Sobre mim e outras coisas, irreais, ou nem por isso...

24
Mai 12

não sou como ele, e morro de medo de morrer.

 

De dia para dia, à medida que fico mais consciente do que sou, como estou, tenho mais medo dos dias que vêm?

 

Em cima da minha cabeça, paira um sinal luminoso fluorescente, visível a quilómetros de distância: OBESA, a maneira simpática de se referirem à GORDA.

 

Não interessa se a minha  tensão é baixa, se a glicémia é baixa, se o colestrol e os triglicrideos também não estão assim tão altos.

 

Sou gorda, e  no letreiro vai rodando, como no letreiro do cinema: AVC, ATAQUE CARDÍACO, DIABETES, EDEMAS, VARIZES, INSUFICIÊNCIA CARDIACA, RESPIRATÓRIA E RENAL, CIRROSE NÃO ALCOÓLICA, OBESIDADE MÓRBIDA...

 

E por este sinal estar acoplado a mim, não preciso que me lembrem a todos os minutos

 

Até porque todos os dias me vejo ao espelho, e nota-se a papada no pescoço, o abdomem dilatado, o pneu, limitado pela cicatriz das cesarianas, as coxas grossas, os tornozelos inchados, e braços enormes.

 

Até por sinto o cansaço, a respiração ofegante, as dores nos pés, o aperto no peito. Porque dou comigo a ressonar, e acordo com as mãos dormentes, dores nas costas, e ainda mais cansada do que antes de ter acordado.

 

Até porque fica difícil estar dobrada, acocorada, ajoelhada. Até porque sexo muito bom podia ser óptimo, sem uma barriga grande, sem uma pernas gordas. para mim, e, decerto, para ele.

 

Até porque tenho SOP, o do ovários poliquísticos, que, como pescadinha de rabo na boca, me baralha o sistema, e me leva a engordar, a sentir fome , por ser insulinoresistente, a que as minhas hormonas estejam malucas, e o perído variae de ausência prolongada a enxurradas monumentais, que não ovule como deve de ser, que às vezes tenha quistos do tamanho de laranjas, e que tr~es anos para engravidadr seja um tempo curto, porque isto não vai lá sem tratamentos, injecções, comprimidos, dores e ansiedades...

 

Até porque comprar roupa é um martírio, comprar sapatos são dois. Mas não sofrerei por causa do top ou do biquini, nem da sandalinha de salto alto...pois sei que não vou comprar. Não me serve. Não vou usar. Tenho vergonha do corpo, e tenho orgulho.

 

 

E gosto de comer, sim senhora, e sei cozinhar, e cozinho coisas boas.

Mas cozinho com pouca gordura, não faço nem como bolos todos os dias,  não bebo nem compro refrigerantes com frequência. Como pão de mistura. ADoro, mas não vou frequentemente a restaurantes de fast-food. Não gosto de alface, mas como. Não gosto de leite branco, nem de couves verdes escuras. Nem de caras de bacalhau, nem de peixe cozido. por isso bebo leito com chocolate, couves lombardas, grelos e bróculos, e peixe grelhado.

 

Já fiz dietas medicamente assistidas para todos os gostos, massagens, injecções., ginástica. Tudo funciona no in´cio, depois de umas semanas o efeito cessa, e ao fim de uns meses eu desisto. É assim desde 1999, quando eu pesava menos 50 quilos.

 

Todos os dias olho para mim e digo-me, ordeno-me que acredite que eu sou mais do que este corpo. E cumpro a minha ordem. Mexo-me, sou activa, falo, motivo, escrevo. Mexo-me menos do que devia do pescoço para baixo.

 

Mas a cada dor, a cada nova doença, a qualquer picadela que eu suspeite ser parecida com um qualquer sintoma de tudo o que passa no rodapé do placard, vou-me abaixo, porque tenho duas filhas e um marido. Eles precisam de mim, e eu quero vê-las crescer, e envelhecer ao lado dele.

 

Sim tenho muito medo de morrer, todos os dias, e hoje foi mais um deles, após cansaço inexplicável, tonturas, aliadas aos belos efeitos da metformina. Dor de cabeça, tensão baixa, açucar baixo, foi o que se veio a concluir. Hoje. Amnahã, não sei

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 21:17

24
Nov 11

 

Um gráfico de interesses e aptidões, há 22 anos, no relatório da psicóloga:

 

++ ciencias, engenharias, literatura, arte

+ exactidão matemática, actividade física

-- actividades burocráticas, actividades persuasivas, música, agricultura, pesca, silvicultura

 

 

A escolha: engenharia civil.

A paixão: obras em construção

 

O amor da minha vida: a leitura e a escrita

O guilty pleasure: a culinária e a agricultura de varanda

 

Dois amores, em nada iguais.

 

 

Resultado: um nível profissional bom, a rápida ascensão e glória, e a queda, lenta e de olhos abertos, sem paraquedas, apoiada nas teias de aranha que se agarram às paredes laterais do abismo.

Não cairei estatelada no chão, não me matará. Mas ficarei com muitas nódoas negras. E sem Hirudoid ou Trombocid

 

 

 

 

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:01

22
Nov 11
Hora de pelotão de fuzilamento: ( a mim)

Hoje recebi um email, para que eu como assistente convidade numa escola superior, faça greve, com todas as razões e mais alguma. Razões de elite, de expectativa, de acusação, e de "venha a nós".

Por acaso, nesse dia não dou aulas. Mas se tivesse, ia.
...
Porquê? porque a greve, que até é justa, não me parece ser pelos motivos certos.

