Sobre mim e outras coisas, irreais, ou nem por isso...

08
Jan 12

É tão verdade.

 

A falta de expectativas pode dar cabo de nós. A falta de trabalho, de ocupação útil

 

Os últimos meses foram um pesadelo, com a cabeça vazia de mais, a encher-se de tristezas e desânimos.

 

Como no livro de Hemingway, Agora o Sol brilha.

 

Bastou que uma empresa acreditasse no meu projecto ( não remunerado eu sei, mas já a mexer, e com prestpectivas de vir a dar lucro)

 

Bastou um prémio de escrita ( que vale muito mais, ainda que sem qualquer retorno monetário, que os impropérios de uma "desorientadora"de mestrado)

 

Bastou a perspectiva de trabalho ( e guardo o maior entusiasmo para os dias das assinaturas de contrato, porque até ver esse dia, ainda fico um pouco de pé atrás...)

 

 

Foi um ano difícil. Do princípio ao fim, e deixei-me vencer.

 

Enterrei isto, e , de facto, arranjei um caderninho, que a minha irmã me deu no Natal, e passei a anotar as ideias que tenho, e que não são para enterrar, são para lutar por elas e para desenvolvê-las.

E ideias novas, é coisa que não me falta.

 

Fui convidada a participar no blog A viagem dos Argonautas, e ainda que me assuste, pois a fasquia é tão elevada, estou disposta a tentar.

 

Vou lutar pela minha empresa.

 

Vou batalhar pela minha família. Amar mais as filhas, amar mais o marido. ainda mais.

 

Vou voltar aos meus canteiros, e vou ainda dar o passo para o quintal.

 

Vou dedicar-me mais a mim.

 

 

vai ser um ano terível. É a crise, é a política. Duvido que o meu avô sobreviva a 2012, duvido que a saúde dos meus sogros se mantenha, e isto a julgar apenas pelo mais óbvio.

 

Mas recarreguei baterias, e , definitivamente, quer ser aquilo que, ao fim e ao cabo, quem me conhece, já pensava que eu era: a dona da confiança e do optimismo.

 

Se é esta a mensagem que eu passo a toda a gente, pois bem, está na hora de assumir como tal.

 

 

Agora , levanto a cabeça e sigo.

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 10:59

22
Nov 11
Hora de pelotão de fuzilamento: ( a mim)

Hoje recebi um email, para que eu como assistente convidade numa escola superior, faça greve, com todas as razões e mais alguma. Razões de elite, de expectativa, de acusação, e de "venha a nós".

Por acaso, nesse dia não dou aulas. Mas se tivesse, ia.
...
Porquê? porque a greve, que até é justa, não me parece ser pelos motivos certos.

-porque para os professores fazerem greve, as minhas filhas vão ficar sem aulas em casa da avó, mas podiam não ter avó...
- porque para outras crianças que não têm avó não fiquem abandonadas, as senhoras do ATL têm de trabalhar mais horas, ou os pais não podem ir trabalhar
-porque se os pais trabalharem no sector privado, é complicado fazerem greve, pelo estigma, pelo precedente, e por mais dois outros motivos: nas empresas onde há trabalho, é necessário produzir e todos os minutos contam, nas empresas onde não há trabalho, procuram-se motivos para despedir os funcionários, e se a greve não serve como motivo, serve de ignição.
- porque uma greve motivada apenas nas coisas de uns não querem perder, não resolve os problemas daqueles que nada ganham
-porque muitos dos grevistas não se manifestarão, mas usarão o dia de greve para o lazer, para arrumar a casa, ou para ir tratar de assuntos pendentes. Ou tomar conta dos filhos.
-porque alguns grevistas irão dirigir-se a determinado sítio, para fazer alguma coisa, e vão deparar-se com a porta fechada, e hão-de dizer "Carago, logo hoje que eu tive tempo para vir aqui e estão fechados!"
- porque muitos grevistas terão o ordenado acabadinho de cair na conta, no dia da greve, mas há muita gente que nem no fim do mês, nem no fim do ano, nem em dia nenhum vão ter ordenado, subsídio ou o raio que o parta para comer, vestir, sobreviver.
- porque muitos dos reformados, com uma vidinha sossegada, e com reforma razoável ( não as reformas miseráveis), parecem esquecer-se que os seus filhos não terão essa reforma, e que muitos filhos não levam esse dinheiro para casa.
- porque os grevistas esquecem-se que neste país as pequenas empresas, que estão atoladas de dívidas e sem crédito, são as que vão pagando os impostos, e que são esses impostos que sustentam o país, e que nem todas as empresas têm gestores milionários, administrações corruptas, e vivem à tona da água, para além de todas as suas forças, para manter empregos e contas com o estado em dia, pois senão, tudo estará perdido
- porque muitos grevistas votaram em quem tomou estas decisões, e muitos grevistas não se quizeram perder uma hora para ir votar num domingo, mas podem perder um dia de trabalho
-porque uma greve de gasolina faz mais efeito que uma greve geral ou uma greve de fome, e isso é estranho

e quando é que eu iria a uma greve?

-se ela fosse por direitos fundamentais
- se fosse para exigir igual para todos, e não para os mais iguais que outros
-se fosse para exigir que se fizesse uma revisão das opções do estado dos 20 últimos anos, isenta, com prazo, com identificação clara dos erros e das motivações em tempo útil
-se desse para fazer um reset ao Mundo

Como tal, e na fraca expectativa de ver estas razões acontecerem, vou dando o meu melhor, todos os dias, na vida profissional e pessoal, sem medo de expor a minha opinião e de me sujeitar à crítica e ao debate. Porque se tiverem explicações melhores que a dos outros do email, estejam à vontade para as demonstrar, porque se tiverem razão, até peço desculpa e sou a primeira a assinar por baixo
publicado por na primeira pessoa do singular às 16:27

07
Nov 11

Uma réstia de sol ilumina o meu coração.

 

A semana passada publiquei o meu currículum num site de engenharia civil, e uma hora mais tarde tinha um uma proposta no meu email. Vai ser marcada uma reunião. Veremos o que dali vai sair.

 

A semana passada, voltei à carga com mais um projecto, não desisti apesar de todos dizerem que é difícil, que dá muito trabalho. Hoje recebi um email. Vai ser marcada uma reunião. Veremos o que dali vai sair.

 

A semana passada contactei um antigo cliente, por causa de um trabalho. Quer vir ter comigo. Vai haver uma reunião. Veremos o que dali vai sair.

 

A semana passada contactei uma empresa, que ficou interessada nos meus serviços. Veremos o que dali vai sair.

 

A semana passada propús a uma investigadora que me ajudásse uma ideia que surgiu. Pelos vistos, ela e a empresa onde trabalho demonstraram interesse. Veremos o que dali vai sair

 

Tudo isto volta a por em causa a existência da empresa, da qual eu não quero abrir mão, mas que está a ser sugada para o fundo do ralo.

 

Será que conseguirei sair daqui mais forte?

