Este é um post rebarbado, de fera ferida.
Os miúdos que rodeiam as minhas filhas, têm, na generalidade, poucas oportunidades de actividades culturais ou de conhecimento, por falta de interesse dos próprios e dos pais.
Mesmo que os garotos não se interessem, os pais também não insistem. mesmo que os garotos insistam, os pais não lhes dão oportunidades.
A desculpa de ser longe, ser caro, não saberem cai por terra, quando, na própria aldeia se criam actividades que tentam aproximar, ainda que a pequena escala, o que se passa em locais como o Museu das Ciências Naturais, o Pavilhão do Conhecimento ou o Visionarium.
Não era preciso ir longe, nem pagar deslocações e viagens, nem tinham de saber...
E foi assim, integrado no Projecto Rios,que há umas semanas falámos com os pais sobre um passeio no rio da nossa terrinha e programámos actividades científicas e exploratórias sobre a água.
Durante dias ( mais propriamente noites, preparei cartazes e apresentações, arranjei equipamento, livros, desenhos, para apresentar aos meninos, depois da caminhada.
Entretatanto, começou a chover, o que terá afugentado muita gente, mas tendo isto em mente, avisei toda a gente que, se chovêsse e não houvesse passeio, ainda assim teriamos actividades.
Chegada a hora do passeio, este realizou-se, com meia dúzia de gatos pingados, que arriscaram enfrentar as ameaças de chuva e foram contemplados com um percurso magnífico, sob um sol tímido, mas colaborante. E foi , de facto, um belo passeio, em pouca, mas muito boa companhia.
As mães e pai presentes divertiram-se, os miúdos mostraram uma energia inesgotável e uma alegria contagiante. O local era lindo!
Para o almoço partilhado quase ninguém apareceu ( nem que fosse para comer de borla, carago!!!), e para as actividades da tarde, os gatos pingados do costume e pouco mais.
60% dos inscritos não apareceram. Os restantes aproveitaram as actividades com entusiasmo e brilho nos olhos próprios de crianças.
Senti-me muito frustrada. Pelas horas investidas a preparar tudo, mesmo o que correu menos bem. Senti-me usada, defraudada. Senti-me parva por ter elevado as expectativas.
......................................E no entanto, valeu tanto a pena por aqueles meninos!!.......................
Senti-me estúpida, e muito burra, por ter a veleidade de pensar que o que eu acho melhor para as minhas filhas, também é o melhor para os filhos dos outros.
Como se não me tivesse sido demonstrado, vezes sem contas, que vou a remar contra a maré...
Ou como disse a outra, muito ofendida, numa das reuniões de pais em que propus que se adptassem actividades experimentais e culturais que complementem o ensino que vem nos livros da escola, " Cultura geral só dá quem quer, podes achar que isso é bom para as tuas filhas, mas eu não quero para o meu..."