-porque para os professores fazerem greve, as minhas filhas vão ficar sem aulas em casa da avó, mas podiam não ter avó...
- porque para outras crianças que não têm avó não fiquem abandonadas, as senhoras do ATL têm de trabalhar mais horas, ou os pais não podem ir trabalhar
-porque se os pais trabalharem no sector privado, é complicado fazerem greve, pelo estigma, pelo precedente, e por mais dois outros motivos: nas empresas onde há trabalho, é necessário produzir e todos os minutos contam, nas empresas onde não há trabalho, procuram-se motivos para despedir os funcionários, e se a greve não serve como motivo, serve de ignição.
- porque uma greve motivada apenas nas coisas de uns não querem perder, não resolve os problemas daqueles que nada ganham
-porque muitos dos grevistas não se manifestarão, mas usarão o dia de greve para o lazer, para arrumar a casa, ou para ir tratar de assuntos pendentes. Ou tomar conta dos filhos.
-porque alguns grevistas irão dirigir-se a determinado sítio, para fazer alguma coisa, e vão deparar-se com a porta fechada, e hão-de dizer "Carago, logo hoje que eu tive tempo para vir aqui e estão fechados!"
- porque muitos grevistas terão o ordenado acabadinho de cair na conta, no dia da greve, mas há muita gente que nem no fim do mês, nem no fim do ano, nem em dia nenhum vão ter ordenado, subsídio ou o raio que o parta para comer, vestir, sobreviver.
- porque muitos dos reformados, com uma vidinha sossegada, e com reforma razoável ( não as reformas miseráveis), parecem esquecer-se que os seus filhos não terão essa reforma, e que muitos filhos não levam esse dinheiro para casa.
- porque os grevistas esquecem-se que neste país as pequenas empresas, que estão atoladas de dívidas e sem crédito, são as que vão pagando os impostos, e que são esses impostos que sustentam o país, e que nem todas as empresas têm gestores milionários, administrações corruptas, e vivem à tona da água, para além de todas as suas forças, para manter empregos e contas com o estado em dia, pois senão, tudo estará perdido
- porque muitos grevistas votaram em quem tomou estas decisões, e muitos grevistas não se quizeram perder uma hora para ir votar num domingo, mas podem perder um dia de trabalho
-porque uma greve de gasolina faz mais efeito que uma greve geral ou uma greve de fome, e isso é estranho

e quando é que eu iria a uma greve?

-se ela fosse por direitos fundamentais
- se fosse para exigir igual para todos, e não para os mais iguais que outros
-se fosse para exigir que se fizesse uma revisão das opções do estado dos 20 últimos anos, isenta, com prazo, com identificação clara dos erros e das motivações em tempo útil
-se desse para fazer um reset ao Mundo

Como tal, e na fraca expectativa de ver estas razões acontecerem, vou dando o meu melhor, todos os dias, na vida profissional e pessoal, sem medo de expor a minha opinião e de me sujeitar à crítica e ao debate. Porque se tiverem explicações melhores que a dos outros do email, estejam à vontade para as demonstrar, porque se tiverem razão, até peço desculpa e sou a primeira a assinar por baixo
publicado por na primeira pessoa do singular às 16:27

08
Out 11

Hoje, e como pais que assumem os compromissos tomados, primeiro no casamento, depois no baptismo das filhas, acompanhámos as filhas à catequese e depois à missa.

 

Não sou o modelo de cristã católicaapostólica romana, e não é fácil apanharem-me na reza do terço ou na confissão, e ele nem nunca andou na catequese, mas optámos por dar a formação às filhas, para que mais tarde possam optar em consciência.

 

Na segunda leitura, descobri:

 

 

 

LEITURA II – Filip 4,12-14.19-20

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses

Irmãos:
Sei viver na pobreza e sei viver na abundância.
Em todo o tempo e em todas as circunstâncias,
tenho aprendido a ter fartura e a passar fome,
a viver desafogadamente e a padecer necessidade.
Tudo posso n’Aquele que me conforta.
No entanto, fizestes bem em tomar parte na minha aflição.
O meu Deus proverá com abundância
a todas as vossas necessidades,
Segundo a sua riqueza e magnificência, em Cristo Jesus.
Glória a Deus, nosso Pai, pelos séculos dos séculos. Amen.

 

 

He shall provide, dizia eu aqui , tinha ouvido em qualquer filme, penso que possa ter vindo daqui, ainda que o termo possa ser Fullfill

 

Fiquei impressionada.

 

Acredito muito em "a César o que é de César, a Deus o que é de Deus", e não costumo rezar no sentido de pedir. Até em relação a Deus sou orgulhosa. E porque o meu pensamento científico me impede de ter a fé que me seria pedida.

Não peço fortuna e sucesso, não rezei muito para engravidar. Não era um assunto do divino, mas da ciência e da medicina. Mas depois de nascerem, um dia passei por Fátima ( tão perto, eu eu tão longe...) e pedi a protecção do PAI e da MÃE para cada uma delas.

 

Também acredito muito em "Deus ajuda a quem madruga", e é isso que tentp fazer, ainda que ultimamente, madrugar não seja bem sinónimo de poder produzir e conseguir produzir.

 

Gostei de ouvir. Não digo o mesmo da homilia, que ficou aquem do que se poderia ter dito.

No meu coração, sei o que hoje Ele me quiz dizer.

 

E, embora isto não aconteça muitas vezes, senti-me reconfortada na Sua palavra.

 

 

 

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 22:52
tags: ,

30
Set 11

Fui adepta tardia, confesso, mas fiquei conquistada.

 

A lista de amigos é reduzida, é certo, porque ainda que goste muito de falar, acho que nem todos estarão aptos ou serão desejáveis, para o que eu digo, escrevo ou exponho.

 

De vez enquando procuro colegas da escola ou da Universidade, ou chegam-me de mão beijada por serem amigos de amigos .

 

Olhar para muitos daqueles perfis e ver a situação profissional de muitos têm-me feito pensar, e admitir que fiz muitas escolhas erradas na minha vida. Acima de tudo, escolhas profissionais.

 

Ao que parece, sucesso profissional é coisa que não falta. E vêm-se os amigos sorridentes, em fotografias tiradas em diversos destinos de férias por todo o mundo, as amigas sorridentes com o seu bando de filhotes de uniforme da escolinha, os bem sucedidos cá, os bem sucedidos no estrangeiro...tudo parece ser maravilhoso.

 

E eu aqui...numa micro empresa que já só tem o nariz de fora para respirar, e pouco mais. Com férias no campismo  e já vou com muita sorte!

 

Falhou tudo. Tudo. Só tenho a minha dignidade e a a minha família. E, pela primeira vez , desde que comecei a trabalhar, há 13 anos, vivo à custa do ordenado do marido. Isto está a deixar-me doida.