 

O que eu sei é que devo estar a fazer algo certo, mantendo o meu cérebro activo, apresentando ideias, ideias e mais ideias, até acertar...

Parecem-me reuniões a mais e fazer a menos, mas enfim...

 

isto, se entretanto, não cair em mim e verificar que sou apenas mais uma IDIOTA.

 

 

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 10:10

02
Nov 11

Eram seis da manhã, e rebolava na cama há alhum tempo.

 

Ele sentiu-me acordada e abraçou-me. Disse-lhe: Quero fechar a empresa. E expliquei-lhe que o quero fazer antes de ter dívidas, o que será já no final do mês, o o dinheiro continuar sem entrar. E, no telemóvel dele, moostrei-lhe o que há de anúncios para engenheiros, os que já concorri, e tudo mais.

Chorei, desesperei, mas aliviei o coração.

Só me abraçou, e pouco depois voltou a adormecer.

 

 

Senti-me  um pouco mais leve. Um pouquinho, só. Mas qualquer coisa.

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 15:04

19
Out 11

 

Eu bem disse, ontem, que era para me levarem para a psiquiatria... hoje acordei poeta:

A minha oração

Senhor
...
ministro das Finanças
ou da Economia
atende as minhas preces
a minha agonia
pago TSU e IRS, IVA e IRC
pago PC e IES, então o PEC porquê?
Pago o seguro do carro, da saúde e do trabalho
da casa , do terreno.
pago empréstimo e os juros, o IMI e o IUC
pago gasóleo e portagens
trabalho todo o dia,
não recebo porquê?
Cumpro as regras, e as leis
sou honesta e amiguinha
vou à escola vou à missa
voto sempre e participo
para o que serve, não sei
mais valia ir para noviça
ai que triste vida a minha
Se quiser criar galinhas,
lá no fundo do quintal,
tenho de as ir declarar
não venha daí a gripe
e a bicharada matar
Se quiser criar coelhos
lá no fundo do jardim
logo há de vir a DGV
e vai dar cabo de mim.
Se quiser fazer rissois
no sossego da cozinha
ou uns bolos para vender
não tenho bancada inox,
rede, copa, mosquiteiro
logo há-de vir a ASAE
e as coisas apreender.
Da minha mente arejada
instruída e abananada
há-de surgir a resposta
lá em casa vai-se andando
come-se mais moderado
corta-se a dose, estamos gordos
divide-se melhor a posta.

Margarida arrepia caminho
arranja um rumo novo
põe esta empresa a render
Bem sabes , está tudo para o mesmo
usa o cérebro e as mãos
tu não vais esmorecer
não te vais deixar vencer

e o poema continua...num estilo muito próprio, mas com palavras impróprias. Reservo-o ao interior do meu pensamento

não rima muito bem? não faz mal, o Saramago também não cumpre a gramática e ganhou o Nobel.

palmas, palmas

obrigados, obrigados
publicado por na primeira pessoa do singular às 18:57

30
Set 11

Fui adepta tardia, confesso, mas fiquei conquistada.

 

A lista de amigos é reduzida, é certo, porque ainda que goste muito de falar, acho que nem todos estarão aptos ou serão desejáveis, para o que eu digo, escrevo ou exponho.

 

De vez enquando procuro colegas da escola ou da Universidade, ou chegam-me de mão beijada por serem amigos de amigos .

 

Olhar para muitos daqueles perfis e ver a situação profissional de muitos têm-me feito pensar, e admitir que fiz muitas escolhas erradas na minha vida. Acima de tudo, escolhas profissionais.

 

Ao que parece, sucesso profissional é coisa que não falta. E vêm-se os amigos sorridentes, em fotografias tiradas em diversos destinos de férias por todo o mundo, as amigas sorridentes com o seu bando de filhotes de uniforme da escolinha, os bem sucedidos cá, os bem sucedidos no estrangeiro...tudo parece ser maravilhoso.

 

E eu aqui...numa micro empresa que já só tem o nariz de fora para respirar, e pouco mais. Com férias no campismo  e já vou com muita sorte!

 

Falhou tudo. Tudo. Só tenho a minha dignidade e a a minha família. E, pela primeira vez , desde que comecei a trabalhar, há 13 anos, vivo à custa do ordenado do marido. Isto está a deixar-me doida.

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:13

17
Mai 11

Hoje , estou por aqui:

 

 

Ora bem, flexibilidade no trabalho...

A minha mãe sempre trabalhou em casa: para além de mãe e dona de casa, costura para fora e faz toda a papelada do escritório dos meus pais e tios, pelo que fomos quatro irmãos com mãe presente e agora são quatro netas com avó. Ela é que sabe, ela é que manda, ela é que dá o pão, logo a educação ( é quase assim!)

Quando eu comecei a trabalhar na construção civil, em 1998, solteiríssima, o horário era horrível, o cansaço mais que muito, mas não tinha outras obrigações, o salário era bom, a vida corria-me bem, dentro do possível. Depois de 2000, quando casei, passou a ser um inferno, conseguir conjugar a vida de casada e a do trabalho, e em 2001 desisti de lutar e saí desse bom emprego, onde, pelo menos, e por troca de horas de serviço a mais, não remuneradas, nunca ninguém teve a menor retaliação se fosse preciso faltar um dia para tratar de algum assunto, ou chegar atrasada por algum motivo. Isto tenho de admitir!.

Consegui um emprego em part-time, bem remunerado, e foram os dias da minha vida em que tive tempo para tratar de mim, e fazer o batalhão de tratamentos para engravidar... Mas como tudo o que é bom termina, a empresa estava a enganar-me nos descontos e saí.

Rapidamente encontrei um emprego com uma remuneração de sonho, mas que eu pagava em horas e centenas de quilómetros, diariamente. Fiquei grávida, e o patrão logo sugeriu que não seria preciso licença de parto completa, certo? Alguns dias antes do parte, e continuando a fazer entre 150 a 600km por dia, conforme o dia da semana, despedi-me. Nunca mais voltei a ver um ordenado daqueles...

Fui imediatamente contratada pelo patrão do part-time, desta vez em full-time, mas com horário certinho, que jurou não voltar a enganar-me ( mas como é sabido, quem mais jura, mais mente!) Como o marido ficou desemppregado durante a minha licença de parto, trocámos, e fui eu trabalhar, ao fim de 4 meses. Trabalhei lá mais 2 anos, masceu a 2ª filha, e quando regressei da licença de parto, já a empresa se tinha desmoronado, e para além de inúmeras falcatruas que fizeram com o meu nome, na minha ausência, saí de lá com 6 meses de salário em atraso, diversos subsídios por receber, e ainda com o tribunal à perna, por causa do burlão do patrão.

Em menos de 15 dias, e com uma miúda de 30 meses e outra de 6, voltei a trabalhar, e fiz questão de negociar um horário certinho, em troco de um salário reduzido. O salário manteve-se reduzido, mas o horário descambou e passou a ser ainda pior que antes, e se tinha contrato para uma super-oobra, pouco a pouco já eram 3 e mais e mais e mais, e apesar de todas as horas extra não remunerados e os quase 1000km por semana não podia sair às 17 ou 18h para ir ao médico com as filhas sem ter de pedir licença ao chefe, depois aos recursos humanos e por fim ao patrão, sendo repreendida se saía a horas ( 18h, ao fim de 8 h de trabalho e 1 de almoço), pelo que saí, em Novembro de 2007, porque não aguentava mais.

