Sobre mim e outras coisas, irreais, ou nem por isso...

28
Mai 14

Depois de todas as cobras e lagartos que me emprenharam os ouvidos, lá fui eu, de coração acelerado, à consulta no Hospital. ( Leiria).

Cheguei a tempo e horas, fui atendida a tempo e horas.

 

Primeiro, uma enfermeirinha fez as medições da praxe, as perguntas da praxe, e depois embalou numa quantidade inacreditável de informação, que debitava enquanto me entregava folhetos sobre tudo o que eu preciso e não preciso saber sobre a gravidez, desde o que se pode ou não comer, ou fazer, ou vestir, ou mexer, ou andar a pé ou de carro ou de barco ou de avião, "saltar" para cima do marido ou ser "saltada", licenças, baixas, consultas...12 folhetos, e , de repente, pareceu-me que a senhora se tinha esquecido que eu tinha dito que ia na terceira gravidez...

E lá me entregou uma bolsinha com publicidade e cremes de oferta...ora isto nunca tive eu num consultório privado.

 

Depois veio a doutora, uma cinquentona de dimensões não inferiores às minhas ( o que é bom, normalmente sabem o que é ser gorda e dispensam os discursos moralistas em que os magros são peritos), e voltou a perguntar, e a perguntar e a mexer, escarafunchar, e não desistiu enquanto não se ouviu bater o coraçãozinho do meu/minha caninito/a. A simpatia foi estritamente a qb. 

 

Saí mais satisfeita, com a certeza de ter sido bem atendida, com nova data marcada. Desemprenhei logo ali as cobras e os lagartos, ainda no corredor. 

 

Mas se tiver que reclamar algum dia, hão-de ver se fica alguma coisa por fazer...

 

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 16:41

27
Mai 14

-estão a ver aqueles putos que vão para escola decidir que são maiores do que os outros, e bater, humilhar, seleccionar..."bullyzar" os outros?


- estão a ver os parvalhões que se picam na estrada, (desde a lambreta mais caquética ao carro mais piroso e armadilhado)?


- estão a ver os galifões que não dão uma "prá caixa", mas ficam a mandar bitaites com arrotos de cerveja?


- estão a ver os dirigentes desportivos, associativos,culturais....que vestem a camisola e não descansam enquanto não denegrirem, enxovalharem a concorrência e os antecessores?


- estão a ver os acelerados que decidem que resolvem qualquer assunto à porrada?


- estão a ver os rebarbados que levaram na tromba ( e com razão) ou foram afrontados ( e com razão), uma vez na vida, e decidem declarar guerra por atacado, de forma genérica e para o resto da vida, contra todos os que forem parecidos ou não parecidos com quem lhes foi ao focinho?


- estão a ver aqueles assassinos que vêm nas notícias, que um dia lhes deu um "click" e desatam aos tiros ou às bombas, e depois toda a gente vem dizer que nunca tinha reparado, que era pacato, normal, boa pessoa, menino da sua mãe?


-estão a ver aqueles que nunca fizeram ponta de um corno para melhorar a sua vida e a dos outros, e que culpam terceiros pela sua desgraça?

 

estão ?

 

é porque agora vão vê-los ainda mais vezes, mas a mandarem nos destinos da europa. Não são estes, literalmente, são outros iguais ou piores, e agora com uma cadeira que lhes legitima as acções.

 

e porquê?

 

porque quem devia ser pessoa de bem, e que devia ter governado justamente, correctamente, não o fez, e perdeu a credibilidade. E quem não tem cabeça para mais, paciência para mais, tempo para mais, e está no limite do desespero, está por tudo, até disposto a passar um cheque em branco a quem não gostariam de ter como vizinho ou namorado da filha...

 

e de quem é a culpa?

 

não sei, não sei se sei ou não...mas vou ver se consigo explica às minhas filhas para que não se tornem assim, nem se deixem ir na cantiga. E talvez elas possam explicar aos amigos e amigas, e que estes possam fazer o mesmo com os seus filhos, se um dia os tiverem...

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:48

23
Mai 14

Sei que sou, quando abro a boca numa crítica.

O que tenho a dizer, digo, com todas as letras, sem figuras de estilo, sem elegância, sem "souplesse", sem subterfúgios. Preto no branco. 

 

às vezes corre mal, outras nem por isso. Depois, vivo com as consequências do meu acto: alívio, na maior parte das vezes, ou o morder a língua e pedir desculpa, enfiada num buraco, num número mais reduzido.