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:13

26
Ago 11

4ª feira de manhã

 

quem tem de privar comigo diariamente, sabe que ando sempre à procura de umas chaves, uma pen, um cartão...que obviamente não perdi, mas se encontra em lugar incerto.

posso saber que determinado papel está no monte da esquerda , 23 folhas a contar de baixo, mas saber onde está a chave do carro, está quieto...

hoje, é um medicamento que tenho que tomar entretanto. Tive o cuidado de escrever na caixa qual o dia em que tinha de o tomar, e de o deixar bem à vista, em cima do frigorífico, para não o perder. Não está lá, não o encontro.

Tenho a perfeita noção que ando sempre acelerada, e que ponho o cartão multibanco misturado com papéis, largo a chave aqui ou acolá, e que o mais provável é estar tudo no fundo da carteira ou da mala do computador.

Falta de método, diz o marido, põe sempre tudo no mesmo lugar.

O que me dana a sério é eu olhar para o objecto e pensar: vou por-te aqui, que é para não te perder! e depois acontece sempre.

F**K.

e agora, para perder mais qualquer coisa: perder tempo a descobrir onde digitalizar folhas A0 aqui por estes lados, perder tempo enquanto espero que o façam a 10 folhas e perder dinheiro a pagar a digitalização, que ninguém vai querer pagar.

 

4ª feira à tarde

 

a parte boa é que achei o rato.

a parte má é que detesto ser enganada. procurei um sítio para digitalizar os desenho A0, "mas é só a preto e branco, minha senhora". Tá bem, lá se vão as anotações coloridas. Demora muito? não, é na hora. Lá voltei eu para trás, para perto de casa. Chego lá, e afinal "vai demorar cerca de meia hora".

Então vou às compras, pensei eu, escuso de ir logo à noite. Fui ao Pingo Doce lá perto de casa. Não gosto de PD, prefiro continente, mas é grande, fica ao fundo da rua, e como tal, tem sido o eleito. E uma das coisas piores que tem, além de falta de algumas marcas da minha preferência, são as promoções e preços enganosos.

Iogurtes Danone de morango, de beber : promoção 6+2 , um preço. Promoção7+1, outo preço. Compro 2 conjuntos de 4, sem promoção, mas mais baratos. Detergentes ( queria oxi action): ultra oxi, a marca PD, 4 vezes mais cara que a verdadeira Oxi action. Há dúvidas? a diferença está no frasco. Chouriço PD, com preço reduzido. Ao lado Nobre, bem mais caro. Comparação: o PD é à unidade, o nobre é ao kilo, feitas as contas, compra-se nobre.

São situações umas atrás das outras.

Para completar a felicidade: o cliente das digitalizações queria alterações. Isto na hora de ir buscar o trabalho. Temos pena. Telefonei antes a perguntar, e ninguém me disse nada. E agora? perde tempo a alterar os ficheiros digitalizados.

Mais ainda: o detergente estava mal fechado, e entornou-se em cima das compras, no porta bagagens, na mala do computador.

Sim, hoje é um dia muito bom.

 

 

4ª feira à noite

 

dia de cão, f******

estou a entrar em "modo cair para o lado"

agora perdi os sacos do lixo e a caneta

 

5ªfeira de manhã

 

os sacos do lixo estavam no microondas

a caneta, no hall de entrada

 

5ª feira à tarde

 

recebo no telemóvel: tenho saudades tuas, tenho saudades de "ralhar" com alguém

 

e pouco depois

 

"  chego às 22h, para jantar com vocês"

 

5ª feira à noite

 

os comprimidos aparecem, por baixo do frigorífico

 

Fazias-me tanta falta, R. 4 dias sem ti, é o fim do mundo dentro de mim

Amo-te muito

 

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 10:22
tags: ,

03
Ago 11

era quase meia noite, e eu passava a ferro. No corredor, vestígiods das férias, que tinham de ser arrumados, porque hoje é dia de D.São.

Eu ouvia-o andar para trás e para a frente, e a certa altura fartei-me e perguntei: mas o que é que andas a fazer?

- Estou a arrumar a tralha do corredor...

 

Portanto, colocou os sacos- cama no armário, e limpou escrupulosamente os vestígios de areia dos frascos de protector solar. E fechou uma porta que eu deixei aberta.

 

Eu, acabei de passar o lençol, pús roupa suja para lavar, arrumei sapatos, sapatilhas, sandálias , tudo o que foi para férias, produtos de higiene, mala de primeiros socorros, arrumei os sacos e mochilas vazias. E esqueci-me de uma porta do roupeiro aberta, pelos vistos.

 

Mas ele estava a arrumar.

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 10:16
tags: ,

17
Mai 11

Hoje , estou por aqui:

 

 

Ora bem, flexibilidade no trabalho...

A minha mãe sempre trabalhou em casa: para além de mãe e dona de casa, costura para fora e faz toda a papelada do escritório dos meus pais e tios, pelo que fomos quatro irmãos com mãe presente e agora são quatro netas com avó. Ela é que sabe, ela é que manda, ela é que dá o pão, logo a educação ( é quase assim!)

Quando eu comecei a trabalhar na construção civil, em 1998, solteiríssima, o horário era horrível, o cansaço mais que muito, mas não tinha outras obrigações, o salário era bom, a vida corria-me bem, dentro do possível. Depois de 2000, quando casei, passou a ser um inferno, conseguir conjugar a vida de casada e a do trabalho, e em 2001 desisti de lutar e saí desse bom emprego, onde, pelo menos, e por troca de horas de serviço a mais, não remuneradas, nunca ninguém teve a menor retaliação se fosse preciso faltar um dia para tratar de algum assunto, ou chegar atrasada por algum motivo. Isto tenho de admitir!.

Consegui um emprego em part-time, bem remunerado, e foram os dias da minha vida em que tive tempo para tratar de mim, e fazer o batalhão de tratamentos para engravidar... Mas como tudo o que é bom termina, a empresa estava a enganar-me nos descontos e saí.

Rapidamente encontrei um emprego com uma remuneração de sonho, mas que eu pagava em horas e centenas de quilómetros, diariamente. Fiquei grávida, e o patrão logo sugeriu que não seria preciso licença de parto completa, certo? Alguns dias antes do parte, e continuando a fazer entre 150 a 600km por dia, conforme o dia da semana, despedi-me. Nunca mais voltei a ver um ordenado daqueles...

