Redacção: a feira de Maio.
Hoje fui à feira. A romaria anual, o dia do ano em que como farturas do Nuno, porque um saco cheio é barato, mesmo cheio, não tem fila e as farturas são boas. O dia do ano em que me recuso a andar naquelas máquinas diabólicas, porque me deixam enjoada só de olhar.
O que me resta? Esperar e olhar. E pensar na vida. Dos outros.
...Devia ser proibida a actividade a crianças e jovens. Acho muito mal ver miúdos demasiado pequenos em demasiada autogestão, eu!!, a defensora da autogestão das crianças. Com escola aqui e acolá, (quando vão), sem raízes e sem mais ambição possível que ser alguém de aspecto altamente chungoso que saltita entre carroceis a apertar seguranças, a vender bilhetes em cubículos ou a apregoar as viagens em voz fanhosa e em alguma língua que finge ser o português.
Devia haver um dress code para se trabalhar lá ( e para lá ir). É demasiada densidade de figuras que parecem uma mistura de Ana Malhoa com personagens do game of thrones ou dos Vikings. Acho que até vi o Greyjoy que foi torturado e tudo...
Vi demasiadas calças com fundilhos pelos joelhos, caps, barbichas, alargadores e piercings, tattoos manhosas e cabelos rapados com uma poupa no cocuruto da cabeça, com ou sem madeixas, com ou sem elasticozinho
Vi maquilhagens carregadissimas em garotas, muitas miúdas clonadas em roupa, calçado e penteado.
Concluí que as modas mais ridículas dos 80's rivalizam fortemente com as actuais. Ainda bem que não sou uma teenager à procura de namorado, a escolha ia ser penosa.
Concluí também que sou muito crítica comigo: a julgar pelo que vi, nada me impede de usar leggings, calças justas, tops abusados, vale tudo, vale tudo. Ou talvez haja um espelho que me alerta para o bom senso e presença. E vergonha alheia.
Olhando para as pessoas, parece-me que o pessoal de leste está genuinamente feliz, com uma presença discreta e pacata, com os seus filhotes. Se calhar é para não darem nas vistas, andava por lá um agente secreto do kgb...
As Sul americanas ousam no traje e na maquilhagem.
As da médio oriente riem, tiram fotografias.
Ainda bem que não sou, nem estou recrutadora de recursos humanos. Não teria dúvidas em reprovar 90% das pessoas que me passaram pela frente.