente, e arrancamos para as obras alentejanas.
Vamos sempre a falar, para lá, cusquices, obras, a crise.
Debatemos o estado da nação, o estado a que o estado chegou, isto parafraseando títulos sonantes. Discutimos a indústria, a agricultura, polítiquices.
Concluo que estamos do lado errado, os que trabalham sem grandes frutos, embora tenha mais pena de mim do que dele.
Atravessanos direito a Rio maior, e para lá da serra o tempo muda. Só poucos quilómetros antes de Coruche as coisas parecem animar. Isto querendo dizer que, àquela hora matinal, só chegando a Coruche se começa a ver mais do que camiões de mercadorias e carrinhas com pessoal das obras.
Atravessando a ponte, e tirando os carros acima descritos, volta a pasmaceira. Agora em tons de verde, há uns meses, cor de palha seca. quilómetros e quilómetros, e quilómetros. Cotos de árvores com cegonhas. Campos a perder de vista. Oliveiras.Entretanto há-de aparecer Évora, Portel, Alqueva e por fim Moura. Terra pacata, sossegada.
às vezes estamos lá meia hora , e estamos prontos a voltar para trás. Noutras, descemos ainda mais, Vidigueira, Cuba, Aljustrel, Castro Verde, e acabamos por almoçar nesta vila simpática.
Olivais.Vinhas. Nada.Olivais. Nada.Eucaliptos. nada.
De regresso, Ferreira do Alentejo, Alcácer do sal. Auto estrada até cá acima.
Gosto muito da viagem, mas estou limitada e não posso parar onde quero, tirar uma ou outra fotografia, fazer um desvio para o geocaching.
O que me perturba o espírito é tentar saber como ganham eles a vida, que nada se vê fazer, e pouco ou nada mais que as grandes adegas e lagares parecem ter vída útil. isso e quilómetros de estradas em obra. Se passam tão poucos carros, é preciso tanto estradão?
E no entanto eles vivem por lá. E parecem felizes. nada stressados