Sobre mim e outras coisas, irreais, ou nem por isso...

28
Out 11

Hoje não há escola de manhã, as professoras vão a uma reunião sindical.
Tudo bem, têm direito a contestar, mas não podia ser mais lá para o fim do dia?assim lá para as 17:30h, quando acabam as aulas?
Não é greve, é como se fosse. E quem não tem onde deixar os filhos faz o quê? Falta ao trabalho. Lá se vai a meia hora extra de extrema necessidade para a produção de Portugal( mais as outras todas)...
Não me parece que seja assim que credibilizem as razões da luta dos professores: hoje, por cada professor que faltou, se calhar há 20 ou 25 pais a reclamar contra ele. As crianças agradecem.

publicado por na primeira pessoa do singular às 09:09

26
Out 11
Sabem aquela história dos doentes com hepatite B que as clínicas de diálise querem recusar e agora está tudo muito ofendido? Ofendam-se mais um bocadinho:
- se o Estado manda para o privado é porque, pressupõe-se! que seja mais barato fazer no privado de no público, ou então que sai tão caro ao público equipar-se devidamente, que sai mais barato mandar fazer. Certo?
- agora o estado, que combinou ...um preço, decide reduzi-lo. Não sei se as clínicas ganham pouco ou muito, mas o que é certo é que se fossem as clínicas a querer aumentar , o estado não aceitava, mas as clínicas têm de aceitar que o estado reduza.
- Por fim, as clínicas, considerando-se mal pagas dizem: não, eu não quero prestar mais este serviço que me dá prejuízo e é insuficientemente pago, e o estado diz que não, que estão a descriminar...
- Então o estado não pode ter prejuízo ( ou deixar de ganhar, ainda que não perda), mas as clinicas podem???
- E isto chama a atenção, porque mexe com a saúde. Mas e as outras áreas em que o estado tem contratos?
publicado por na primeira pessoa do singular às 15:43

19
Out 11

alguém me chama uma ambulância ao escritório, para me internarem no hospital psiquiátrico mais próximo? então não é que recebi mais uma guia de pagamento de pagamento especial por conta, de 440€? mas a empresa dá lucro e eu não sei? Vou roubar para pagar isto? deixo de pagar a luz, a água a segurança social, o IRS e o IVA para pagar PEC? Ou simplesmente desisto? É raro ficar sem palavras, mas acho que me está a acontecer...eu ainda nem acabei de receber o ordenado de novembro do ano passado!!!

 

hoje paguei, e não bufei...

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 19:01

 

Eu bem disse, ontem, que era para me levarem para a psiquiatria... hoje acordei poeta:

A minha oração

Senhor
...
ministro das Finanças
ou da Economia
atende as minhas preces
a minha agonia
pago TSU e IRS, IVA e IRC
pago PC e IES, então o PEC porquê?
Pago o seguro do carro, da saúde e do trabalho
da casa , do terreno.
pago empréstimo e os juros, o IMI e o IUC
pago gasóleo e portagens
trabalho todo o dia,
não recebo porquê?
Cumpro as regras, e as leis
sou honesta e amiguinha
vou à escola vou à missa
voto sempre e participo
para o que serve, não sei
mais valia ir para noviça
ai que triste vida a minha
Se quiser criar galinhas,
lá no fundo do quintal,
tenho de as ir declarar
não venha daí a gripe
e a bicharada matar
Se quiser criar coelhos
lá no fundo do jardim
logo há de vir a DGV
e vai dar cabo de mim.
Se quiser fazer rissois
no sossego da cozinha
ou uns bolos para vender
não tenho bancada inox,
rede, copa, mosquiteiro
logo há-de vir a ASAE
e as coisas apreender.
Da minha mente arejada
instruída e abananada
há-de surgir a resposta
lá em casa vai-se andando
come-se mais moderado
corta-se a dose, estamos gordos
divide-se melhor a posta.

