Sobre mim e outras coisas, irreais, ou nem por isso...

24
Mai 12

não sou como ele, e morro de medo de morrer.

 

De dia para dia, à medida que fico mais consciente do que sou, como estou, tenho mais medo dos dias que vêm?

 

Em cima da minha cabeça, paira um sinal luminoso fluorescente, visível a quilómetros de distância: OBESA, a maneira simpática de se referirem à GORDA.

 

Não interessa se a minha  tensão é baixa, se a glicémia é baixa, se o colestrol e os triglicrideos também não estão assim tão altos.

 

Sou gorda, e  no letreiro vai rodando, como no letreiro do cinema: AVC, ATAQUE CARDÍACO, DIABETES, EDEMAS, VARIZES, INSUFICIÊNCIA CARDIACA, RESPIRATÓRIA E RENAL, CIRROSE NÃO ALCOÓLICA, OBESIDADE MÓRBIDA...

 

E por este sinal estar acoplado a mim, não preciso que me lembrem a todos os minutos

 

Até porque todos os dias me vejo ao espelho, e nota-se a papada no pescoço, o abdomem dilatado, o pneu, limitado pela cicatriz das cesarianas, as coxas grossas, os tornozelos inchados, e braços enormes.

 

Até por sinto o cansaço, a respiração ofegante, as dores nos pés, o aperto no peito. Porque dou comigo a ressonar, e acordo com as mãos dormentes, dores nas costas, e ainda mais cansada do que antes de ter acordado.

 

Até porque fica difícil estar dobrada, acocorada, ajoelhada. Até porque sexo muito bom podia ser óptimo, sem uma barriga grande, sem uma pernas gordas. para mim, e, decerto, para ele.

 

Até porque tenho SOP, o do ovários poliquísticos, que, como pescadinha de rabo na boca, me baralha o sistema, e me leva a engordar, a sentir fome , por ser insulinoresistente, a que as minhas hormonas estejam malucas, e o perído variae de ausência prolongada a enxurradas monumentais, que não ovule como deve de ser, que às vezes tenha quistos do tamanho de laranjas, e que tr~es anos para engravidadr seja um tempo curto, porque isto não vai lá sem tratamentos, injecções, comprimidos, dores e ansiedades...

 

Até porque comprar roupa é um martírio, comprar sapatos são dois. Mas não sofrerei por causa do top ou do biquini, nem da sandalinha de salto alto...pois sei que não vou comprar. Não me serve. Não vou usar. Tenho vergonha do corpo, e tenho orgulho.

 

 

E gosto de comer, sim senhora, e sei cozinhar, e cozinho coisas boas.

Mas cozinho com pouca gordura, não faço nem como bolos todos os dias,  não bebo nem compro refrigerantes com frequência. Como pão de mistura. ADoro, mas não vou frequentemente a restaurantes de fast-food. Não gosto de alface, mas como. Não gosto de leite branco, nem de couves verdes escuras. Nem de caras de bacalhau, nem de peixe cozido. por isso bebo leito com chocolate, couves lombardas, grelos e bróculos, e peixe grelhado.

 

Já fiz dietas medicamente assistidas para todos os gostos, massagens, injecções., ginástica. Tudo funciona no in´cio, depois de umas semanas o efeito cessa, e ao fim de uns meses eu desisto. É assim desde 1999, quando eu pesava menos 50 quilos.

 

Todos os dias olho para mim e digo-me, ordeno-me que acredite que eu sou mais do que este corpo. E cumpro a minha ordem. Mexo-me, sou activa, falo, motivo, escrevo. Mexo-me menos do que devia do pescoço para baixo.

 

Mas a cada dor, a cada nova doença, a qualquer picadela que eu suspeite ser parecida com um qualquer sintoma de tudo o que passa no rodapé do placard, vou-me abaixo, porque tenho duas filhas e um marido. Eles precisam de mim, e eu quero vê-las crescer, e envelhecer ao lado dele.

