Quem me conhece sabe que no top 5 das minhas preferências se encontra a leitura.
Gosto muito, sempre que posso leio, na minha mala, no carro, onde eu estiver há, com certeza, pelo menos um livro, que me alegra os dias e torna menos penosas as horas que passo há espera de alguma coisa, seja de filhas, de uma consulta, de uma reunião, de um novo trabalho...
Um presente "envenenado", que me rouba tempo com quintas e doces, if you know what I mean, não conseguiu, ainda assim, passar à frente desta preferência, e depois de um duro "Quando os lobos uivam" de Aquilino Ribeiro, atiro-me de cabeça ao último de José Rodrigues dos Santos," Um milionário em Lisboa".
Gosto, sobretudo, de romances.Sejam fofinhos, melosos, dramalhões, picantes, escaldantes, escandalosos, policiais, misteriosos. Não me apanham de volta de livros de auto ajuda, testemunhos de "corajosos" que põem as suas experiências como regra para quem já está desesperado e não sabe que tem cérebro apto a pensar, livros muitos filosóficos, muito premiados por críticos mas que eu não sei ler...mas dêem-me romances, e eu leio. Nos últimos anos, desenvolvi o gosto pelo romance histórico.
( e aqui estou eu a pensar que adoro a engenharia e as ciências, e que a minha vida é isto, com um som muito alto, para ver se não ouço a minha cabeça a dizer-me que se calhar tinha tido uma agradável experiência se tivesse seguido um curso de letras, línguas, história, ciências sociais...bem alto para não conseguir ouvir...)
Isto dos romances históricos leva-me ao que eu, de facto, queria dizer hoje: ATENÇÃO ; ISTO SOU EU A FILOSOFAR E A POLITICAR!
O mal disto tudo, o " é o país que temos", o " a culpa é desta sociedade", o " este mundo está roto, chove nele como na rua", é tudo uma questão de falta de História ( depois de uma formação humana conveniente).
Ainda ontem à noite me arrepiava com acontecimentos de há 100 anos atrás, com cenários no centro da Europa e médio Oriente, lia nomes como Aleppo, Trebizonda, Mossul, Kirkuk, Bagdad...e entretanto já não sabia se estava a ler sobre guerras entre turcos, arménios, curdos, cristãos, muçulmanos,facções religiosas, sobre deportações, execuções, violações, fugas de população, campos de refugiados, fome, doenças, morte, guerras de poder e petróleo, corrupções e "bakshish", políticos fanáticos ou políticos corruptíveis, ou se estava a ver um notíciário dos dias de hoje.
Porque a sensação que tive é que só os nomes das pessoas mudaram, e já não mandam telegramas, porque hoje haverá sempre um telemóvel, uma objectiva, um satélite para que as coisas se registem e saibam com mais rapidez...ainda que o resultado desse conhecimento seja o mesmo.
Obviamente, quem dirige ou pretende dirigir os percursos dos povos, bem como todos os que, querendo ou não são dirigidos, têm falta de conhecimento histórico. E de discernimento para tirar as conclusões dos resultados do que aconteceu à 100, 200, 300...1000 ou 2000 anos.
Porque concluo, outra e outra e outra vez, que nada tem mudado. Sempre os mesmos actores, sempre os mesmos cenários, sempre os mesmos enredos. Versões patéticas de cenas da história do mundo, onde os protagonistas repetem e agravam os erros das versões anteriores.
E ainda assim, há sempre alguém que bate palmas no final, há sempre alguém que recebe a medalha, há sempre alguém disposto a levar à cena a mesma História.
Sem as devidas emendas.