Margarida arrepia caminho
arranja um rumo novo
põe esta empresa a render
Bem sabes , está tudo para o mesmo
usa o cérebro e as mãos
tu não vais esmorecer
não te vais deixar vencer

e o poema continua...num estilo muito próprio, mas com palavras impróprias. Reservo-o ao interior do meu pensamento

não rima muito bem? não faz mal, o Saramago também não cumpre a gramática e ganhou o Nobel.

palmas, palmas

obrigados, obrigados
publicado por na primeira pessoa do singular às 18:57

14
Out 11

só para fechar a porta  ao meu mau feitio e acabar com o meu humor negro e cínico, é assim:
- Sinceramente, não receber os subsídios de férias e natal  era coisa que não ME ia afectar muito, até porque já estou habituada a viver sem eles
- Sinceramente, trabalhar mais meia hora por dia não me faz mossa, porque já costumo fazer mais que isso
- Sinceramente, o IVA do leite e dos iogurte também não me rala muito, porque eu tenho de o beber e ao fim do mês serão cerca de 2€ de diferença no leite simples, e cerca de 3€ no de chocolate, já fiz as contas.

 No entanto  incomoda-me saber ou não saber:
- Que quem ganha 3 ou 4000€/mês não vai sentir nada...
- que vai ser toda a diferença para as famílias que têm filhos a estudar e usam o subsídio para as propinas e livros, para os seguros, as reparações do carro ou as obras inadiáveis
- que vão continuar a existir motoristas, carros de serviço, que muitos funcionários continuarão e agravarão a postura do "ninguém me paga para eu fazer isto ou aquilo", "ninguém me paga para eu levar uma caneta de casa para fazer o meu trabalho" "ninguém me paga para eu ficar mais um minuto"..SENHORES FUNCIONÁRIOS QUE ME POSSAM ESTAR A LER: NÃO TENHAM NUNCA A INFELIZ IDEIA DE USAR ESSA FRASE QUANDO SE DIRIGIREM A MIM, POR QUALQUER MOTIVO....SIM? PARA BOM ENTENDEDOR, MEIA PALAVRA BASTA.
-que as contribuições e impostos que constituem as receitas do estado vão baixar tanto, mas tanto, mas tanto , que isto não vai ficar por aí
- que muitas pessoas vão perder tudo na vida, porque vão deixar de pagar seguros do carro e do trabalho, e exactamente no dia seguinte, algo grave acontecerá
-que os funcionários de todas as empresas que estão a acabar os lanços de autoestrada e pontes que se têm reproduzido que nem coelhos ( as auto estradas e pontes) aqui na zona, vão ficar desempregados logo que as obras acabem
- que grande parte dos casais portugueses decida que não pode ter filhos ( na china tiram os benefícios a quem tiver mais filhos, cá tiram-nos mesmo antes de se pensar no assunto...)
-que os cortes nos recursos  da educação, saúde e infraestruturas básicas, vão incidir sobre os utentes e trabalhadores menos classificados
- saber que o nosso premiere quase chorou ontem à noite...lágrimas de crocodilo


o que era preciso era um reset, pensando claramente quais os objectivos e deveres do estado para com o cidadão, reset nas empresas e fundações do estado e pensar :
- o que é imprescindível
-o que é necessário
- o que seria bom
-o que gostariamos

e começar a preencher por cima.
Sobrava para ordenados desporprocionados? então venham eles. Sobrava para sistemas de saúde extra? venham eles
Sobrava para regalias? Maravilha.

mas só depois de se saber que ao menor e último da lista de cidadão nada de essencial faltava.

não, não sou comunista. e  socialista utópica também não.


Mas muitos alguéns que têm ditado as regras deste país se têm esquecido de olhar um bocadinho mais longe do que para os seus umbigos.

 

e mesmo assim, não se importam de ver o cotão nem o cheiro que de lá sai...

publicado por na primeira pessoa do singular às 18:20

13
Out 11

aqui

publicado por na primeira pessoa do singular às 22:48

para eu estar a falar com o marido, de como tenho adiado a vida, e a necessidade de emagrecer, para virem de lá as filhas a chorar baba e ranho, porque se eu queria emagrecer, era porque depois ia procurar um namorado mais bonito e mais magro?

 

fiquei parva a olhar para elas, e disse-lhes que amava o pai como ele era, gorduchinho e peludinho, e que ele também me amava, apesar do meu tamanho...

 

foram peremptórias: o emagrecem os dois, ou não emagrece nenhum

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 16:02

12
Out 11

Desolador. Chorei, como se fosse comigo.

 

É comigo. Há meses que falo disto todos os dias, que o sinto na pele...

publicado por na primeira pessoa do singular às 23:06

 

É sistemático, e eu já devia saber.

 

O primeiro teste de gravidez da minha vida foi feito com uma amiga, estava eu a estudar em Lisboa, e só podia dar negativo. E foi o que deu. Dias depois, repetido com o namorado, e sim, era mesmo negativo.