Fui imediatamente contratada pelo patrão do part-time, desta vez em full-time, mas com horário certinho, que jurou não voltar a enganar-me ( mas como é sabido, quem mais jura, mais mente!) Como o marido ficou desemppregado durante a minha licença de parto, trocámos, e fui eu trabalhar, ao fim de 4 meses. Trabalhei lá mais 2 anos, masceu a 2ª filha, e quando regressei da licença de parto, já a empresa se tinha desmoronado, e para além de inúmeras falcatruas que fizeram com o meu nome, na minha ausência, saí de lá com 6 meses de salário em atraso, diversos subsídios por receber, e ainda com o tribunal à perna, por causa do burlão do patrão.

Em menos de 15 dias, e com uma miúda de 30 meses e outra de 6, voltei a trabalhar, e fiz questão de negociar um horário certinho, em troco de um salário reduzido. O salário manteve-se reduzido, mas o horário descambou e passou a ser ainda pior que antes, e se tinha contrato para uma super-oobra, pouco a pouco já eram 3 e mais e mais e mais, e apesar de todas as horas extra não remunerados e os quase 1000km por semana não podia sair às 17 ou 18h para ir ao médico com as filhas sem ter de pedir licença ao chefe, depois aos recursos humanos e por fim ao patrão, sendo repreendida se saía a horas ( 18h, ao fim de 8 h de trabalho e 1 de almoço), pelo que saí, em Novembro de 2007, porque não aguentava mais.

Continuei o resto do ano a trabalhar para eles a recibos verdes, em casa, e em Janeiro de 2008 criei a minha empresa, muito micro, por sinal, no rebentar da crise. Uma mulher, num mundo de homens, sem ajudas nem subsídios, a fazer um trabalho novo, para a mentalidade da maioria dos construtores.

O salário foi reduzido ao mínimo. O sistema de impostos e contribuições é implacável.

Nestes 3 últimos anos, consegui estar ao dispor das filhas na escola , na patinagem. Estou a concluir um mestrado, já fiz mais formações. Dei aulas num Politécnico, dei formação. Aceitei todo o trabalho honesto que me proponham. Tive dias de 17 e 18h seguidas de trabalho, dias de começar às 2 da manhã. Nunca falhei prazos nem deixei clientes enrascados. Clientes, que por vezes, demoram 6 e 7 meses a pagar, e às vezes, com cheques carecas.

Trabalhei de noite, se tinha de estar disponível para elas de dia. Fui honesta, nunca entrei em esquemas, abstenho-me de usar o factor cunha.

Nos últimos meses o trabalho diminuiu para números insuportáveis, e estou quase a desistir.

O stress desiquilibra-me, e a procura de conforto vê-se no peso.

Hoje, não passo necessidades, mas também não tinha necessidade de fazer contasà vida se não tivesse lutado pela flexibilidade de horário. Arrependo-me de ter deixado o primeiro emprego. Arrependo-me pelos milhares de euros que fiz a família perder, com tudo o que eu não tenho recebido, e não é só o diferencial do que devia receber agora, para o que recebia antes, são os meses de salários que eu, simplesmente, não me consigo pagar.Arrependo-me de termos tido de abdicar da casa dos nossos sonhos, e de todas as férias e viagens que ficaram por fazer.

Só não me arrependo de estar disponível para os meus tesouros. O tempo dirá, se compensou.

Se hoje achasse um part-time, até umas 30h semanais flexíveis, não olharia a orgulhos, éticas e coisas do género, fechava a empresa e ia para lá. Mesmo que detestasse, a segurança de um ordenado ao fim do mês, por agora, seria suficiente.

publicado por na primeira pessoa do singular às 18:03

21
Jan 11

é porque tenho medo do que vamos dizer um ao outro, quando nos encontrarmos mais logo...

 

Todo o meu dia foi tolhido por este medo!

 

Não temos tido tempo para nós e a consequência está à vista.

 

E eu não quero perdê-lo. Nem deixá-lo fugir.

 

Nem quero que os poucos momentos em que estamos juntos continuem a ser de uma guerra sem razão, de merdas e picolhices para mim, de crimes de lesa-majestade, aos olhos dele. Coisas "tão importantes" como um saco de plástico, uma lâmpada acesa, uma camisola comprida.

 

Conscientemente, sei que esta é metade da tristeza que me faz suspirar há meses.

 

E que ele é metade da alegria que me faz sorrir há 19 anos.

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 18:39
tags: ,

19
Jan 11

Caro Sr. Futuro Presidente

 

Dirijo-me a si, esperando que não seja o Sr. Anibal ou Sr.José Manuel. Se assim for, considere este apelo um engano e ignore. É que nesse caso, também eu terei sido enganada, mais uma vez.

 

Ora bem, Sr. Presidente

 

"I used to think " que este devia ser o melhor país do mundo para se viver. Em 35 anos de vida, foi sempre este o meu pensamento. Clima moderado, sismos esporádicos (mas com boa regulamentação para a construção anti sísmica), mar, serra, sol. Pequena dimensão, chega-se de uma ponta à outra num instante. Boa comida ( dispenso a boa bebida e o bom azeite), paraíso para estrangeiros reformados e turistas endinheirados.

Alguma visão( histórica!), e espírito desenrascado e criativo.

Sem guerra aberta com nenhum pais. Pais aconhedor e hospitaleiro, generoso para com os desfavorecidos. Com sistema de educação, saúde e segurança social abrangente e tendencialmente gratuito ( sim, que mal há de pagar em função das possibilidades, pergunto eu?).

Pensava eu...

 

De famílias modestas, consegui tirar um curso superior em escola pública, mas longe de ser proporcional aos rendimentos..

Descobri que as bolsas de estudo gostavam de truques dos quais não dispunha, e como tal os 5.100$00 da altura não davam sequer para a cantina. Mas pronto. Fez-se, e não passei fome.

Consegui logo emprego, mas em 1998, "era outra louça"...um bom curso era garantia de emprego, afinal!

Descobri rapidamente que os empregos também têm outro lado, e que horas extras não implicam remuneração extra, que há patrões capazes de tudo, que há trabalhadores tão vulneráveis que se sujeitam a tudo. Mas isto pensava eu nessa altura, e dizia para mim própria, "tens 23 anos, és inexperente e ingénua!". Mas de noite não dormia e pensava "tens 23 anos e não podes admitir isto, nem a ti, nem aos outros!". E daí criei o hábito de discutir, debater, criticar, sugerir, tentar propor soluções para melhorar, não ser ovelha. Aprendi a admirar a minha perseverânça e a minha opinião. Aprendi que sou única, e que esta singularidade se obtem a aceitar as minhas opiniões, ideias, gostos e opções, sem me sentir inibida pelo que os outros possam pensar. Ainda que o preço a pagar seja caro!