Continuei o resto do ano a trabalhar para eles a recibos verdes, em casa, e em Janeiro de 2008 criei a minha empresa, muito micro, por sinal, no rebentar da crise. Uma mulher, num mundo de homens, sem ajudas nem subsídios, a fazer um trabalho novo, para a mentalidade da maioria dos construtores.

O salário foi reduzido ao mínimo. O sistema de impostos e contribuições é implacável.

Nestes 3 últimos anos, consegui estar ao dispor das filhas na escola , na patinagem. Estou a concluir um mestrado, já fiz mais formações. Dei aulas num Politécnico, dei formação. Aceitei todo o trabalho honesto que me proponham. Tive dias de 17 e 18h seguidas de trabalho, dias de começar às 2 da manhã. Nunca falhei prazos nem deixei clientes enrascados. Clientes, que por vezes, demoram 6 e 7 meses a pagar, e às vezes, com cheques carecas.

Trabalhei de noite, se tinha de estar disponível para elas de dia. Fui honesta, nunca entrei em esquemas, abstenho-me de usar o factor cunha.

Nos últimos meses o trabalho diminuiu para números insuportáveis, e estou quase a desistir.

O stress desiquilibra-me, e a procura de conforto vê-se no peso.

Hoje, não passo necessidades, mas também não tinha necessidade de fazer contasà vida se não tivesse lutado pela flexibilidade de horário. Arrependo-me de ter deixado o primeiro emprego. Arrependo-me pelos milhares de euros que fiz a família perder, com tudo o que eu não tenho recebido, e não é só o diferencial do que devia receber agora, para o que recebia antes, são os meses de salários que eu, simplesmente, não me consigo pagar.Arrependo-me de termos tido de abdicar da casa dos nossos sonhos, e de todas as férias e viagens que ficaram por fazer.

Só não me arrependo de estar disponível para os meus tesouros. O tempo dirá, se compensou.

Se hoje achasse um part-time, até umas 30h semanais flexíveis, não olharia a orgulhos, éticas e coisas do género, fechava a empresa e ia para lá. Mesmo que detestasse, a segurança de um ordenado ao fim do mês, por agora, seria suficiente.

publicado por na primeira pessoa do singular às 18:03

25
Fev 11

Acordo com a maldade no corpo, a soltar-me a lingua: então o DL80/2006 não era para poupar energia, melhorar isolamento, e afins? então porque é que os edifícios novos, em especial os do estado, e nomeadamente as escolas de arquitecto que, escandalosamente, têm custado milhões à custa de uma feira de vaidades e de soluções construtivas e materiais à medida da fotografia e da revistinha de arquitectura, passaram a ter maiores custos com energia e água?

Escolas feitas à pressa, com prazos irreais, com gostos interessantes mas pouco racionais, construtores espremidos até ao tutano a usarem "soluções mais económicas", e depois è ver nos jornais que caiu o reboco, que o chão empolou, que entra água, que não têm dinheiro para pagar as contas da água e electricidade...

O DL e as obras são coisas distintas.

Ao DL,famoso RCCTE, tenho-lhe um desprezo desde o dia em que o conheci, porque de boas intenções está o inferno cheio, e aquele, no meio de tantas intenções, transformou-se quase no oposto do que devia. Quem o fez não anda nas obras. Quem o fez retira-me o direito de saber se eu tenho frio ou calor, diz-me a que temperatura devo estar. Quem o fez contraria regras seculares de bom senso. Quem o fez, diz que poupo energia introduzindo equipamentos que a gastam, achando que , por estarem previstos, vão gastar menos do que outros de que eu me venha a lembrar. Quem o fez, parece esquecer-se que as pessoas não estão formatadas por um regulamento. Apeteceu-me rir, e dizer : bem feito! Por isso rio-me e digo: Bem feito!

Quanto às obras, gosto tanto, que me doi ver o estado a que chegaram: primeiro, as obras são milhares de folhas, formulários, aprovações, certificados e conformidades. E se existirem os papeis todos, então a obra está óptima, mesmo que os trabalhadores trabalhem horas a mais, por salário a menos, mesmo que as pequenas empresas com bons trabalhadores fechem por falta de pagamentos, e sejam trocadas por trabalhadores temporários, explorados, sem experiência. mesmo que os materiais bons sejam trocados por coisas que se lhe assemelham só porque têm um carimbo e custam metade. Mesmo que os prazos sejam curtos, e que depois aumentem desmesuradamente, mesmo que esses prazos comprometam segurança e qualidade. Desilusão. Desilusão com um trabalho que eu costumava adorar fazer...

publicado por na primeira pessoa do singular às 10:04

22
Fev 11

Há terça feiras assim.

 

Saio cedo de casa antes das 7 da manhã, faço 20km até às instalações de um cliente, e arrancamos para as obras alentejanas.

Vamos sempre a falar, para lá, cusquices, obras, a crise.

Debatemos o estado da nação, o estado a que o estado chegou, isto parafraseando títulos sonantes. Discutimos a indústria, a agricultura, polítiquices.

Concluo que estamos do lado errado, os que trabalham sem grandes frutos, embora tenha mais pena de mim do que dele.

Atravessanos direito a Rio maior, e para lá da serra o tempo muda. Só poucos quilómetros antes de Coruche as coisas parecem animar. Isto querendo dizer que, àquela hora matinal, só chegando a Coruche se começa a ver mais do que camiões de mercadorias e carrinhas com pessoal das obras.

Atravessando a ponte, e tirando os carros acima descritos, volta a pasmaceira. Agora em tons de verde, há uns meses, cor de palha seca. quilómetros e quilómetros, e quilómetros. Cotos de árvores com cegonhas. Campos a perder de vista. Oliveiras.Entretanto há-de aparecer Évora, Portel, Alqueva e por fim Moura. Terra pacata, sossegada.

às vezes estamos lá meia hora , e estamos prontos a voltar para trás. Noutras, descemos ainda mais, Vidigueira, Cuba, Aljustrel, Castro Verde, e acabamos por almoçar nesta vila simpática.

Olivais.Vinhas. Nada.Olivais. Nada.Eucaliptos. nada.

De regresso, Ferreira do Alentejo, Alcácer do sal. Auto estrada até cá acima.

Gosto muito da viagem, mas estou limitada e não posso parar onde quero, tirar uma ou outra fotografia, fazer um desvio para o geocaching.

 

O que me perturba o espírito é tentar saber como ganham eles a vida, que nada se vê fazer, e pouco ou nada mais que as grandes adegas e lagares parecem ter vída útil. isso e quilómetros de estradas em obra. Se passam tão poucos carros, é preciso tanto estradão?