Penso que ainda terei feito mais outro, sim, claramente negativo, durante os meus tempos de solteira. Claro que ia dar negativo, mas just in case...

 

O que eu não sabia que ia ser por coisas destas que eu começaria a ir ao médico, até ser diagnosticado sindroma de ovários poliquísticos ( OBESIDADE, INFERTILIDADE, INSULINO RESISTÊNCIA, HIRSUTISMO, e outra que eu não me lembro, foram os substantivos que passaram a fazer parte dos meus dias). Acho que só escapo mesmo ao excesso de pelos- considero-me normal, às vezes até um pouco sortuda.

 

Depois de casada, em menos de dois meses decidimos que queriamos ter filhos e aí os testes continuaram a dar negativo...

Testes atrás de testes, meses a fio, sempre negativo.

Até quando fiquei grávida da mais velha, depois de meses de tratamentos e injecções aquela treta deu negativo...

 

Dezenas!!! Dezenas de testes que já fiz, e a dar negativo. Ao fim de 1 dia, de 5 dias, 10 dias, 20 dias de atraso.

Já podia ter ido com o marido fazer umas férias a sério à conta do dinheiro gasto...

 

Há 2 anos que tento engravidar, de novo. Primeiro, com ele relutante, mas dia 5 de Dezembro, passarão 24 meses desde que ele aceitou entrar nesta luta comigo, de braços abertos ao que der e vier ( ou não vieir)

Há meses que faço tratamento, dos mais simples, porque simplesmente não tenho dinheiro para repetir os que fiz em 2001/2002.

 

Todos os meses choro. Mas não posso, nem por um segundo, deixar passar essa ideia de desespero, e guardo silêncio.

 

E de vez em quando, mais um teste.

 

E é aí que eu digo: batam-me, mas com força.

cada vez que eu faço um teste, ás vezes ainda não acabei de fazer o xixizinho no teste, e lá vem o pingo vermelho. Fico pior de danada. Fico f......ornicada!!!

 

E por isso, hoje fui espera. Fiz o xixizinho no copo e espreitei. Limpei-me, e nada. Sim, posso abrir a caixa e usar o teste. Sim, que esta porcaria é cara.

E o resultado foi:    Negativo.

 

Eu , sentadinha na sanita, à espera da 2ª risca, depois de uma semana de contenção de impulsos, e nada.

 

Desisti. Limpei-me melhor. No papel: vermelho...

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 12:24

10
Out 11

Um dia, deixei de cuidar de mim.

 

Porque nas obras não devia andar arranjada

 

porque usar perfume incomoda a bebé

porque usar relógio ou pulseiras magoa a bebé

porque os aneis deixaram de me servir

porque as bijuterias me fazem alergia

porque a minha pele está demasiado sensível/descamada/irritada para usar maquilhagem

porque nas obras, à chuva, cabelo arranjado e maquilhagem não funcionam.

e com calor e pó também não

 

porque não tinha tempo para me enfiar na esteticista e na cabeleireira

porque não tenho dinheiro

 

porque pouco ou nada me serve

 

 

ontem, pouco depois de uma discussão, iamos no carro, quase de costas viradas...

 

 

cheiras a morangos, exclamou. Morangos, agora?ou é frutas silvestres?

 

foste tu que me deste este perfume, respondi.

 

 

 

 

Há noite, arranjei as unhas, um verniz colorido nos pés, uma corzinha discreta nas mãos-

Hoje, tive mais cuidado ao pentear, coloquei uma ligeira pintura nos olhos, e um colar que fica bem com as sandálias vermelhas

 

 

DEVO, TENHO QUE, lentamente, voltar a ser quem era

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 09:52

08
Out 11

Hoje, e como pais que assumem os compromissos tomados, primeiro no casamento, depois no baptismo das filhas, acompanhámos as filhas à catequese e depois à missa.

 

Não sou o modelo de cristã católicaapostólica romana, e não é fácil apanharem-me na reza do terço ou na confissão, e ele nem nunca andou na catequese, mas optámos por dar a formação às filhas, para que mais tarde possam optar em consciência.

 

Na segunda leitura, descobri:

 

 

 

LEITURA II – Filip 4,12-14.19-20

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses

Irmãos:
Sei viver na pobreza e sei viver na abundância.
Em todo o tempo e em todas as circunstâncias,
tenho aprendido a ter fartura e a passar fome,
a viver desafogadamente e a padecer necessidade.
Tudo posso n’Aquele que me conforta.
No entanto, fizestes bem em tomar parte na minha aflição.
O meu Deus proverá com abundância
a todas as vossas necessidades,
Segundo a sua riqueza e magnificência, em Cristo Jesus.
Glória a Deus, nosso Pai, pelos séculos dos séculos. Amen.