 

E aí fui eu, passo a passo, caminhando, levando nas orelhas, mas sendo fiel a mim, aos meus princípios e origens, e mesmo quando a vida me deu para trás, levantei a cabeça e recomecei.

 

Diria que sou uma cidadã respeitável, modesta mas remediada, com um percurso certinho, escolar, profissional, familiar, tudo como mandam os livros. Marido, filhos, trabalho, religião. Tudo tudo como vem nas instruções.

 

mas de há uns tempos para cá, quero fugir daqui.

 

Quero ir para um país onde tudo seja mais simples, onde o telefone toque menos, se ande mais devagar, onde haja menos auto estradas. Onde esteja tudo por fazer, mas que não seja preciso negar a vida para trabalhar. Onde o trabalho seja feito por gosto, nas horas próprias, e ainda sobre trabalho para amanhã, e o tempo para familia não seja um luxo.

Quero ir para um pais onde possa usar colheres de pau, e não sejam precisas mil formalidades para abrir um negócio, onde não se viva com medo de um nódoa ou de um micróbio, onde se possa começar do zero, sem nada e ser feliz.

 

Ando a sonhar com África!

 

E depois penso, filhas, educação, saúde...elas merecem melhor do que África

E penso de novo, filhas, família, esperança, sustentabilidade, elas merecem melhor do que Portugal

E penso de novo...

E volto a pensar...

 

Ajude-me a tomar uma decisão...dê-me uma boa razão para eu não querer fugir. Ou muitas!

 

Nivelamento de ordenados para níveis Europeus. Estamos na Europa, certo!

E nivelamento, quer dizer nivelamento, atenuação da curva de disparidades. Para podermos pagar como Europeus.

 

Incentivos às empresas do sector primário e secundário. Menos importação. Igualdade de oportunidades no acesso à produção de energia de fontes renováveis. Facilidade na auto geração.

 

Limitação da especulação económica. Colapso da bolsa de desvalores. Desvalorização das "acções". Valorização do trabalho produzido.

Chicote nos bancos e nos gestores públicos. Sim a remuneração justa. Fim de regalias. TODAS. E quem não gostar, tente arranjar melhor no privado.

 

Moralização do sector de produção, para que os pequenos empresários que tentar sobreviver aos dias de hoje não sintam que trabalham apenas para os impostos ( OH! se eu sei do que estou a falar!!!). Para que os funcionários não públicos acreditem que, no fim do mês, o ordenado chegue. ( Chegue e entre na conta do banco e chegue até ao fim do mês).

Reformular a função pública, para que não simplique serviço aos funcionários público mas sim ao público em geral. Cortar em todos aqueles cus que nada fazem excepto dizer que o "sistema" não deixa, ou que está em baixo, e que não têm capacidade de analisar um problema e resolvê-lo, para além do "sistema". Cortar no número de chefes de chefes dos chefes dos chefes, que nunca podem decidir porque há sempre alguém acima.

 

Cortar nos cursecos da treta e investir em cursos gerais e úteis, dos quais se parta para especializações. Reintroduzir e reforçar a educação tecnológica. Voltar aos "trabalhos manuais", com carpintaria, serralharia, olaria,agricultura, costura, tecelagem, puericultura, economia doméstica, já que o português e matemática não são garantia de competência.

Investir no ensino geral. Contratar mais e melhores professores. Reformular as escolas, mas POR FAVOR! cortar nas barbaridade de dinheiro que se tem utilizado em fazer escolas " a la architecte", com materiais facilmente perecíveis, soluções arquitectónicas caríssimas, altamente dependentes de energia, de alto custo de manutenção.

Deixe lá as "merdices" dos RCCVs e CNOs, só para a estatística e crie um sistema credível de formação, independente do canudo que se leva para casa...

Ensine-se para o empreendedorismo. Para a liberdade de pensamento! Para a grandeza do coração e da alma!

 

Trocar quantidade por qualidade na política. Limitar a produção avulsa de legislação, sem integração com as anteriores leis e apagar todo o lixo que entretanto se produziu e que constitui e é sempre motivo de excepção. Produzir leis que qualquer pessoa possa lêr e perceber, sem ambiguidades nem buracos. Ter em atenção as Directivas Europeias e não ser cego a transpor tudo e mais alguma coisa. Transformar as prisões em fábricas. Acelerar a justiça, punindo, efectivamente, que comete crimes contra pessoas, bem e estado. Que vão produzir para a cadeia. Produzir a sua alimentação, os seus serviços, e exportar para fora dos muros, ao serviço da população carenciada.

 

E outras coisas...Dê.me boas notícias. Quanto ao gasóleo, por exemplo...

 

 

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 10:07

13
Jan 11

 

 

(suspiro)

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:54
tags:

preciso de mais trabalho.preciso de trabalhar menos. basicamente, preciso de conseguir trabalhar mais caro. basicamente, preciso de mais trabalho. é isso

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:50
tags:

de chocolate. com arroz crocante. de uma vez. não fiquei nada melhor.

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:49
tags:

Desabafei com a água quente tudo o que me apetecia dizer, que não suporto, que estou saturada de coisas pequenas que fazem grandes estragos em mim. Foi tudo pelo cano abaixo. Melhor assim, porque se não fosse com a água, uma porta teria batido e alguém ficaria de fora. Sem data de regresso.

 

Bem se vê que é meio de Janeiro.

 

Bem se vê como os ciclos da vida são.

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:45
tags:

12
Jan 11

Contrario as ondas com um optimismo que me assusta... depois, quando chega a noite, custa-me a adormecer. Tenho medo de, ao acordar, abrir os olhos e dar de caras com um tsunami!Contrario as ondas com um optimismo que me assusta... depois, quando chega a noite, custa-me a adormecer. Tenho medo de, ao acordar, abrir os olhos e dar de caras com um tsunami!

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:12
tags:

A minha fortaleza já foi derrubada há muito tempo, mas dentro das muralhas, ainda há alguém que não dorme e todas as noites repõe as pedras que teimam em cair durante o dia.