 

 

E no entanto eles vivem por lá. E parecem felizes. nada stressados

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 22:07

26
Nov 10

Diz assim, o DN. Leiam lá se faz favor, que depois eu continuo.

 

Já está?

 

Todos os dias me vejo, ao meu marido, pais, familiares , colegas, que em geral que trabalham por contra de outrém, a fazerem horas e horas de trabalho.

Quem trabalha nas obras, é um claro exemplo disso, e já o referi n vezes.

Trabalha-se porque tem de ser, não porque se goste, nem porque se recebe a mais.

Em 12 anos de trabalho, nunca recebi uma única hora extra.

O meu marido recebe algumas.

Em muitas empresas, essas horas são pagas à socapa, porque ao declará-las, quem trabalhou para conseguir mais qualquer coisa e ajudar a empresa a desenvolver-se, arrisca-se a chegar ao fim do mês e ainda levar para casa menos do que o costume.

E mesmo contrariados, vamos fazendo essas horas, ou porque não temos alternativa, ou porque compreendemos a sua necessidade.

 

Pelo contrário, e salvo belissimas excepções, que as há!, qualquer funcionário público largar alto e a bom som: EU NÃO FAÇO HORAS EXTRA PORQUE NÃO MAS PAGAM.

 

Eu, agora que também sou um bocadinho FP, ainda não consegui atingir este patamar. Descobri recentemente que não vou receber 3 semanas de aulas que dei, porque só consideraram o meu contrato com data posterior ao início das aulas. E a postura das senhoras me me informaram foi: não devia ter dado aulas! E os alunos? perguntei eu.Ficavam sem aulas nessas semanas!responderam as senhoras. Bem, comigo foram 3 semanas, com uma colega minha foram 7.

E no entanto,tendo reclamado, continuei a dar aulas. 1 hora a mais por semana do que o combinado. Aulas de dúvidas a mais do que o combinado. E depois?Fui eu que me candidatei ao lugar, não fui recrutada à força. E vejo que essas horas fazem falta para que os alunos tenham bom aproveitamento e como tal assumo-as com gosto e dedicação, porque quero que eles tenham bons resultados e que ao fim do semestre eu olhe para o meu trabalho e diga a mim mesmo que valeu a pena. A minha maluqueira vai tão longe que pedi autorização para dar aulas para compensar os feriados de Dezembro. E os alunos já confirmaram que iriam, mesmo ao sábado! Falta a escola dar autorização.

 

 

E acham que faço horas extra porque não tenho mais nada para fazer?

Pensam que eu não preferia estar em casa, a namorar o marido e as filhas, a ver canais temáticos de Construção ou culinária, a devorar romances, a cozinhar compotas e licores? A cuidar do meu micro jardim? a projectar uma casa nova? a passear?

 

Enganam-se! Sonho todos os dias com dias assim. Consumo-me. Desgasto.me. Ando rota e cansada.

 

mas a sensação de dever cumprido, também faz bem ao coração e à alma

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 10:22

Não fiz greve , e ponto final.

 

Não fiz porque o motivo não é o correcto e é promovida por quem fala de barriga cheia.

 

À volta do meu pequeno mundo, praticamente toda a gente trabalhou, e como a única auxiliar que faltou na escola de garotas é a que menos faz, ninguém deu por falta dela.

 

Para mim, a greve foi um episódio de novela, que até nem vi, porque estive a trabalhar entre a 9h e as 22h. Mas deve ter sido um episódio picante, porque no dia seguinte toda a gente comentava, e não parava de passar na televisão.

 

Eu cá não dei por nada.

 

O que eu sei é que quem a fez perdeu cerca de 5% no ordenado ao fim do mês. E se se queixam disto mesmo, que lhes vão tirar este valor, porque é que insistem e o fazem eles próprios?

 

Ou era uma greve de semanas, com todas as consequências e motivos criteriosamente apontados, ou assim não passa de uma palhaçada.

 

A crise combate-se, na minha opinião, com uma postura activa na sociedade, participação na comunidade e esforço. Porque isto não está só a acontecer em Portugal. Por isso, senhores grevistas, não venham dizer que descobriram a pólvora. E se têm soluções melhores, cheguem-se à frente. Certo?

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 10:13

03
Nov 10

Porque é que dos 76€ da factura do EDP, 48€ são de taxas disto, daquilo e aqueloutro e de impostos.

 

Ou seja, bem posso poupar, que por muito que poupe continuo a pagar muito: não depende de nós...

 

 

Porque é que os 0.26€ de água gastos no meu mini escritório se transformam em factura de 13,25?

 

Deixo de puxar o autoclismo?

 

e por fim

 

Porque é que nenhum cliente me pagou, nem um tostão, nos últimos 45 dias, ainda que fosse de facturas vencidas há 5 meses? É que daqui a 15 dias, passa-se de novo TSU, IRS, e IVA, sabiam? E este mês ainda houve PEC! Ou será que só eu é que pago?

Porque é que também não recebi do Instituto Politécnico, das aulas dadas desde Setembro é outra incógnita. Aguardo.

publicado por na primeira pessoa do singular às 10:02
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21
Out 10

Se não morrer esta noite de cansaço, presumo que, a partir de amanhã, terei o meu corpo e o meu cérebro testados e aprovados para as mais rudes provas.

 

Se não voltar aqui, por esta hora, amanhã, vão ao meu funeral, ou levar-me twix e romances ao manicómio

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:12

20
Out 10

Mas era no meu 1º emprego, há 9 anos, mas era  burra e não sabia.

 

Hoje podia ser uma engenheira rica, pelos salários que lá se vão praticando, mas não, escolhi ter personalidade, ser teimosa, não admitir faltas de respeito e hoje estou nisto:

Patroa de uma microempresa, a dar aulas em parte time num politécnico e numa escola superior.

 

No politécnico, descobri a frustação dos cursos EFA. Eu já não ia à bola com as novas oportunidades, agora sai-me isto na rifa e constato, ao vivo e a cores, que as minhas teorias estavam correctas. Apenas me serve de consolo, nada mais.

 

Na Escola Superior, estou a gostar, mas têm sido horas e horas de preparação para que não falhe em nada, para me voltarem a contratar no próximo semestre. Noto, no entanto, que estão a abusar e eu a ver...

 

Na empresa, o trabalho continua atafulhado e os nós parecem não desatar. As aulas têm contribuido para isso.

 

 

Hoje, pago bem caras as opções que fiz na vida , de não me deixar vender nem comprar.

 

por isso, tornei-me escrava o trabalho, e as correntes estão curtas, os grilhões apertados e a bola de chumbo que arrasto ainda é mais pesada do que eu.

 

 

 

Só um orgulho desmedido, e uma vergonha de ter falhado os meus objectivos me impede de desistir. Ainda não estou preparada para esta palavra, mas cada dia que passa me parece a opção mais óbvia. E depois, o que é que eu vou fazer? Pedir para a porta da igreja?

Desfazer-me de tudo e voltar para casa dos pais?

 

 

Mudar de vida?

 

Eu sei lá...

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:44

08
Out 10

e porquê?