 

 

He shall provide, dizia eu aqui , tinha ouvido em qualquer filme, penso que possa ter vindo daqui, ainda que o termo possa ser Fullfill

 

Fiquei impressionada.

 

Acredito muito em "a César o que é de César, a Deus o que é de Deus", e não costumo rezar no sentido de pedir. Até em relação a Deus sou orgulhosa. E porque o meu pensamento científico me impede de ter a fé que me seria pedida.

Não peço fortuna e sucesso, não rezei muito para engravidar. Não era um assunto do divino, mas da ciência e da medicina. Mas depois de nascerem, um dia passei por Fátima ( tão perto, eu eu tão longe...) e pedi a protecção do PAI e da MÃE para cada uma delas.

 

Também acredito muito em "Deus ajuda a quem madruga", e é isso que tentp fazer, ainda que ultimamente, madrugar não seja bem sinónimo de poder produzir e conseguir produzir.

 

Gostei de ouvir. Não digo o mesmo da homilia, que ficou aquem do que se poderia ter dito.

No meu coração, sei o que hoje Ele me quiz dizer.

 

E, embora isto não aconteça muitas vezes, senti-me reconfortada na Sua palavra.

 

 

 

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 22:52
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07
Out 11

Parece é que paralisei e não me consigo mexer.

E doi-me tanto o coração, quanto me doeu quando a hérnia rebentou e deixei de me conseguir mexer, durante uns dias.

 

Mas a hérnia foi consertada por um bom médico, e eu voltei a andar, e esta dor de coração não tem cura à vista.

 

Fiquei hoje a saber que um conhecido meu, ( nem amigo é, pronto, conterrâneo) está bem, tem uma bebé de meses e é proprietário de um restaurante no brasil.

 

Há uns 2 anos pediu-me orçamento para um projecto e não aceitou, disse que era caro.

Todos os dias passo pelo terreno da obra e nada. Esfreguei as mãos e disse, é bem feito, o outro deve ter enrascado o projecto. Depois, um dia, vi a placa de licenciamento, mas da obra nem sinal.

Um dia destes encontrei a mãe, e foi ela que me disse que ele tinha pago, desistido e voara para o Brasil

Recordo agora que dizia a senhora, que o sogro dele lhes dera a exploração de um restaurante. Mas quando hoje vi isso, nem me lembrei.

 

Pensei primeiro:Boa, conseguiu!

Depois: Porra, um qualquer, sem estudos, e já se safou... ( como se ter estudos me valesse de alguma coisa!)

Num terceiro momento: Fogo, isso era mesmo bom para o irmão dele!

E a seguir: Era bom, se ele não estivesse divorciado, a mulher com a filha deficiente que ele adora, e se fosse embora, ia perder o contacto com ela, de certeza...Além de que a mãe está a ficar velha, e ele nunca a deixaria sozinha.

 

 

Bem , transferi para o irmão do outro o que me passa no coração, numa escala diferente.

 

Ontem recebi um telefonema, de alguém disposto a dar-me um emprego ...a 160km de casa/1h38m segundo o Google Maps.

Tem um CV muito interessante, dizia o homem , num sotaque nortenho.

 

contrapropús avença, part-time. Não, assim não lhe interessava.

 

Deixei fugir .

 

Sinto uma vergonha imensurável, porque pensei que tinha tudo para fazer nascer uma empresa, e o seu fim aproxima-se a passaos largos. Orgulho ferido. E pedir ajuda é uma coisa que me custa tanto...

 

 

E no entanto, tenho tanto medo de voltar a uma empresa, de novo horas sobre horas, quilómetros sobre quilómetros, sem horas para as filhas, para o marido, muito menos para mim.

E se fôr mandada para obras longe? e se tiver de lá ficar? durante quanto tempo?

Como vai ser a escola das meninas, a patinagem? as minhas aulas e o mestrado?

 

Como vai ser EU?

 

7 horas de aulas por semana dão-me um salário de merda.

 

o pouco trabalho da empresa não me dá salário nenhum. Dá-me um recibo que diz que sim, que me faz pagar IRS e Segurança Social, e que ao fim do ano conta no modelo 3.