 

Depois, dou por encerrado o assunto, e começo do zero.

 

É que o que mais me custa é andar a remoer sobre as coisas, a perder horas do meu sono precioso e cada dia mais escasso, dias após dias, semanas após semanas, meses ou anos a fio.

 

Por isso não sou boa nem em segredos nem em mentiras, nem em dar "cobertura".

 

Por estas e por outras, sou "persona non grata" em tantas coisas, estorvo e empecilho noutras. Por estas e por outras tenho o defeito de não conseguir virar costas a uma luta que ponha em causa coisas ou pessoas em que acredite, ame ou estime.

 

Por estas e por outras, não me cabe a lingua na boca.

 

Por estas e por outras é que só não durmo bem se me doer alguma coisa, no corpo ou na carteira, porque no coração e na consciência é raro ficar alguma coisa a doer.

 

 

E por ter de andar de matraca fechada, e de ser má como as cobras, ando a morder a língua...o veneno começa a circular em mim, e só espero que não me tolde o coração e o discernimento, que a vista já me toldou...

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 20:01

19
Mai 14

 

Diz que aos 39 sou velha, e como sou gorda, tenho o título pomposo de "grávida de alto risco".

 

Desde que descobri que estava grávida, quase nada me doi, ao contrário das quase 8 semanas que demorei até saber que estava grávida. Fiquei a saber, nessa altura, que devido ao meu título, tinha de ser encaminhada e vigiada no hospital. Consultei a minha G/O e ela confirmou, a cunhada médica de família confirmou, e ficou combinado que eu seria seguida no hospital.

 

Se continuásse a ir à minha médica de sempre, já iria, no mínimo, na 3ª consulta. Isto era o que eu fazia quando era apenas "grávida".

Assim, não, sou de alto risco, mas terei a primeira semana às 15 semanas...e terei feito a eco das 12 semanas  através de uma cunha monumental...

Estou curiosa para saber como será a consulta...as análises já as fiz hoje, para as levar para o hospital.

 

Não há vagas, não há meios, não há verbas...isto em plena crise demográfica. Se houvesse para aí um baby boom, como seria?

 

Agora digam-me lá? se sou de alto risco, não devia ser mais vigiada? vou achar piada quando no fim me disserem que não tive as consultas previstas, terá sido negligência da mãe...

 

Antecipo o pior atendimento. imagino o que vou escrever no livro de reclamações.

 

Resta-me esperar para ver.

publicado por na primeira pessoa do singular às 16:28

15
Mai 14

Hoje é o dia Mundial da Família, coisa que, este ano, faz ainda mais sentido cá por casa.

A minha família alargada é grande, mas tem deixado de ser um grande núcleo coeso para se transformar em pequenas aldeias isoladas, coisa que nunca imaginei que pudesse acontecer, por tudo o que nos foi ensinado em pequenos, pelo exemplo que recebemos.

As coisas da vida têm alargado rios, vales e mares, partido algumas pontes, aluído algumas estradas, posto trancas em portas e fechado janelas, mas outras pontes se têm erguido, novas estradas se rasgam, escancaram-se portas e janelas. Noutras terras, noutros países, noutros continentes, a vida continua, e felizmente ainda existem o Natal, os piqueniques de verão e muitos aniversários onde as vidas se voltam a cruzar ao vivo e com cores diferentes que os azuis do Facebook.

Hoje é dia da Família e temos algo a anunciar : a nossa família vai crescer, e se tudo correr bem, no mês de Novembro nascerá um bebé muito desejado tanto pelos pais como pelas irmãs.
Até agora corre tudo muito bem ( correr não é a palavra mais adequada, pois apenas me apetece dormir...). 
Esperamos então que chegue o Outono.

publicado por na primeira pessoa do singular às 10:45

13
Mai 14

Primeiro atiram a bomba de fumo dos salários e contratos colectivos. A multidão entra em pânico, desorienta-se, reclama, e espera...


Depois recuam.


Nos próximos dias, a bomba que se segue será de estilhaços...


E depois dizem que não têm culpa, que deram uma boa hipótese, que vocês é que não quiseram...

 

É o padrão, o modo de operação dos últimos anos...

 

Enquanto isso, inflamam-se os ânimos, extremam-se posições, e tudo parte para uma base de inegociabilidade...

