Há manhãs em que sinto que tenho 6 ou 7 filhos: vestir a Rita e a Inês, trocar a camisola porque é larga, trocar a camisola porque é apertada, ou porque a cor é assim, ou assado, a manga é curta ou comprida.
Mudar as calças por saias, ou saias por calças, as leggings por fato de treino, o fato de treino por calções...
E depois calçar, voltar a calçar porque a meia fazia impressão, o laço dos atacadores está largo, está apertado, já se desfez.
Voltar a mudar qualquer coisa porque entornou leite, ou limpou as mãos à roupa, ou sujou com pasta dos dentes.
Penteio a Rita uma vez, duas vezes, três vezes, quatro vezes, com ela a choramingar e chiar atrás de mim, porque o totó está torto, está acima, está abaixo, a franja não está bem apanhada, o gancho caiu.
Pentear a Inês, nivelar os totós com nível de laser, está apertado, está a puxar, está largo, está mais acima, está mais abaixo. Tudo isto com um ruído de fundo delas a chorarem, chiarem, Mãe,a Rita fez isto, Mãe a Inês disse aquilo.
A mim, apetece-me sair de casa e deixá-las alí. Ou desatar à bofetada. Ou as duas coisas.
Por isso, não me voltem a dfizer que ainda é cedo e já tenho um ar cansado, ou que a respiração está ofegante, ao telefone, ou se vim a correr, e se não tenho frio. Não. Não tenho frio, sou gorda e já me mexi muito.
E ainda antes das 9 da manhã já fiz coisas demais. .