 

Apesar de nada receber.

 

 

Não sei o que fazer, nem que mão estender. Nem se é para pedir, ou se para agarrar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 19:03

Fala comigo

Sussuros

Calor na face, lábios dormentes

Vem

Segura

Aperta

Balança

Descansa

 

Abraça-me, fica aqui ao meu lado, só mais um bocadinh

 

 

 

 

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:01

06
Out 11

O que me chamou primeiro a atenção foi um chapéu de sol com três toalhas e uma  cadeira, mesmo no sítio para onde eu queria ir. Instalei-me ao lado.

À sombra, um cesto de palha, a desfazer-se, tapado com um paninho, e chinelos, roupa, outros sacos, meticulosamente arrumados.

 

Depois vi três gazelas aos saltos. Três miúdas corriam pela praia, com um ar de alegria estampado na cara. A adivinhar, talvez 10, 12 e 14 anos.

Três meninas iguais, de corpo magro e branquinho, de biquini colorido, e longos cabelos louros, quase ruivos, encaracolados, em rabos de cavalo que se estendiam quase até às pernas.

 

Corriam, saltavam, salpicavam-se de água, enrolavam-se na areia. Felicidade. Pareciam até desajustadas da pacatez do local. Alheias, continuaram. Russas, pensei eu. Russas, ou de outro país de Leste.

 

Quando a hora do almoço chegou, apercebi-me que estavam com alguém. Sentaram-se na toalha e puseram um boné cada uma, parecendo ainda mais iguais. Uma senhora, de vestido preto às flores, e chapeu de palha distribuiu pão. Depois fruta. Beberam àgua de uma garrafa, em copos de plástico. As mãos delas estavam manchadas, as pernas com varizes, os pés maltratados. Vieram com a avó, pensei.

Vestiram as três uma camisola e colocaram echarpes esvoaçantes enroladas no pescoço e partiram para um passeio.

 

Dormitei.

 

Quando abri os olhos, arrumavam tudo e estavam de partida.

A miúda mais velha carregava o cesto de palhinha, com as laterais em risco de desintegração, mesmo ali. Seguiram a pé para o outro extremos da praia.

 

No final do dia, saída da praia e distingui os vultos no fim do passeio. Vinham, as três e a senhora, alegres e chilreantes.

Olhei para a avó. Mãe!!!. Uma senhora lindíssima, de óculos escuros, com ar de pouco mais velho que as filhas, escondida debaixo de um vestido barato e fora de moda, e um chapéu de palhaque lhe tapara todo o tempo as mais lindas feições.

Fiquei chocada e pensei nas pernas e pés de velha, a mãos estragadas.

 

O que já terá passado a mãe daquelas gazelas...

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:29

Ontem fui a S. Pedro de Moel.

 

Um local lindo, de Verão ou Inverno, um local onde seria um sonho morar...

 

 

Quando era da idade das minhas filhas, os primos passavam o mês de Junho nesta praia. os pais iam trabalhar e voltavam à noitinha, as mães e as tias ficavam com a criançada, numa casa arrendada para o efeito.

 

Era um mês perfeito. Torravamos ao sol, apanhávamos brindes que caíam das avionetas. faziamos trabalhos manuais ou leituras nos ateliers na praia ou na praça. Eram dias perfeitos. Um dia, as coisas mudaram, e deixou de ser possível esse mês de sonho.

 

Nessa altura, as rochas faziam laguinhos, onde brincávamos todos, fizesse sol tórrido ou nevoeiro.

 

Ontem estava assim. E foi o que elas fizeram. Como se fosse há 30 anos atrás.

 

 

 

Depois, e há 20 anos atrás, esta praia era a minha passerelle, onde eu desfilava um corpo invejável, um bronze de caramelo, onde todos os amigos da escola iam, e onde importava ver e ser visto. Eu , intocável, com a minha "coroa". E no entanto, nnca fiz parte do grupo da moda.

pavoneava-me orgulhosamente só, e sobrava-me a consolação de saber que era elegante e inteligente.

 

 

De há uns anos para cá, é um dos locais de eleição para os passeios de fim de semana, em qualquer estação do ano, para ver o mar e as ondas, sentir a mareisa, comprar pipocas na barraquinha da prima da sogra ( oh, como eu detesto pipocas, mesmo aquelas que todos adoram, e que são um sucesso desde que eu me consigo lembrar!!), os bolos de aemdoim, os fios de pinhão.