 

Vantagens de ser de pedra e madeira: a construção é sustentável e todas as vezes que cai, podemos usar as mesmas peças para fazer igual, nas boas soluções, ou melhorar o que acharmos necessário.

 

Se fosse apenas de betão, duro, inflexível, não passaria de um monte de escombros.

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:06
tags:

02
Jan 11

Este espaço fez um  ano na pasada quarta feira. Não é muito popular. Também não sei se quero que seja...

 

Com uma leitura enviesada, concluo que tive um ano muito cansativo, com dias muito maus e demasiados choros.

 

No entanto, são esses os dias em que o meu cérebro funciona melhor, e entro em 2011 cheia de ideias fabulásticas que estou decidida a concretizar.

publicado por na primeira pessoa do singular às 10:02
tags: ,

17
Dez 10

Ontem estava KO e fui fazer o que se fiz que dá felicidade às mulheres: Compras. Assim como assim, o trabalho não estava a render, e já que tinha que ir à ESTG, aproveitei

 

Aterrei no Leiriashopping e corri aquelas lojas todas. Fuck! Tanta coisa e nada me serve! Isto, tendo em conta que estou farta de um guarda roupa Canda da C&A. Estava decidida a escolher algo, mesmo que fosse um pouco mais caro, e como tal, atrevi-me a entrar em lojas a que nunca tinha ido, daquelas em que me caiem os olhos só de ver os preços nas montras.

 

As modas deste ano agradam-me, mas parece que todas as gordas do mundo chegaram às lojas primeiro do que eu e não sobrou nada mais do que XS, S e M. Ou então, e a triste realidade deve ser mesmo essa, as gordas não têm direito a ter roupa. E tem tudo que ser roxo , e castanho?

 

Em temos de lingerie, lá terei que ter mais um básico da Triumph, e pagar o belo por um confortável soutien  branco/preto/creme em vez de um bonito conjunto . Lá vão os tempos em que tinha uma coecção invejável!

 

E depois sapatos! O meu pé tem tamanho 38. Se forem chinelas até serve um 37- Mas o peito do pé é largo, bem como a perna. Botas com cano, já desisti. Botas pequenas, eu sei que deve existir alguma coisa que me sirva. Sem 10cm de salto! Ainda outro dia comprei uns, só que até ficava com caimbras. Desisti delas nos primeiros 15 minutos de uso. Anda a minha irmã mais nova montada naquilo. Para tudo o que é fechado, tenho de comprar o 40! Restam-me as sapatilhas, sapatos tipo mocassin e botas de obra. No Verão ainda se arranja qualquer coisa, agora para Inverno, estou, como sempre lixada.

 

Entrei também em perfumarias, lojas de maquilhagem, mas não me atrevi a gastar um tostão. Saudades de outros tempos.

 

Ainda me passou uma coisa má pela cabeça, e tentei imaginar como seria a minha vida, solteira, sem filhas... e agora só tenho que viver com o arrependimento de sequer ter posto essa hipótese.

 

Passei ainda pela decoração, e concluí que a minha casa é tão básica...e no entanto onde é que eu ia pôr mais coisas?

 

Resultado: sai das compras de mãos vazias e com um péssimo, muito mau, mesmo, Humor.

 

Só não entrei na FNAC e na Bertrand: aí tudo me serve, e sou feliz nessas lojas! Livros de todas as medidas!

 

Conclusão: passei no continente e comprei materiais para as prendas de natal que tenho de fazer. Não, não comprei açucar!

Para mim, nada, pelo que tenho de continuar a ouvir a reclamação do marido quanto às minhas camisolas velhas. A solução é perder o amor à carteira e entrar na Daline, e esperar que tenham promoções. Mas não me apetece nada ir para o centro de Leiria! e depois terei de continuar a ouvir o marido por causa da conta que vai aparecer no extrato do banco! Porra, eu não quero nada de luxo! Só roupa simples para o dia a dia, que me sirva, sem ter de parecer que , em vez de engenheira, sou o servente da obra. Eu adoro roupa prática, calças de ganga, sweat shirts, sapatinhas, mas ontem dei comigo a evitar todos os espelhos das lojas. Só de olhar, não mete medo, mete dó!

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:16

29
Nov 10

É feio, sim senhora, mas não quero saber! Estou magoada e aguardo um pedido de desculpas.

 

Não me pediu nada, eu sei. Tudo o que fiz foi voluntário e gratuito, por o amo.

Que não tenha gostado de tudo, até acredito, se bem que ninguém se tenha queixado, e eu tenha preparado um jantar fabuloso para toda a família, sem gastos extraordinários.

Que tenha andado de trombas, até posso aceitar, porque lhe ia muita coisa na cabeça ao mesmo tempo

 

O que não gostei foi o que me disse depois, como tal, quem está de trombas, agora, sou eu. E vou cumprir o que disse.Válido até pedido de desculpas. Como deve ser!

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 10:05

22
Nov 10

Há meses que nos conhecíamos. Ele era aquele rapaz giro, com a bicicleta vermelha que namorava com aquela rapariga gira, a mais fashion da escola...

 

Há semanas que S e H conspiravam um encontro entre nós os dois. Afinal, ele tinha sido "deixado".

 

Às vezes , davamos com um a olhar o outro.

 

Numa 4ª feira, em que pensava "É desta", tinhamos teste de inglês, e eu fui de minisaia, casaco cor de rosa, e pela primeira vez, usei maquilhagem nos olhos, sem ser Carnaval. Nada. Nada. Nada

 

Mas nessa tarde, desapareceu da minha carteira uma foto tipo passe...

 

Na 5ª à noite, a minha irmã só me disse, "ó lhe telefonas, ou ligo eu!" e cumpriu a ameaça, e sem jeito nenhum, tive dúvidas de matemática, tantas, que ele concordou encontra-se comigo no dia seguinte de manhã.

 

E aí fui eu , mais cedo para a escola, de saia de pregas ao xadrez, camisola fofinha branca, sapato de salto alto, e um rabo de cavalo encaracoladinho. Esqueçamos a peripécia dos colants que se romperam e eu ter de ir telefonar a uma amiga para me trazer outros...

 

Quando ele apareceu, de blusão de cabedal, caiu-me tudo... e foi ali, no recreio da Calazans Duarte, que fazem hoje 19 anos, nos beijámos pela primeira vez.