 

Sim tenho muito medo de morrer, todos os dias, e hoje foi mais um deles, após cansaço inexplicável, tonturas, aliadas aos belos efeitos da metformina. Dor de cabeça, tensão baixa, açucar baixo, foi o que se veio a concluir. Hoje. Amnahã, não sei

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 21:17

10
Out 11

Um dia, deixei de cuidar de mim.

 

Porque nas obras não devia andar arranjada

 

porque usar perfume incomoda a bebé

porque usar relógio ou pulseiras magoa a bebé

porque os aneis deixaram de me servir

porque as bijuterias me fazem alergia

porque a minha pele está demasiado sensível/descamada/irritada para usar maquilhagem

porque nas obras, à chuva, cabelo arranjado e maquilhagem não funcionam.

e com calor e pó também não

 

porque não tinha tempo para me enfiar na esteticista e na cabeleireira

porque não tenho dinheiro

 

porque pouco ou nada me serve

 

 

ontem, pouco depois de uma discussão, iamos no carro, quase de costas viradas...

 

 

cheiras a morangos, exclamou. Morangos, agora?ou é frutas silvestres?

 

foste tu que me deste este perfume, respondi.

 

 

 

 

Há noite, arranjei as unhas, um verniz colorido nos pés, uma corzinha discreta nas mãos-

Hoje, tive mais cuidado ao pentear, coloquei uma ligeira pintura nos olhos, e um colar que fica bem com as sandálias vermelhas

 

 

DEVO, TENHO QUE, lentamente, voltar a ser quem era

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 09:52

21
Ago 11

Eu sou forte. Tenho um tamanho aumentado, por inércia, dores, e pratos de comida bem atestados.

Dantes, eu era magra. Em algumas alturas da vida, demasiado magra, até. Um dia comecei a trabalhar. Deixei de ter horas livres, descanso e boa vida. E passei a ter fome, devoradora, fome de tudo o que me soubesse bem. Nunca mais nenhuma dieta fez de mim o que era, antes pelo contrário. Hoje, e desde há vários meses, que não subo à balança. Já nem quero ver. E depois choro, quando penso a sério no que me estou a transformar todos os dias.

 

Eu sou forte. Decidida, de ideia fixas. Consigo dizer-me que tenho de acordar às 2, 4 6 da manhã para acabar um trabalho, cozinhar um banquete para a família. Quando isto se repete várias vezes numa semana, fica difícil, mas sei o que tenho de fazer, e faço-o. Dantes, seria capaz de o fazer por uma boa corrida, um passeio a pé ou de bicicleta. Há cerca de um mês, fi-lo, para ir pescar de madrugada com o R., e podermos disfrutar do prazer ao nascer do sol numa praia deserta e inacessível. E no entanto, ainda não o fiz para subir para a bicicleta que estáali, a 60cm da minha cama.

 

Eu sou forte. Mas estou a deixar de o ser.

às vezes penso que, se a vida fosse só minha ( e não o é, tenho os meus 3 amores!), seria capaz de tudo. Todos os dias me levantaria cedo e faria a ginástica, a caminhada, a dieta. Todos os dias iria trabalhar para uma empresa que me pagaria bem, e trabalharia tudo, daria o litro, e voltaria livre de outras preocupações para casa. E seria magra. Mentira! Porque não sei ser só eu, nem seria feliz sem eles, e quando estou só eu, a preguiça também não me larga.

às vezes penso que largaria tudo e passaria a uma vida frugal, algures no fim do mundo, a pôr ao serviço dos Homens os meus conhecimentos e as minhas mãos. E que emagreceria por via da frugalidade e de tudo o que simplesmente não existiria a mais nessa vida simples. E seria magra. Mentira! porque tdos os dias tenho a oportunidade de simplificar e de estar ao serviço, e muitas vezes não o faço.

 

Hoje estou assim. No remorso de um fim de semana de banquete de reis , para as pessoas que eu mais gosto na vida,que me atestou de calorias, gastos ( e no entanto, felicidade, ironia do destino!).