 

Eu, que nem percebo nada disto, e que já fui empregada, e que agora sou uma patroa de insucesso, tenho sérias dúvidas...

porque se calhar já era tempo de...

 

- fazer desaparecer "500 mil" acordos de contrato, e fazer "50" acordos mais justos, adequados a determinadas áreas de actividade, industria e serviços

 

-fazer desaparecer "200" parcelas suplementares de subsídio de corte de cabelo, de engraxar sapatos, de vir hoje, de não vir amanhã, de acordar bem ou mal disposto, de apoio à prima e à amante...e passar a ter um valor justo de rendimento de trabalho por cada hora de trabalho, adequado às possibilidades das empresas e às necessidades efectivas do custo de vida em Portugal ( e ao custo da morte, do nascer, do educar, do comer, do sobrar qualquer coisa ao fim do mês, já agora,do ficar cá a aturar esta cambada)

 

-os impostos e contribuições do trabalho deixarem de penalizar empregadores e empregados, não deixando grandes opções que não a fuga aos mesmos...que a mim ninguém me tira da cabeça que os salários não aumentam não é por causa de produtividades, ou troikas, ou o raio que os parta, mas sim por causa da % que o Estado ganha por cada hora que alguém trabalha

 

-fazer desaparecer "2 000" tabelas salariais, "6000" regras de evoluções e posições remuneratórias, porque na hora de comer, ninguém é suposto ter uma fome maior que o outro... funções idênticas, salários idênticos, num intervalo de diferencial de remunerações relativamente pequeno, porque não há trabalhos tão mais dignos, tão mais meritórios que justifiquem diferencias de base que multiplicam por várias vezes os salários mais baixos, que empurram para esses trabalhos os mais excluídos e desclassificados ( e cada vez mais os que se qualificaram), e estigmatizam a natureza dos trabalhos. A evolução lógica é a da competência, revista por uma avaliação justa e regrada, e pelo julgamento que deve ser isento e sincero da parte de quem paga.

 

- tornar únicas as regras que definem férias, feriados, tempos extra de trabalho, pensões,condições de reforma, assistências na doença, à família, ao ensino e formação,à maternidade/paternidade, ao trabalho parcial, ao desemprego...para ver se deixamos de ser a república das bananas , e passamos a ser um País

 

e antes de me chamarem "coisas", só mais 2 ou t3 coisinhas , ou 4 ou 5:

 

- sei o que é estar do lado de "empregado", e o que é estar do lado de "patrão". Se o primeiro não é fácil, garanto que o segundo não é melhor. Porque nem todos os patrões são desonestos e ser patrão não é sinónimo imediato de explorar os funcionários e viver ricamente às suas custas. Convido até, a quem generaliza indiscriminadamente isto, que se chegue à frente, dê o exemplo, se torne um patrão próspero de uma empresa empregadora de trabalhadores felizes e bem reconhecidos. E me aceite como feliz empregada

 

- na parede do tribunal de Leiria, entre erros e outros graffittis, aparece esta frase, na qual penso muitas vezes " A maior cobardia é saber que é justo, e não o fazer". ( aplicarei aqui, indistintamente, a ambos os "lados")

 

- outra frase que me guia, também é fácil de perceber " quem não faz parte da solução, faz parte do problema" ( mais uma vez aplicarei indistintamente). Também podia dizer " quem não chora, não mama...", mas se sei o que é ser mãe chantageada pelo choro de bebés que já nascem com manha...quanto mais ser-se pai e mãe de sabidões que fazem do choro o modo de vida...( aplicarei aqui, mais uma vez, indistintamente, a ambos os "lados")

 

- nem tudo o que compramos ( ou ADQUIRIMOS) é para o resto da vida, é às vezes é preciso perceber que a vida útil da coisa acabou, e que temos de pensar em substituir por algo melhor, ou mais evoluído, ou mais JUSTO, e que isto não significa obrigatoriamente PERDER. Quem diz coisas, pode estar a dizer direitos, ou pseudo direitos ...se fossem DIREITOS eram iguais para todos...mas lá está, aqui neste rectângulo, somos todos supostamente iguais, mas há uns mais iguais que outros, e aos que choram, berram, gritam aos trinta farrapos, que "tá mal", "tamos a ser róbados", isto parece não fazer a menor diferença, "ku mal dosoutros pósseu bem"

 

Pronto, já podem bater na gorda.

publicado por na primeira pessoa do singular às 17:44

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