 

No livro de Filosofia, adaptei a estátua O Beijo, de Rodin. Vesti-a, é claro!

 

No ar, ficou o espanto dele: "vamos ter que falar sobre esse beijo"

Continuamos a falar.

 

Diz-me ele que, 19 anos mais tarde, o meu beijo é bem melhor do que foi nessa 6ª feira de manhã, ao soar do toque da campaínha, para a aula de matemática.

 

Quando a minha mãe me foi buscar à escola, no fim do dia,  olhou para mim, e imediatamente descobriu que a filhinha mais velha, de 16 anos, tinha "visto um passarinho em ramo verde"! Foi exactamente isto que ela me disse. E guardou segredo, durante mais uns meses...

publicado por na primeira pessoa do singular às 19:52
tags: , ,

31
Out 10

porque hoje está a ser um dia excelente.

 

Fiquei na cama até mais tarde, chateei-me com as miúdas, tomei duche à luz da vela, porque há horas que não havia luz, e saímos para a chuva.

 

Fui ao De Borla e comprei frascos e garrafas para doces e licores. Ainda comprei parte da prenda de casamento de dois cinco estrelas, e rumei ao Pingo doce, para compras para o "bolinho" e para a semana.

 

Vi marmelos, comprei marmelos.Açucar, muito açucar.

E compras úteis feitas, ainda o Anjo Branco do José Rodrigue dos Santos, caro que nem fogo, mas estava a precisar.

 

Almoçamos um hamburguer rafeiro, e enquanto elas brincavam com a vizinha, pús mãos à obra.

 

Fiz caldas de açucar e já estão filtradas as minhas adaptações de licor.

Licor de menta e anis, verde, que  lembra  Pisang Ambon, mas nada tem de banana. Investiguei isto agora, e fiquei curiosa.

Um "must" ficou o Licor de Lúcia-lima e limão. Eu não aprecio chá, mas limão e lúcia lima agradam-me, doces e quentes. Detesto chás frios e pouco doces. Experimentei a fazer um licor com estes dois ingredientes, e só tenho uma coisa a dizer: para quem não gosta de bebidas alcoólicas, até gostei de beber. Pior! depois de desaparecer o sabor da aguardente, fica o sabor da lúcia lima e do limão a prolongar-se na lingua..acho que vai ser um sucesso.

 

Nos entretantos, descasquei grosseiramente os marmelos e em menos de uma hora tinha uma marmelada de panela de pressão. No fogão tenho as cascas e os caroços, a ganharem ponto para uma geleia translúcida e gulosa.

 

Se a luz deixar de falhar constantemente, ainda farei merendeiras do bolinho, para o Pão por Deus, amanhã. Com a chuva que está, poucos miúdos andarão por aí. Mais sobra.

 

Os eleitos serão umas fogaças de Alcochete, os bolinhos que o papá gosta, umas merendeiras de batata, e outras com a mereita dos folares.

 

Quando o amorzão chegar a casa, já quase será amanhã, e quero um cheirinho delicioso a recebê-lo à porta. isto se a luz não falhar...

 

Durante a noite, a máquina preparará o pão para o pequeno-almoço de amanhã.

 

Isto é aquilo a que eu chamo TERAPIA.

 

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 17:17

30
Out 10

está mais frio e mais chuva.

 

Para quem saiu do Aeroporto em camisola de alcinhas, vindo de 17 dias de calor bom no Quénia, foi um choque!

 

Já não me lembro quem nos foi buscar, mas rapámos frio na viagem até casa.

 

Carregados de bugigangas e ananazes, assentámos arraiais em casa da cunhada, para um almoço de boas vindas depois de uma lua de mel fabulosa.

 

Da ementa fizeram parte Clavamoxes, porque o meu joelho direito estava uma lástima, depois de um encontro imediato de 3ª grau com um coral venenoso nas águas quentes do Índico.

 

Um bronze cinco estrelas, de muitas horas de praia, piscina e safari.

 

Dias e noites fantástico, o amor e uma cabana em sentido real.

 

O acordar para o mundo real, mas numa versão soft e descontraída, de quem está bem na vida e de bem com a vida.

 

Mas isso faz amanhã dez anos que aconteceu...

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:11
tags: , , ,

28
Out 10

Hoje tive de olhar de novo para o espelho para perceber o que se passava com os meus olhos, vermelhos inchados. à volta , uma pele seca, repuxada, cheia de peles soltas, a descamar.

Nos pés, enos tornozelos, mas pernas , um dor suave e constante, que logo à noite será constante e não tão suave.

Estou nas últimas...

Ainda não me começou a doer a cabeça. É bom.

 

Assusto-me

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 10:10
tags: ,

14
Out 10

Que fazemos 10 anos de casados.

 

Desculpa-me pelo almoço a correr, pela falta de um dia só nosso.

Desculpa-me por ter aulas esta noite.

Desculpa-me pela noite mágica que se calhar não vamos ter.

Desculpa-me por ter sido uma péssima dona de casa nos últimos meses, uma mãe assoberbada de trabalho, ( acho que, pelo menos tenho conseguido ser uma boa amante...)

Desculpa-me pelos horários loucos a que vos tenho submetido, maus humores e cansaços.

 

Desculpo-te pelos motivos idênticos, em horário de trabalho

Desculpo-te por toda a irritação do stress e incertezas do teu trabalho.

 

Faz hoje 10 anos , estava bem mais bonita, muito mais elegante, mas amava-te muito menos do que te amo hoje.Porque hoje amo-te mais 3650 dias do que os  3240 em que te amara antes. Porque 10 anos mais tarde tenmos duas filhotas e procuramos mais um. Porque estamos mais amigos, mais cúmplices. Mais velhos, mais gordos. Mais sábios. Mais loucos. Mais desesperados. Muito mais pobres. Muito mais cansados.

 

Desculpa por não voltarmos ao Quénia outros 17 dias, (ou a outro sítio qualquer: de facto, ter 17 dias de férias é um sonho, nem que fosse acampada no quintal!)

 

 

Parabéns a nós. Amo-te RR

 

 

 

 

 

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 18:24
tags: , ,

08
Out 10

e porquê?

 

porque estou na minha 34 hora seguida acordada e a trabalhar, e já hoje fiz cerca de 600km, ou seja , mais de 7 horas de cú tremido para ir e vir a uma reunião no fim do Alentejo.