Com coisas para fazer, a pensar fazê-las, e sem mexer um dedinho, a não ser para teclar frustações num blog.

 

Eu sou Forte.

E quero que amanhã seja o primeiro dia de um novo eu. Ou no dia seguinte. Ou no outro. Ou outro qualquer.

publicado por na primeira pessoa do singular às 18:19

08
Jun 11

Tenho saudades de causar o efeito UAUH...

Não a qualquer um, a ele.

 

Parece que me esqueci, ou que se apagou, tudo o que eu sabia sobre esse assunto.

 

Vejo fotos da primas mais novas, ( fonix, que aviões!), das sobrinhas, e já das filhas, que tão minúsculas e já sabem tudo o que é preciso de coqueterie, e sinto-me um mono!

 

Daqui a dois dias, estaremos todas juntas, outra vez, e eu vou sentir saudades do que eu era há 12 ou 13 anos atrás, assim, como elas. Bonita, jeitosa, apetitosa mesmo - e eu sei bem que o era!, e, sentindo-me jovem ( ainda não me capacitei que tenho 36 anos), serei a prima velha e gorda. Definitivamente, aquela que cumpriu com todos os preceitos. A que namorou para casar, casou e teve filhos ( e disto não me arrependo, nem mudava um milímetro!), aquela que fez o seu curso no prazo certo, passarando pela universidade no sentido estrito do dever, com notas não excelentes, mas razoáveis, a que não foi à excursão de finalistas, a que nunca apanhou uma bebedeira, a que raramente saía à noite. A certinha . A que FOI bem sucedida no emprego, desde o 1º até ao 3000º dia de trabalho ( daí em diante, acho duvidável...).

A refilona, opiniosa, que não leva desaforos para casa. A corajosa, que enfrenta desafios. A lider, que chefia(va) equipas de muitos homens. A que teve ciragem de empreender...

 

Esse vestido fica-te bem, será talvez o mais simpático para o ego que ouvirei. Não um ficas bem dentro desse vestido. Cortezmente, talvez um "estás mais magra?", e rirei de mim própria, e sairá uma fabulosa piada de humor negro, que deixará o outro lado feliz de ver como eu sou tão feliz e me aceito tão bem assim...

Tens sempre umas sandálias tão giras.. será outra das hipóteses! As sandálias que me causam dores atrozes, mas que, prateadas, douradas, vermelhas, pretas,  de que cor sejam, vistosas, são a maneira de desviar os olhares dos 4/5 superiores do meu corpo.

 

Daqui se vê o emu evitar de espelhos, de fotografias. Se eu só tiver de olhar para mim, de manhã, antes de sair de casa, é como se todo o resto do dia andasse invisível. Eu não me vejo, portanto, ninguém me vê...penso eu...

 

Daqui a dois dias, lá estaremos todas, as conversas serão postas em dia, em mesas separadas, as mais velhas com as mais velhas, as mais novas com as mais novas, eu a mais velha, e sucessivamente 36.35.35.33.31.30.30.27.23.22.21.20.19.18.18..16.12.  17 primos/as, 8 esposos(as)/ namorados(as),  5 filhotas+2 filhotes.

 

As minhas pernas, a minha barriga, a papada do queixo, as peles dos braços. O cabelo indisciplinado. Os óculos.

 

Hoje, não me sai da cabeça. Amanhã, tenho mais em que pensar. Quando for completar a depilação, talvez daqui a 24h, voltará tudo de novo.

 

Ninguém, no entanto, o verá. Talvez ele, talvez se de conta, e me abrace e me mime. Se não o fizer, abraço-me eu a ele.

publicado por na primeira pessoa do singular às 22:32

17
Dez 10

Ontem estava KO e fui fazer o que se fiz que dá felicidade às mulheres: Compras. Assim como assim, o trabalho não estava a render, e já que tinha que ir à ESTG, aproveitei

 

Aterrei no Leiriashopping e corri aquelas lojas todas. Fuck! Tanta coisa e nada me serve! Isto, tendo em conta que estou farta de um guarda roupa Canda da C&A. Estava decidida a escolher algo, mesmo que fosse um pouco mais caro, e como tal, atrevi-me a entrar em lojas a que nunca tinha ido, daquelas em que me caiem os olhos só de ver os preços nas montras.