 

porque estou na minha 34 hora seguida acordada e a trabalhar, e já hoje fiz cerca de 600km, ou seja , mais de 7 horas de cú tremido para ir e vir a uma reunião no fim do Alentejo.

 

Porque ontem era a antevisão disto, e eu não me estava a achar em condições de aguentar.

 

Antes de dormir, talvez mais 6 ou 7 horas acordada. Em versão farrapo humano.

 

Um pouco de sol ia fazer-me bem. Mas hoje, só mesmo chuva...

 

Quem te mandou a ti querer ser patroa, M M? Toma lá que é para deixares de ser burra.

publicado por na primeira pessoa do singular às 17:01

07
Out 10

Sai de casa às 8:30 e demorei 50 minutos a fazer um percurso que não devia ter demorado mais de 15 a 20minutos, debaixo de chuva.

 

Deia aulas toda a manhã até às 13h, com cerca de 15 minutos de intervalo. Almocei a correr nobar da escola. Saí para a outra escola , parei para comprar chapéu de chuva. recomecai as aulas às 14:30 até às 17:30. parei 10 minutos, em que fiquei a esclarecer dúvidas. Passei para a sala seguinte, continuei a esclarecer dúvidas. Terminei às 22, com 20 miutos de pausa para comer qualquer coisa e esclarecer mais dúvidas.

 

Cheguei a casa à 22:30. Cansada, dorida, com os tornozelos inchados, mas sem sono, espevitada pelas aulas. Com fome. Comi um resto que a minha mãe mandou pelo R, pús pão a fazer, despachei-me e deitei-me com as garotas um bocadito, compreendendo o mau humor de dele.

 

Hoje não queria acordar. Ainda que o devesse ter feito mais cedo. Ainda que não tenha de ir para Lisboa, conforme previsto inicialmente.

Porque tenho o trabalho tão atrasado que nem sei por onde me virar.

Porque estando atrasado não sei por onde lhe pegar.

 

E ainda assim, perdi alguns minutos a desabafar aqui...

 

Roi-me a frase da professora da minha filha, quando, em dia de excursão, em que só foram para a escola às 13 e chegaram perto das 19h, se queixava do excesso de horas que tinham feito...

 

Vão de f.......

 

 

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01
Out 10

Sim, sou eu.

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29
Set 10

Diz o conceituado senhor que os direitos adquiridos são incompatíveis com a crise...

 

Devo andar perdida...ou então sou uma cidadã ilegal no meu país, que não tem direito ao que a constituição me "dá"

 

Eu tenho direito à habitação porque a pago, pontualmente ao dia 30 de cada mês. Melhor, não pago, o banco vai lá e retira-me o dinheiro, quer esteja a fazer falta ou não.

 

Eu tenho direito à saúde, e sim até tenho médica de família. Mas quando estou doente fora de horas , o centro de saúde não está aberto. Quando fiquei paralisada fui ao hospital e sem qualquer exame sequer, mandaram-me para casa ao fim de umas horas, porque não havia nada a fazer. O que é certo é que 36horas mais tarde saí a andar de uma clínica privada, após cirurgia. Quando preciso de ir ao oftalmologista, dentista, ginecologista, pediatra, otorrino, endocrinologista, pago. Quando tenho de dar as vacinas da meningite ou da varicela, ou todas as coisas que o pediatra recomenda, pago. E ainda pago seguro de saúde.

 

Eu tenho as minhas filhas a estudar em escola pública, e pago os livros, as refeições ( este ano piores que nunca!) , e CAF. Pago ainda uma contribuição mensal voluntária para que os professores tenham dinheiro para comprar material para as actividades que desenvolvem ao longo do ano. Pago a lista de material que pedem no início do ano. Os pais da escola pagaram os arranjos exteriores. Os pais pintaram a escola. Os pais vão comprar um projector. Os pais vão comprar uma impressora. Os pais compram rifas para angariar dinheiro. Algum desse dinheiro serve para pagar progutos de higiene e limpeza, porque o dinheiro devido por lei não chega, é pouco, e pior que isso, não está a ser entregue à escola. Onde é que fica a parte do gratuito? Pago ainda actividades extra curriculares credíveis, uma vez que as AECs são apenas uma maneira de tapar chouriços. É verdade, paguei ainda os tinteiros da impressora da escola, senão este ano não havia impressões para ninguém.

De bom grado pagaria um bom colégio particular, se houvesse por aqui algum de qualidade comprovada, e se o ordenado chegasse para isso.

 

 

Também diz na constituição dos direitos ao lazer e à família, mas mais uma vez fiquei de fora, porque como dizia o sr da assistência da internet do escritório, que ontem reclamei estar lenta: " mas oh minha senhora, está ligada 11, 12 13h por dia" , e eu abri os olhos e tomei consciencia que é o número de hoas que passo no escritório, normalmente. E o meu marido idem, na fábrica. E as filhas em casa da avó...

Isto e acumular 3 empregos: a minha micro empresa , e aulas em duas escolas superiores. E para quê? ontem veio cá o contabilista e felicitou-me pelos 892€ de lucro que tive o ano passado e du qual pagei cerca de 41€ de imposto.

 

Também me parece que vem lá qualquer coisa sobre a justiça, mas eu tenho um processo há mais de 4 anos contra um parvalhão que me deve mais de 6 meses de salários, paguei taxas de justiça, e nunca mais vou ver esse dinheiro nem essas taxas.

 

O que me parece que não vem na constituição são as mordomias a políticos e gestores públicos, as diferenças de direitos entre funcionários públicos e particulares, distribuição de carros, viagens, ajudas de representação, refeições de luxo, prémios de incompetência, fundações, institutos, comissões, delegações, celebrações da república, exposições, futebois...

 

Mas se os direitos constituicionais são incompatíveis com a crise, pois a mim parece-me que os direitos adquiridos não constitucionais estão perfeitamente cabimentados...

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 10:24

28
Set 10

para fazer metade do que eu preciso.

 

Estou a fazer uma pequena pausa no , e já estou a dever horas à família. Como se isso fosse inédito...

 

Tenho uma aula de 4 horas toda para preparar e fazer manual de curso para 5ª feira, e ainda agora comecei.

Tenho sete horas de aulas para preparar para amanhã, e ainda só fiz um bocado no domingo.

Tenho uma reunião amanhã de manhã, e aulas toda a tarde até às 10 da noite.

Tenho algumas dezenas de facturas para conferir até 2ª feira.

Tenho as aulas manual da semana que vem para fazer.

Tenho um trabalho novo para entregar na próxima semana.

Tenho autos de medição para fazer para as obras e subempreiteiros.

Tenho um relatório de acta e pedidos de orçamento para fazer.

Estou à espera de um cliente com mais trabalho.

 

Tenho a D.São amanhã, logo devia arrumar a casa, mudar as roupas das camas, preparar a roupa para passar.

Tenho as roupas das miúdas num caos

Tenho de ir aos correios, tenho de ir tratar de seguros.