 

Porque ontem era a antevisão disto, e eu não me estava a achar em condições de aguentar.

 

Antes de dormir, talvez mais 6 ou 7 horas acordada. Em versão farrapo humano.

 

Um pouco de sol ia fazer-me bem. Mas hoje, só mesmo chuva...

 

Quem te mandou a ti querer ser patroa, M M? Toma lá que é para deixares de ser burra.

publicado por na primeira pessoa do singular às 17:01

07
Out 10

- e parece que me vai sair do peito e que toda a gente à volta ouve o "boom-boom, boom-boom"

- as mão suam

- a temperatura do corpo baixa,

- fico enjoada

- fico com dores de barriga e passo a caminhar para a casa de banho ( saída superior e inferior)

- sensação de desmaio/fraqueza

- ataque incontrolável a chocolate/açucar amarelo ou ao doce que estiver mais acessível

- fico alerta, disperta ou  com insónia

 

não, não é paixão, nem nervosismo de namorada teenager que sabe que daí a uns minutos vai ter  um encontro escaldante com o seu mais que tudo...( era bom, não era?)

 

É um ataque de ansiedade a começar... e oh! como eu os conheço tão bem!

 

 

respira, já vai passar, não precisas de nenhum comprimido ( DIGO ISTO A TENTAR CONVENCER_ME; PORQUE NÂO OS TENHO À MÃO...)

publicado por na primeira pessoa do singular às 15:48

Sai de casa às 8:30 e demorei 50 minutos a fazer um percurso que não devia ter demorado mais de 15 a 20minutos, debaixo de chuva.

 

Deia aulas toda a manhã até às 13h, com cerca de 15 minutos de intervalo. Almocei a correr nobar da escola. Saí para a outra escola , parei para comprar chapéu de chuva. recomecai as aulas às 14:30 até às 17:30. parei 10 minutos, em que fiquei a esclarecer dúvidas. Passei para a sala seguinte, continuei a esclarecer dúvidas. Terminei às 22, com 20 miutos de pausa para comer qualquer coisa e esclarecer mais dúvidas.

 

Cheguei a casa à 22:30. Cansada, dorida, com os tornozelos inchados, mas sem sono, espevitada pelas aulas. Com fome. Comi um resto que a minha mãe mandou pelo R, pús pão a fazer, despachei-me e deitei-me com as garotas um bocadito, compreendendo o mau humor de dele.

 

Hoje não queria acordar. Ainda que o devesse ter feito mais cedo. Ainda que não tenha de ir para Lisboa, conforme previsto inicialmente.

Porque tenho o trabalho tão atrasado que nem sei por onde me virar.

Porque estando atrasado não sei por onde lhe pegar.

 

E ainda assim, perdi alguns minutos a desabafar aqui...

 

Roi-me a frase da professora da minha filha, quando, em dia de excursão, em que só foram para a escola às 13 e chegaram perto das 19h, se queixava do excesso de horas que tinham feito...

 

Vão de f.......

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:04
tags: ,

10
Set 10

Qunado Deus fecha uma porta, abre sempre uma janela, sempre ouvi dizer...

 

Pois a mim tem aberto e fechado portas e janelas como se fosse uma corrente de ar, depressa e com força.

 

Isto se eu culpasse Deus do que me acontece ou não...

publicado por na primeira pessoa do singular às 21:35

08
Set 10

Tinha um exame marcado para hoje. Estava à espera dele há semanas!.

 

Hoje não dei com a requisição da médica, não faço a mínima ideia onde pus o envelope que tinha de  levar. Fui na mesma. Não adiantou o choradinho, porque não me fizeram o exame, a não ser que eu fosse ao médico pedir outro. Nem aceitaram que eu procurasse melhor e voltasse lá. Nem a pagar, nem no segurto de saúde.Fui , portanto, perder tempo, para voltar para trás de mãos vazias.

 

Podia ter sido isso o pior, esquecer-me de onde eu pús, ou de onde é que ELE decidiu arrumar, mas não se lembra. Mas não.

 

O pior foi estar no IC2, completamente desnorteada, sem saber o caminho para o CHSF, como se não fosse logo ali, como se eu não conhecesse todas as ruas e todas as estradas para lá ir ter, como se eu não conseguisse ver o letreiro no cimo do edifício, como se eu não tivesse ido lá dezenas de vezes nos últimos anos.. Bloqueei. Durante uns segundos não soube para onde ia, nem como lá chegar.

 

Preocupa-me a frequência com que os esquecimentos me estão a afectar, mas tenho tido vergonha de o confessar. Talvez esteja na hora de o fazer , a alguém competente para o assunto

 

 

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:50
tags: ,

30
Ago 10

e a semana já está a correr tão mal...

mais cedo que o costume arranquei para uma obra, fiquei descontente com o que vi, mas pronto, menos mal.

Passei para a outra, esperei, como de costume, danei-me com o que vi, f----ram-me o juízo com o que devia estr feito e não estava, e tive de levar nas orelhinhas e calr.

 

Porquê? Porque me lixaram e eu a ver. Porque falharam com prazos, com combinações, e sobrou tudo para mim. Porque  não aprendo que ser boa pessoa nas obras, é meio caminho andado para uma enrabadela de todo o tamanho. E porque andando nisto à quase 12 anos, ainda acredito no Pai Natal . " Oh qui carago!"

 

Como tal, e como digo " para vaca, vaca e meia" ( leia-se puta) fiz uns telefonemas radicais, e uns emails radicais, pelo que terei distribuido o meu stress por muito boa gente, que se me visse neste momento, me dava um tiro. Temos pena. Isto tem de acabar de sobrar sempre para a mesma.

 

Eu estou por tudo! Quarenta e muitos graus e um carro sem ar condicionado também não ajudaram ao meu bem estar físico e psicolágico, mas eu estou tão cansada, mas tão cansada desta vida, que eu nem sei.

 

Tenho de dar ouvidos, ao Muda de vida, se há vida em ti a latejar. A menos que a minha vida já não lateje.

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 22:15
tags: ,

Selo concurso
limetree
mais sobre mim
Janeiro 2018
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9
10
11
12
13

14
16
17
18
19
20

21
22
23
24
25
26
27

28
29
30
31


Selo concurso
limetree
blogs SAPO