 

As modas deste ano agradam-me, mas parece que todas as gordas do mundo chegaram às lojas primeiro do que eu e não sobrou nada mais do que XS, S e M. Ou então, e a triste realidade deve ser mesmo essa, as gordas não têm direito a ter roupa. E tem tudo que ser roxo , e castanho?

 

Em temos de lingerie, lá terei que ter mais um básico da Triumph, e pagar o belo por um confortável soutien  branco/preto/creme em vez de um bonito conjunto . Lá vão os tempos em que tinha uma coecção invejável!

 

E depois sapatos! O meu pé tem tamanho 38. Se forem chinelas até serve um 37- Mas o peito do pé é largo, bem como a perna. Botas com cano, já desisti. Botas pequenas, eu sei que deve existir alguma coisa que me sirva. Sem 10cm de salto! Ainda outro dia comprei uns, só que até ficava com caimbras. Desisti delas nos primeiros 15 minutos de uso. Anda a minha irmã mais nova montada naquilo. Para tudo o que é fechado, tenho de comprar o 40! Restam-me as sapatilhas, sapatos tipo mocassin e botas de obra. No Verão ainda se arranja qualquer coisa, agora para Inverno, estou, como sempre lixada.

 

Entrei também em perfumarias, lojas de maquilhagem, mas não me atrevi a gastar um tostão. Saudades de outros tempos.

 

Ainda me passou uma coisa má pela cabeça, e tentei imaginar como seria a minha vida, solteira, sem filhas... e agora só tenho que viver com o arrependimento de sequer ter posto essa hipótese.

 

Passei ainda pela decoração, e concluí que a minha casa é tão básica...e no entanto onde é que eu ia pôr mais coisas?

 

Resultado: sai das compras de mãos vazias e com um péssimo, muito mau, mesmo, Humor.

 

Só não entrei na FNAC e na Bertrand: aí tudo me serve, e sou feliz nessas lojas! Livros de todas as medidas!

 

Conclusão: passei no continente e comprei materiais para as prendas de natal que tenho de fazer. Não, não comprei açucar!

Para mim, nada, pelo que tenho de continuar a ouvir a reclamação do marido quanto às minhas camisolas velhas. A solução é perder o amor à carteira e entrar na Daline, e esperar que tenham promoções. Mas não me apetece nada ir para o centro de Leiria! e depois terei de continuar a ouvir o marido por causa da conta que vai aparecer no extrato do banco! Porra, eu não quero nada de luxo! Só roupa simples para o dia a dia, que me sirva, sem ter de parecer que , em vez de engenheira, sou o servente da obra. Eu adoro roupa prática, calças de ganga, sweat shirts, sapatinhas, mas ontem dei comigo a evitar todos os espelhos das lojas. Só de olhar, não mete medo, mete dó!

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:16

20
Ago 10

Ainda esta semana fiz análise e em todos os valores diz que eu estava em fase Folicular. Assim sendo, porque é que ,em simultâneo, se verificou o fim da fase luteinizante?

 

Eu sou mesmo uma maravilha da natureza. Um fenómeno melhor que o do Entroncamento.

 

Por favor Dra. A, receite-me os comprimidos e as injecções para eu voltar a engravidar, que depois pode aproveitar a cesariana e tirar tudo, incluindo banha.

 

Enquanto não engravidar não consigo fazer um tratamento radical para emagrecer em tempo útil. Enquanto não fizer esse tratamento, não emagreço. Enquanto não emagrecer as hormonas não vão ao sítio. Enquanto as hormonas não forem ao sítio eu não engravido. Em quanto não engravido vou engordando.

