O moço, trintinho, apresentou-se para cortar o cabelo. Jeitoso, mas longe de uma beleza estonteante. A falar, parecia um apresentador/critico de revistas cor de rosa, que anda por aí aos saltos, de sapatilhas AllStar e que se deve ter em muito boa conta.
Falou, falou, falou, sobre algo que eu não sei, sobre alguém que eu não conheço. Debaixo de um discurso de superioridade, uma dor de corno a explodir e a sair por todos os poros. A cabeleireira fazia perguntas enigmáticas, de poucas palavras, e ele respondia num tom seguro, seguro, tão seguro que quase aposto que quando saiu e antes de chegar ao carro, já devia destilar lágrimas...
Que sim, que nunca mais falou com ela, apenas lhe mandou mensagem na passagem de ano, que tem recusado muitas propostas, "porque eu tenho os meus princípios!", que não precisa de ficar muito giro, que voltou a apanhar ondas...que a psicóloga está a ser dura, mas a fazer maravilhas...que ainda lhe faltava a cabeçada de ver a outra com o outro.
Apeteceu-me rir.
Mais a sério:
agradeci por nunca ter passado por uma coisa destas.