Mais uma vez, a via sacra dos camiões a desviar para o lado da barosa, santa clara, parceiros, maceira...à 1 da manhã o marido manda uma mensagem a perguntar por mim....
pelo caminho, atrás do camião das galinhas, tive muito tempo para ir pensando na vida:
O que faço eu e toda aquela gente àquela hora na escola, e todos os que ainda lá ficaram pela noite dentro?
Depois o polícia, stressado
Os topógrafos a marcarem alinhamentos nas obras, à luz do holofone, e as centenas de homens a trabalhar nos últimos dias do emaranahdo de pontes e autoestradas, e os holofotes a cegarem quem vai de carro, com vidro molhado da chuva e da condensação.
Dezenas de camiões em fila indiana, a percorrerem estradas estreitas, a cruzarem-se e encolherem-se mais do que o fisicamente expectável.
Trabalho de dia, trabalho de noite, trabalho de dia e de noite para tanta gente.
Não compreendo!! a cegueira de trabalhar mais e mais, fazer mais e mais depressa e mais barato, onde já nem as empresas ganham, quanto mais os empregados.
A noite foi feita para dormir...e no entanto só me parece que se esteja a caminhar para o esgotamento do homem enquanto humano. Se calhar a ficçao científica está enganada, e os laboratórios também. Não vale a pena investir em robots, porque a evolução da espécie para aí caminha, a passos largos. Estamos a ficar autómatos reféns do trabalho e afastados do coração e da humanidade.
Definitivamente, não me parece que a vida dos homens tenha sido talhada...