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 16:06

18
Ago 10

A aplicabilidade das Leis de Murphy ( e outros). ( desde já obrigada, a quem compilou o meu fado..)

 

Os dias têm corrido a um ritmo alucinante e ressinto-me disso amargamente. Não bastassem os erros que acabo por cometer, há dias em que tudo conjura contra mim, e há semanas e meses em que esses dias ocorrem com demasiada frequência.

 

1- Tenho a despensa quase vazia.

2- A minúscula faz anos amanhã.

3- Tenho algum trabalho atrasado.

 

 Domingo não deu para ir às compras, e eu pensei, "amanhã à noite, quando chegar de Lisboa"

Segunda feira Fui fazer análises que me confirmaram o que eu já sabia e não queria saber (paguei os olhos da cara por serem sem receita!), e, estando atrasada, ainda tive de esperar sossegadinha 20 minutos. Tão sossegadinha que pensaram que eu tinha saído e passaram pessoas há minha frente, pelo que me atrasei ainda mais.

Fui ao escritório buscar papelada e segui para as obras. Chegada lá, esperei, esperei, esperei, e por fim a fiscalização chegou. Já eram 14h, quando estavamos para ir almoçar, e chega a protecção civil para uma vistoria da obra ao lado, do mesmo encarregado e fiscal. Ficaram eles, fui almoçar, paguei um balúrdio e voltei. Ainda lá estavam, e voltei a esperar. Perto das 16h terminaram, e pudemos seguir para outra obra. Eu segui, eles pararam para almoçar, e eu esperei, esperei, esperei, Saí de lá perto das 20h, cheguei a casa depois das 21, cansada, estourada e ainda fui fazer o jantar, e já não fui às compras.E eu pensei, "amanhã à noite, quando sair do escritório"

 

Terça feira, fui cedo para o escritório e perdi que tempos a preparar papelada para uma reunião à tarde, de assuntos que me andam a remoer e a perturbar há alguns tempos. Fui almoçar a correr, voltei ao escritório, arranquei para a reunião, e o homem estava em Lisboa sem se lembrar de mim, e eu em Alcobaça, à espera... Nesse entretanto, um parvalhão qualquer decide que o seu carro cabe entre o meu e outro, e estaciona, batendo, batendo, batendo e voltando a bater, à frente e atrás, no meu e noutro carro. E vai-se embora, deixando o carro literalmente montado em cima do meu. Dizia a recepcionista: oh engenheira, aquele carro vermelho não é seu? Era sim senhora...

Para sair ,fez o mesmo e eu feita "c...." a olhar e ainda fui puxar o meu carro para trás! 

Voltei para o escritório e o trabalho atrasado continuou até depois das 20h, o altura em que o meu cunhado telefonou a perguntar se jantávamos em casa da minha mãe, estavam lá todos e ele ia buscar frango. Pronto, está bem.O R ainda está mais atrasado.

Cheguei lá, e todas as irmãs à espera dos homens, a tomar conta das filhas. Chegam eles quase uma hora depois com o frango, tinham ido a outro lado e tiveram de ficar à espera. Jantámos a correr, mas mesmo assim já era tarde de mais. Entretanto a luz de STOP da carrinha avariou, e o  ainda teve de a mudar...

Chegámos a casa, foi despachar as garotas, dar uma arrumadela a meia dúzia de coisas, apanhar roupa, pôr roupa a lavar, um duche rápido e entretanto era quase 1 da manhã.

 

Hoje foi levantar cedo, despachar tudo, porque às 8 chegava a Dona São, deixar tudo arrumado camas feitas e sair. Deixei as miúdas em casa da avó, levei o carro do marido à inspecção, fui buscar o resto das análises, e não estavam prontas. Fui buscar um vestido à lavandaria e ainda não eram 10h já estav no escritório a responder a emails. Chovia.E eu com o cabelo para pintar. Lá fui. Porque qiando eu arranjo o cabelo, chove sempre para estragar tudo. Mas estava mesmo a precisar de pintar. 35 anos e o cabelo quase todo branco!