Tenho de estender roupa e pôr mais a lavar

Tenho de deixar a máquina do pão a trabalhar esta noite.

Tenho o sótão e a garagem há 8 anos à espera de limpeza.

tenho a casa à espera de pintura e limpeza geral

Tenho os escritórios em estado de sítio

Tenho de ir tratar da papelada do mestrado

Tenho de arranjar roupa para o batizado da sobrinha mais nova,

Tenho de ir comprar prendas para os aniversários da mãe e 3 sobrinhos

Tenho de ir comprar roupa e sapatos para as garotas

 

Tenho de tratar de mim

Tenho de fazer a ecografia que devia estar feita há um mês

Tenho de encontrar a receita da vacina da I

Tenho de ir pintar o cabelo

Tenho de tirar um tempo só para mim e para o R

 

Tenho de pensar que dentro de uns dias farmos 10 anos de casados e vamos passar esse dia a trabalhar, esquecidos de nós, com tantas urgências, menos para o mais importante: as nossas filhas e nós.

 

 

 

 Não há horas esta semana, nem nas próximas, nem sei quando haverá.

 

 Estou exausta, vencida pelo cansaço ( QUASE).

 

Sinceramente, não sei quanto mais tempo vou aguentar. Já ando a choramingar sozinha, no carro, por tudo e por nada...acho que já vi este filme..

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 19:16

23
Set 10

Não bastava no país, como ainda por cima na minha vida.

 

Comecemos pela nossa casa: as limpezas da 4ª de manhã da D. São fazem maravilhas, mas a verdade é que a roupa se amontoa, as coisas amontoam-se, existem divisões intocadas durante semanas, livros, papéis, roupa tralha que estão estáticos há semanas em sítios onde não deviam estar. Num pequeno T3 onde moram 4 pessoas e alguns amigos de vez em quando não sei se é suposto isto acontecer. preciso urgentemente de fazer uma limpeza geral, porque a última já foi há dois anos...

 

As roupas são lavadas regularmente, e à quarta feira levo-as à Alzira, que passa e dobra, para levarmos de volta à noite.

Chegada a casa, e não é só desleixo, vai ficando no cesto até à próxima quarta, vai ficando em cima de cadeiras, na cama de bebé sem ocupante, porque as gavetas estão cheias de roupa que já não serve ou precisa de ser escolhida. Bem, a de Inverno já está toda arrumadinha, resta-me a desordem que sobrou de um Verão em que as garotas cresceram desalmadamente.

As meias e cuecas ocupam desorganizadamente e sem grandes hipóteses de se encontar um par em menos de meia hora uma grande divisão do nosso roupeiro do IKEA, e vão entrando e saindo desse espaço desde quando o comprámos.e já antes estavam numa caixa. Cuecas de 4 rabos, meias de oito pés, todos os dias...E não bastando a confusão, a falta de pares é uma coisa que me transcende!

 

No trabalho, as obras mais simples dos últimos tempos têm sido uma dor de cabeça. Não tenho grandes prespectivas de outros trabalhos grandes, mas neste momento, com as aulas do ISLA e da ESTG e o Alentejo quinzenal, o meu horário está a abarrotar, e voltaram as madrugada e as noitadas, que me estão a deixar miseravelmente de rastos. Não bastando isso, o R está para o mesmo e somam-se as 16, 17 e 18h de trabalho diário, várias vezes por semana. E um humor de cão que eu tenho de aturar e respeitar, porque se eu ando estourada, ele não me fica atrás.Os ordenado dele mantém-se, mas na madrugada de ontem o patrão dele informou que ia pagar as horas extras de Agosto e Setembro, em vez de irem para o banco de horas. Esse banco deve ser o BPN das horas, uma vez que ele já tem horas mais que suficientes para não trabalhar até ao fim do ano. Quanto a mim, bem, sou uma patroa muito má, e continuo a dever-me meses e meses de salários e despesas, porque os clientes não pagam, o ISLA há-de pagar no fim do curso em Novembro, e na ESTG não sei nada, porque ainda não tenho contrato. E hoje , por exemplo, já vou dar 6 horas extra de aulas, até à meia noite, para substituir um colega...

 

Isto remete para o horário inacreditável da nossa familia, e explica porque a casa está num caos, a roupa se acumula, as miudas andam cansadas e birrentas, e eu o R deitamonos na cama e é mesmo para tentar dormir. Só. Não há energia nem desejo de mais. Quer dizer, desejo até há, mas se no minuto anterior discutimos por uma coisa da treta, não há ambiente,  ou se um tem de esperar dois minutos pelo outro, quando o último chega à cama já o outro está a dormir.

 

Entretanto, acho que nem é preciso referir que a semana de férias que não tirámos em Setembro deixou de ter qualquer previsão de ser gozada, e por este andar nem a do Natal. Arriscamos a melhorar a marca dos últimos anos 18, 14, 12 e este ano, quem sabe os fabulosos 11 dias , com trabalho pelo meio do querido mês de Julho...

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:17

21
Set 10

Foi à primeira vista: olhei para o engravatadinho que vai dividir comigo as aulas teorico práticas e vi logo o que ali vinha...

 

As enrabadelas começaram logo ali, falta de tempo, distância, datas, não sei o quê..Fui simpática. usando a mesma técnica que aplico com os fiscais, fiz a papinha toda.

 

Ontem, outros colegas de outra cadeira deixaram-me a tarefa de apresentar a UC aos alunos da noite, à frente de todos os professores do primeiro ano, coordenadora de curso e coordenador de departamento. Nenhum pôs lá os pezinhos.Não bastava ser a minha primeira vez a dar aulas numa escola superior, como sobrou logo isto...safei-me, digo eu!

 

Preparava-me para as minhas aulas de amanhã, e afinal telefona-me o meu "chefinho" simpático, prestável mas inexperiente em obras, a avisar que o engravatado não podia vir, e se eu dava as aulas dele na 5ª feira. Sim,! o que é que eu podia ter dito?

 

Primeira semana de aulas. Sim senhores...

 

O que eu não faço para conquistar o meu lugar ao sol naquele morro....

publicado por na primeira pessoa do singular às 18:24
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17
Set 10

O meu mais que tudo anda a querer superar-me!

De há meses para cá, anda sobrecarregado de trabalho, então nas últimas duas semanas, e as que vêm também, nem se fala!

O que lhe dá um belo humor...oh, meu amor, como te compreeendo!

 

Hoje afligiu-me as miúdas nem perguntarem por ele, que já estava em Guimarães quando estavamos ainda para sair de casa. Ontem só o viram uns minutos, ao pequeno almoço. Hoje ouviram-lhe a voz no telemóvel. E se não conseguir acabar o trabalho que levou para fazer, ainda terá que ficar lá para amanhã.

 

A nossa família deve ser uma caso de estudo...ou então vem aí alguém dizer que quase não prestamos os serviços mínimos.

 

Eu, vou tentando abrir os olhos e tenho feito o possível para sair mais cedo, e vejam lá, cozinhei ao jantar quase todos os dias desta semana. Sai para além das 21:30h, mas ao menos estamos em casa! Todos os dias tem comido o jantar aquecido no microondas, em horário variável entre as 23h e as 2 h da manhã.