 

Ontem, voltei há praia, à areia, coisa que não devia fazer talvez há 18 ou 19 anos.

 

Resisti, vestida de calções compridos e camisola, sentada na toalha, tentando parecer mais pequena.

Observei, voltei a observar. Centenas de pessoas, um dia de Verão em Outubro.

 

Depois, enchi o peito de ar e tirei a roupa.

 

Já não é o mini biquini florido, mas um sóbrio fato de banho azul. A cintura não é fina, nem as coxas modeladas e sem celulíte. Avancei pela praia, com olhar distante, espreitando por cima das lentes, e assumindo uma velha máxima em que acredito " se eu não os vejo, eles também não me vêem a mim"

 

( é como outras máximas que são um "sucesso", como: "se não me viram a comer, é porque não comi" ou "se ninguém me viu a assaltar o frasco açucar amarelo ou a barra de chocolate, as calorias não contam")

 

Segui até mar, onde estive junto das rochas, das filhas e do marido. Depois entrei pelo mar e tomei um banho, que me soube bem e me revigoru a alma. Uma onda atrevida bateu-me na cara, e aspirei a água salgada, que me lavou por dentro. Cheirava a mar, sabia a mar, ao que eu me lembrava de ser , não o medo que eu tinha que fosse.

 

Voltei para o chapéu e, finalmente, deitei-me ao sol.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 10:30

04
Out 11

De volta às aulas, o dia de ontem foi arrasador...

 

almocei mais cedo e a correr, para me encontrar com o outro professor meia hora antes das aulas começarem. pensava eu.

 

Cheguei a tempo e horas, estacionei, fui ao segurança requisitar um projector e subi até ao piso 2 ( a pé), carregada de tralha. Fui pedir a minha chave, mas estava no segurança. Desci tudo de novo, a pé, carregada de tralha, e voltei a subir. Portanto, 20 minutos antes das aulas começarem, o almoço já se tinha ido.

A carteira estava vazia e pensei, já ali vou ao multibanco...

Telefonei ao outro, estava atrasado, e não veio à reunião.

 Agarrei na tralha, desci e fui dar aulas. 3 horas, com um bocadinho de pausa pelo meio, sala cheia, com mais alunos que o previsto.

 

 Voltei a subir ao gabinete e esperei pelo colega. E pensei, tenho de ir ao multibanco.

 

Comoele não chegava, fui ter com o orientador de mestrado, para combinarmos o final da tese, e eis que o outro passa no corredor. Espere que eu vou já. Fui. Quando estava a ir, a Coordenadora do curso chamou-me, e só depois segui para o gabinete. Entretanto, o tempo passava e eu cheia de sede e fome.

Bebi àgua da torneira, e fui a correr para outra aula, esta em que sou aluna. Antes do fim da 1ª hora saí a correr, deixei parte da tralha no carro, mudei de edifício, desci ao piso inferior, requisitei outro projectos, subi ao piso superior ( desta vez de elevador) e preparei-me para mais 4 horas de aulas.

 

Às 8 da noite, o ar da sala, de portas e janelas abertas estava irrespirável, quente, abafado. Combinámos parar às 20:30 para jantarem, porque a cantina fecga às 21, e desfiei normas, legendas, linhas e letras...eles sairam, fiquei a preparar o resto da aula durante mais uns minutos e saí.

 

Desci ao piso térreo e fui ao multibanco, finalmente!. NO MONEY. Nem um tostão na carteia. No bar não há multibanco. Não conheço ninguém. Fuck!

 

Subi ao piso superior, e , corajosamente, mas com um cansaço indescritível, aguentei a fome durante mais 3 horas e falei de escalas, desenhos, acompanhei os trabalhos, tentei levantar o moral até às 24h.

 

Quando desci, entreguei o projector, deixei os sumários, e segui para o carro, sentia-me a desaiar de cansaço e fome.

 

Conduzi para casa, primeiro para norte, por causa das obras, depois para sul, fazendo os desvios do dia, e os desvios da noite, outra vez mais desvios, e por fim cheguei a casa.

 

Assalto ao frigoríco, programação da máquina do pão e um duche. Deitei-me às 0:55h. Ninguém acordou, ninguém deu por mim.

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:39

01
Out 11

Era a 2º vez, em pouco tempo, mas já tomei um Victan, a ver se passa.

 

Estas discussões, de tempos a tempos, deixam-me de rastos.

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 22:13

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