Voltei para o escritório e ainda fiz mais hora e meia de trabalho. Fui almoçar a correr, porque tinha médico de medicina do trabalho, e foi então que me lembrei que faltava o boletim das vacinas. Fuck! Fui deixar a roupa para passar na Alzira.Voltei a casa e segui para leiria, com o IC2 em obra, cortando-me o acesso ao consultório onde nunca tinha ido, e apenas tinha um vaga ideia de onde fosse. Atrasada, telefonei, e estava longe... ou seja, cheguei tarde, lembraram-me  de minha obesidade, a balança marcou mais que nunca e eu ia-me passando. A seguir, era suposto ir ao AKi, ao Imaginarium e ao Continente, mas a bicha era enorme, o telemóvel não parava, tinha um cliente às 18, e ficou tudo sem efeito. Segui para o escritório, e quando cheguei era o caos no router e na internet, tudo dava erro, e assim foi até depois das 19h. Imprimi os convites da I a preto e branco, porque sem a rede a funcionar a impressora a cores estava marada, e fui buscar as miúdas para ir distribuir convites. pelo meio ainda telefonei para saber onde morava este ou aquele, e com as horas contadas, fui buscar as meninas, distribui convites ( e quase tudo de férias!), fui buscar a roupa passada, e estando atrasada para um compromisso à 20h, telefonaram a desmarcar. Telefonei ao marido , para irmos à compras, e ele respondeu-me torto e apresssado, hoje não vai dar, tenho de entregar o trabalho, vai andando para casa! E eu fui, contrariada, mas fui. A luz da gasolina acendeu, e eu parei nas bombas para abastecer. Tudo em piloto automático, absorvida por tanto atraso junto e tanta coisa para fazer. ia para pagar e não dava com o cartão. Paguei com outro. Estava a entrar na estrada , aparece uma senhora a correr , porque tinha o tampão do depósito no tejadilho e o depósito aberto. parei o carro na berma, saí, fechei o depósito e voltei para o carro. E ele pegou? Não. Telefonei ao marido, agora não, telefona ao T, faz assim, faz assado,conclusão, "olha, põe o triangulo e vai com as menonas a pé para casa, já é perto" . De facto, assim parece, mas a verdade é que ainda deu quase 25 minutos estrada fora, com as garotas. O carro ficou lá. Logo se há-de ver...

Chegada a casa, a tarefa cozinhar para o jantar mostrou-se coplicada, com tão poucas opções. massa com salsichas e está a andar. Que se lixe.

 

Amanhã terei o trabalho atrasado na mesma, e seguirei para o escritório. E irei à compras à hora de almoço, porque às 18h terei de ter a festinha da I preparada, e o jantar a caminho para não sei quantas pessoas, porque agora é tudo muito fino, todos precisam de convite especial, mas depois ninguém sabe se vem ou não. Isto se tiver carro. Se não tiver, não sei bem como fazer 10 km de casa ao escritório, fazer compras, voltar, ou então tendo eu o carro, ir levar as miúdas, levar o marido, voltar, trabalhar, ir às compras, ir buscar o marido, preparar a festa, etc..etc...

 

De que me serve ser a minha "patroa", se a gestão do meu tempo, em vez de me facilitar, está cada vez pior?

 

Um dia deste, fico maluca, a sério que fico.

É que isto é apenas uma pequena amostra dos meus dias.

 

E agora que as miúdas já jantaram, tenho de as despachar, e R continua por chegar. Terei de fazer doces sozinha, apesar de estar estourada, porque amanhã não vai dar.

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 21:37

26
Mai 10

Se hoje chegar cedo a casa, vou retirar quase tudo dos armários e dar todas as roupas que não me servem, as camisolas que sobem para cima do pneu, separar roupas das miúdas, que já não servem a uma e já não servem a outra, e que ainda estão grandes para a minúscula, mas pequenas para a maiuscula, para ficarem para as sobrinah, para tudo, mas em especial dar um rumo áquela casa!