 

E no entanto, está a fazer-lhe tão bem, estar como chefe de equipa, com lider, como apaga fogos. E ainda não lhe telefonam tantas vezes ao dia como a mim...

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 09:50

14
Set 10

Eu explico:

 

No final de 2007 despedi-me de um emprego certo, mas de regime esclavagista e comecei a preparar a minha empresa. Tanto que, no primeiro dia útil de 2008 lá estava eu a fazer o primeiro registo do ano no distrito de Leiria, e a depositar o belo capital social...

Capital este que se foi esgotando lentamente, enquanto os primeiros clientes surgiam a conta gotas, e os pagamentos tinha de passar pelo buraco de uma agulha antes de me chegarem à conta.

 

Durante algum tempo as coisas estiveram mais ou menos compostas, tentei comprar um carro para o trabalho, pedi dinheiro ao banco para um micro automóvel, e os srs disseram que não. Fui começando a pagar um pequeno ordenado a prestações a mim mesma, e ia-me pagando quilómetros e mais quilómetros , a preço de custo, pelas deslocações que fazia em trabalho com o meu carro particular. Nada dedutível.

Ao mesmo tempo fui pagando sempre todos os Impostos e Taxas que o contabilista me manda, diligentemente, por email, com uma data de final de prazo sempre bem destacada. E seguros altíssimos, consumíveis de escritório, água, luz, telefone, publicidade, contabilista, etc....

E trabalhando mais horas que o suportável por não ter capacidade de ter empregados.

 

Quando cheguei ao fim de 2008, os atrasos de pagamentos de clientes eram mais que muitos e comecei a entrar com dinheiro da família. Curiosamente, a empresa onde o marido trabalha começou a atrasar pagamentos. Sai a bela conta do IVA ( e eu não percebo porque é que tenho de cobrar e pagar, porque quase não tenho nada para deduzir, porque o trabalho é essencialmente intelectual, ou seja mão de obra, mas está bem) e fico enrascadíssima. Pago das poupanças e começo a reduzir o reduzido ordenado, até deixar de o receber durante quase 6 meses...

Digamos que lá por casa as coisas ficaram negras. Felizmente o R começou de novo a receber com regularidade!

 

As deslocações, e isto quer dizer todo o combustível e manutenção do meu clio velho deixaram de ser pagas. Os clientes começaram a abusar e os prazos de pagamento já dilatados continuaram a aumentar.

Deixei de ter isenção de impostos e tive que aceitar mais trabalho, a preço estupidamente baixo para conseguir sobreviver.

 Com o aumento de trabalho, sem que aumentassem as horas do dia, tive de começar a recorrer a colegas, que a recibo verde, trabalham pontualmente para mim. Mais contas para pagar , e a tempo e horas, pois ainda deve estar alguém para nascer que diga que eu não pago a tempo e horas a quem devo.

Ao fim do ano viu-se o aumento de facturação e o consequente aumento de impostos e despesas.E dos seguros, e dos combustívisl e tudo em geral, menos do meu ordenado .

 

Resumindo e concluindo, ao longo do mês vou pagando tudo o que devo. Chego ao fim do mês e vejo: sobrou alguma coisa? Quais são os próximos pagamentos a fazer? Quais as prespectivas de ir receber do Cliente A, B ou C? Tudo bem pesado e descubro que me sobram meia dúzia de euros. Boa, vou receber ordenado! e transfiro uma quantia irrisória para a minha conta, e vou ao livrinho do deve e do haver, onde vou coleccionando o que me devo e me vou pagando e abato qualquer coisa no que me devo. E posso dizer que me devo todas as despeçsas de combustível e deslocação de Outubro do ano passado até agora, e quanto a ordenados, bem, hoje vou tentar receber uma pequena quantia do de março, porque ontem um cliente pagou qualquer coisinha!

 

Continuo a precisar de carro, mas os srs do banco dizem que só ponderam emprestar-me 10 ou 12 mil euros se eu puder passar tudo o que devo a mim própria para capital social da empresa, porque os rácios ficam melhores! Os rácios ficam melhores e eu fico sem o dinheiro na mesma. cambada de hipócritas! mas cobra 11 euros por gestão mensal da conta que eu controlo e giro, isso já podem eles fazer...

 

E eu vou procurando novos clientes, novas oportunidades de trabalho, trabalhando mais horas, dando cabo de mim, negligênciando a família e a minha saúde, desistindo de sonhos, esquecendo necessidades e desejos,recebendo menos, mas sempre a tentar ver um dia melhor em cada dia que nasce.

 

E é assim que vou financiando a minha empresa com o meu salário. Mas não é só a mim. Pensando bem, até sou melhor que os bancos, porque vou financiando clientes com empresas bem maiores que as minhas, também com o meu salário! Devo ser "bué de Rica" e ainda não dei por nada!

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 09:50

13
Set 10

Mas de marcha atrás!

 

Tudo bem,dormi só duas horas, levantei-me cedo, fiz o que tinha a fazer, a aula correu bem. Agora, 15 horas mais tarde, parece que levei uma sova, só me apetece ir dormir, mas quer-me parecer que ainda tenho de esperar mais umas 6 ou 7 horas.

Suponho que seja normal que com tanta hora em cima, o meu resto do dia não dê para fazer quase nada de jeito. E se eu tenho coisas para fazer.....

 

Sinto-me mole e peganhenta, como se nem tivesse tomado um banhinho bom pela manhã. Se o anúncio do detergente diz que  roupa liberta aromas e fragâncias durante o dia, tenho de criar uma nota para não voltar a comprar, porque da minha camisola só sai cheiro a calor, transpiração e cansaço.

 

Estou de volta de uma pastilha de mentol bem picante, para não ter tentações de ir lá abaixo ao café comer um bolo e sumo de laranja natural. Um torrão de açucar amarelo, ou vários, isso é que me está a fazer falta.

Preocupa-me , porque dou comigo a atacar o frasco, que está deliberadamente colocado atrás de outras coisas, no ponto mais alto do armárioo, para não o ver nem assaltar! e de repente lá estou eu em cima de um banco, rezando para ninguém me encontrar.

 

Estou aqui a cair de sono, e o telefone vai tocando a perdir mais e mais...

publicado por na primeira pessoa do singular às 16:26

São 4:40 da manhã de uma segunda feira e eu já estou sentada ao computador há mais de duas horas. Mais tempo do que estive deitada.

A minha vizinha saiu há minutos de casa e prepara-se para fazer quase 100 km por estradas de qualidade variável até ao emprego, onde deverá chegar cerca das 6 da manhã. Situação do caraças, embora seja rotacional com ciclos de 3 semanas. Recibo verdinho há cerca de 11 anos. Para o Estado.

 

E eu estou aqui porquê?

 

Porque não consegui acabar o trabalho no sábado.

Porque a semana passada trabalhei horas a mais noutras coisas, e fizeram-me perder outras tantas horas a mais em esperas, viagens e cisas sem jeito nenhum.