Já não sei onde arrumar, e dou comigo com gavetas cheias de coisas que não uso, e o pouco que uso sempre desarrumado.

 

De há uns dias para cá já nem me consigo ver ao espelho. Está tudo mal, tudo mal. Então a cara , parece ainda mais inchada que a barriga! Além de toda rebentada!

Hoje comprei um spray para por na boca, que diz que tira a fome. Não me parece, do que já experimentei. Mal empregado o dinheiro.

 

Se conseguir fazer o que me proponho, sobra outro problema: o que é que eu vou vestir amanhã? E a seguir?

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 18:02

13
Jan 10

Quando eu era magra, a vida era diferente.

Não sei se era por não ter outras responsabilidades a não ser estudar, mas até a força de vontade era maior.

 

Estou para aqui sentada a pensar na vida, em vez de me mexer. O equipamento da ginástica está no carro, mas hoje até tenho boa desculpa.Não fosse só o mau tempo e a chuva , que está mesmo um abuso, a verdade é que tenho o nariz completamente entupido e só consigo respirar pela boca...

 

Hoje fui ao médico de familia para ser encaminhada para um Hospital e ver se chego à consulta de Obesidade.

 

Antes de mais, digo só que sou gorda, mas felizmente sou toda proporcional, o que dá a ilusão ( mas acho que é só a mim) de ser maciça, e não tão gorda quanto isso.

Nunca fiz dieta de revistas ou das amigas, não tenho por costume usar medicamentos para tentar emagrecer.

 

Quando pesava 68 kgs, há 10 anos atrás, achava-me gordissíssima. Pudera, ganhara 10 kg sem saber de onde desde que começara a trabalhar!

 

Fui então a uma nutricionista, em Leiria. Depois de um mês de dieta rigorosa, eis que tinha perdido 0,5kg e uma pipa de massa.

 

Mas ia-me casar, e não podia ser! Foi então que a médica de família me aconselhou uma dieta, com vários menús, e com vontade e dedicação, segui-os, até engordar quase mais 10kgs.

 

Mas faltam poucos meses! e arranquei com  o namorado para mais um nutricionista famoso de Santarém. De 15 em 15 dias lá ia eu, ao sábado. Durante meses fiz uma dieta de fome, meio pãzinho, meia frutinha, meio ovinho,meio cházinho, com fraquezas e xeliques, e emagreci 7kgs, em 9 meses, mesmo a tempo do grande dia. Isto com ajuda de ginásio!

O vestido era lindo!

 

Fui de lua de mel, e achei que não era hora de dietas. Tanto mais, quando um Queniano, mais atrevido e bem intencionado, aborda o meu recém marido para o felicitar pela Boa mulher, grande e forte, que devia ser boa para trabalhar...

 

Regressei, logo depois foi o Natal, o Ano Novo, e em poucas semanas já tinha mais 10 Kg outra vez.

 

Coincidentemente, por essa altura, começaram as tentativas para engravidar, e as coisas não correram bem. O Síndroma de ovários poliquísticos não foram uma ajuda, meses de tratamentos hormonais, também não.

A hidroginástica não fazia efeitos.

 

Uma amiga desistiu de uma consulta de mais um médico endocrinilogista famoso, desta vez em Lisboa, e eu aproveitei a vaga. Bela dieta! Gostei de lá ir. Não emagreci muito, não foi mais caro que os outros, mas a verdade é que também não fazia grandes sacrifícios, e não estava a voltar a engordar...

Mas eis que, ao fim de dois anos engravido, e o senhor doutor fez umas recomendações, e disse:" quando deixar de amamentar, volta cá".

Quando deixei de amamentar, estava grávida de novo! Pelo meio, tentei o ginásio, mas aquilo não estava a correr nada bem.

 

Diga-se, que das duas gravidezes, só engordei mesmo o que tinha de ser, e portei-me bem! E amamentei cada criancinha até depois do ano de idade, mas não vi melhorias na minha figura.Antes pelo contrário...

 

Em 2008, passei à casa da centena, e mais envergonhada que nunca, fui a uma clínica da moda, paguei os olhos da cara de avanço e sem pestanejar, e apliquei-me em dietas e tratamentos. Maravilha das maravilhas, funcionavam.

O apoio era constante, as consultas regulares, controlo, verificação, eficiência, a custos exorbitantes. Até que chegou o limite do que eu sabia que podia gastar, e tive de deixar as sessões de tratamento, ficando.me pela dieta, fraquinha, fraquinha, mas que dava frutos. Mas nesse dia que deixei aquelas belas massagens, o peso deixou de baixar, e se já me custava tanto a dieta, sem efeitos, não consegui mantê-la, e os 10 kgs perdidos com tanto esforço, em 4 meses, em 2 anos transformaram-se em 16 ganhos.

 

Procurei outra conceptuada endocrinologista, que sem querer saber de nada, me disse que tinha uma doença incurável,-ERA OBESA ! ó minha amiga, fui eu gastar o meu dinheiro para medizeres o que eu já sei? e recitou uma lista de coisas que não podia comer, como panrico, rissóis, croquetes,,,,,pão integral ( só papossecos  , daqueles bem rafeiros é que podia ser!) e eu vim embora, sem sequer voltar a olhar para a lista, que conheço de gingeira.

 

Voltei à carga, noutra endocrinologista, que me ouviu, sorriu, e propôs, assim de repente, um by-pass gástrico. Tenho pensado nisso, mas morro de medo.

 

Há umas semanas dei com outra clínica da moda que prometia milagres em troca de uma quantia não tão exorbitante quanto em outras, implorei a colaboração do marido, que a contragosto e de má vontade, deixou que eu utilizasse umas economias, e propus-me a mais esta experiência.

Desde o primeiro dia que me sinto um pouco defraudada, pela mudança de conversa, pela atitude de um Sr.Dr com uma língua comprida, que não lhe deve caber dentro da boca, pela falta de método a que a anterior me tinha habituado.

Já que paguei, vou ver no que dá.

 

Mas eu sei bem que estar gorda não foi apenas uma complicação hormonal, como tantas vezes tento iludir-me.

Foi ter deixado o desporto, e passar o dia cansada com o trabalho sem horas de acabar. Foi ter deixado de ter tempo de voltar a olhar para mim. Foi ter preocupações tão grandes no trabalho, que passavam por cima dos meus problemas.

É comer como um escape, porque me sabe bem, quando há tantas coisas amargas.

É enganar a auto-estima baixa, logo pela manhã, dizendo que eu sou mais do que um corpo gordo, e que valho pela minha inteligência, pelo meu trabalho e pelo meu humor...

É saber que , durante o dia, não tenho de me olhar ao espelho, e que o meu tamanho não inflencia a minha qualidade de trabalho.

 

Só que isto não é inteira mente verdade, e por isso quero tratar-me, por respeito a mim, e à saúde que dá sinais de fraqueza, por eu estar gorda;  por respeito ao meu fabuloso marido, que merece mais do que tem; por respeito às minhas filhotas, que precisam de uma mãe para as cuidar durante ainda muitos anos, por respeito ao meu menino, que ainda não sei se algum dia vou ter, mas a quem já quero muito.

 

Outro dia fui andar de bibicleta e ia morrendo! Por outro lado, fui ao ginásio, 6 anos depois, e após 1,5h de treino a sério, vim para casa e não tive quaisquer dores.

 

Sinto-me limitada. Os meus movimentos já não são o que eram, as hérnias deram que falar, e tive ser operada, as costas estão com pouco músculo, e tenho dores horríveis quando me deito. E há coisas que eu gosto de fazer quando me deito! Assim fica complicado...

 

Eu vou tratar-me! eu vou voltar a emagrecer. Para o resto da vida. 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 17:40

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