Porque gastei horas a preparar coisas, compras, reuniões, para a escola que começa daqui a umas horas

Porque me mudaram aulas que seriam no final do mês para hoje de manhã

Porque o manual do curso não se faz sozinho

Porque ontem me recusei a acordar de madrugada para o fazer, desligando o despertador duas vezes e depois definitivamente

Porque o marido e as filhas não têm culpa, e eu não posso ocupara as horas que são deles com trabalho,

 

Assim, ocupo as minhas, mesmo que isso signifique roubar horas ao sono. Mesmo que isso signifique que logo vou estar um farrapo.

 

Significa ainda que não consegui dormir, porque acordei mais cedo do que o despertador, previsto para as 4:25.

Porque tenho a responsabilidade de acabar o trabalho. Porque estamos a ficar sem dinheiro na conta a um ritmo assustador, e eu sem receber dos clientes, alguns dos quais com mais de 90 dias de atraso nos pagamentos. Porque não sei muito bem o que fazer da minha vida, com contas para pagar, carros a darem o badagaio, se isto não leva rumo e me começam a pagara atempo e horas!

 

Trabalha burra!

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 04:47

10
Set 10

Qunado Deus fecha uma porta, abre sempre uma janela, sempre ouvi dizer...

 

Pois a mim tem aberto e fechado portas e janelas como se fosse uma corrente de ar, depressa e com força.

 

Isto se eu culpasse Deus do que me acontece ou não...

publicado por na primeira pessoa do singular às 21:35

09
Set 10

de me enfiar na FNAC ou na Bertrand, mas o dinheiro não abunda.

 

Apetecia-me comprar uns CDs, não sei bem quais, mas quando pusesse os olhos neles, iam saber que eram mesmo esses. Talvez Norah Jones e Katie Melua, ou uns best of de baladas rock ou 80s.

 

E depois livros. Uns livros técnicos de construção civil, que me andam a roer o espírito, e romances mimosos e fofinhos. E os livro do Jamie Oliver na América.

 

E porquê?

 

Porque estou atolada em trabalho.

 

Tenho facturas para conferir.

Tenho o manual de curso para fazer e as próximas aulas para preparar( está tudo a zero!)

Tenho contas de obras para entregar amanhã, e ainda nem comecei.

Tenho duas reuniões a começar em simultâneo nos próximos minutos, em sítios diferentes, para as quais fui convocada e ninguém perguntou se eu podia.

Tenho roupa para escolher, arrumar, o quarto das miúdas em estado de sítio, o escritório, os escritórios aliás! em estado de sítio. HJá perco tudo, não acho nada.

Deixei de me conseguir organizar.

 

Eu bem sabia, na segunda feira, que algo estaria para acontecer.

 

E isto tudo a acontecer ao mesmo tempo, sei bem que é psicológio e hormonal. Deve querer dizer que muito em breve vou saber que ainda não foi desta...

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 17:16

06
Set 10

Sexta feira, fiquei a trabalhar até tarde, como de costume.

Preparei a aula de hoje, respondi a uns emails e enviei um email potente a um cliente que me anda a perturbar todos os sistemas: o meu sistema nervoso, o sistema familiar e a empresa. Aguardo pelas consequências numa reunião dentro de alguns minutos. Com serenidade. Um email que já devia ter seguido há muito tempo. Uma decisão que só perca por tardia.

E hoje, vou ser superior, calma e tentarei ser educadamente arrogante. Se não conseguir tudo, dispenso o educadamente. Tudo o resto terei de ter.

 

O que eu sei é que, bem mais leve, arranquei  sexta feira à noite, com meia dúzia de tralhas, sem jantar, para mais um dos fins de semana relâmpago, que ocorrem duas ou três vezes por ano, e onde decidimos em cima da hora. Vamos? É já...Agarrámos nas miúdas e na tenda de campismo, e rumámos primeiro a Abrantes, depois para a Barragem de Montargil, para dois dias de filhas,exploração, geocaching, água morna, sol, sobrinhos e amigos.

É nestes fim de semana que somos imbatíveis

 

Soube bem, mas acabou-se. Hoje, a vida  continua, no mundo real.

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 15:16

02
Set 10

Esta semana tem sido um stress desgraçado, com final de obras,e materiais que não chegam subempreiteiros que não aparecem, etc.. etc... típico de fim de obras.

para melhorar as coisas, um parvalhão da Câmara de VFX, que me tira do sério e me faz ter vontade de ser muito má pessoa moeu-me o juízo com merdices que até eram mentira. O vento transformou-se em furacão e houve fiz quase 300km para ir e vir a uma reunião que nunca deveria ter acontecido.

Correu bem para o meu lado, mas isso não me chega. Quero vingança, por tantas coisas acumuladas nestes últimos anos. E como o meu cliente tem sido parvo, a vingança vai recair sobre ele. Pode contar com uma cartinha, por estes dias, a dizer que a engenheira deixou de ter disponibilidade ( leia-se vontade) de colaborrar com o seu cliente naquelas obras,Ainda por cima, fazer de borla e ouvir bacoradas de um mete nojo qualquer. Que o sr cliente me diga a quem passar as pastas e é já, ala que se faz tarde. De borla, ainda por cima!Quase 4 anos de atraso, aliás, já devia ter posto os patins àquela gente há muito tempo.

E sabendo que arrisco perder um grande cliente, continuo disposta a arriscar e abrir caminho em frente.

E é nesse sentido que irei 2ª feira a mais uma entrevisa para dar  formação num reconhecido politécnico da região.

Vamos ver no que dá...

publicado por na primeira pessoa do singular às 23:03
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30
Ago 10

e a semana já está a correr tão mal...

mais cedo que o costume arranquei para uma obra, fiquei descontente com o que vi, mas pronto, menos mal.

Passei para a outra, esperei, como de costume, danei-me com o que vi, f----ram-me o juízo com o que devia estr feito e não estava, e tive de levar nas orelhinhas e calr.

 

Porquê? Porque me lixaram e eu a ver. Porque falharam com prazos, com combinações, e sobrou tudo para mim. Porque  não aprendo que ser boa pessoa nas obras, é meio caminho andado para uma enrabadela de todo o tamanho. E porque andando nisto à quase 12 anos, ainda acredito no Pai Natal . " Oh qui carago!"

 

Como tal, e como digo " para vaca, vaca e meia" ( leia-se puta) fiz uns telefonemas radicais, e uns emails radicais, pelo que terei distribuido o meu stress por muito boa gente, que se me visse neste momento, me dava um tiro. Temos pena. Isto tem de acabar de sobrar sempre para a mesma.

 

Eu estou por tudo! Quarenta e muitos graus e um carro sem ar condicionado também não ajudaram ao meu bem estar físico e psicolágico, mas eu estou tão cansada, mas tão cansada desta vida, que eu nem sei.

 

Tenho de dar ouvidos, ao Muda de vida, se há vida em ti a latejar. A menos que a minha vida já não lateje.

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 22:15
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