Sobre mim e outras coisas, irreais, ou nem por isso...

28
Fev 11

Suponho que está por perto mais um pôr do sol.

A inquietação, a dependência, a demência dizem-nos bem alto que o avô Zé não nos fará companhia durante muito mais tempo.

publicado por na primeira pessoa do singular às 12:25

Regressaram os dias de Sol e o meu ânimo recupera, apesar dos dias difíceis que se avizinham.

publicado por na primeira pessoa do singular às 12:24

25
Fev 11

Mãe e filha. Mãe portuguesa, velha, caquética. Filha inglesa, homem aprisionado num corpo com vestígios de feminilidade, deve rondar os 40 anos. Bêbada até dizer chega.

Discutem, brigam, agridem-se mutuamente.

Fartei-me de chamar a polícia. Já perdi o conto das vezes.

 

E no entanto, a parte negra em mim: ouvi-las discutir, é como estar a ouvir um sketch da British Comedy.

 

Em versão real. Cómica. muito trágica

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 23:28
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Acordo com a maldade no corpo, a soltar-me a lingua: então o DL80/2006 não era para poupar energia, melhorar isolamento, e afins? então porque é que os edifícios novos, em especial os do estado, e nomeadamente as escolas de arquitecto que, escandalosamente, têm custado milhões à custa de uma feira de vaidades e de soluções construtivas e materiais à medida da fotografia e da revistinha de arquitectura, passaram a ter maiores custos com energia e água?

Escolas feitas à pressa, com prazos irreais, com gostos interessantes mas pouco racionais, construtores espremidos até ao tutano a usarem "soluções mais económicas", e depois è ver nos jornais que caiu o reboco, que o chão empolou, que entra água, que não têm dinheiro para pagar as contas da água e electricidade...

O DL e as obras são coisas distintas.

Ao DL,famoso RCCTE, tenho-lhe um desprezo desde o dia em que o conheci, porque de boas intenções está o inferno cheio, e aquele, no meio de tantas intenções, transformou-se quase no oposto do que devia. Quem o fez não anda nas obras. Quem o fez retira-me o direito de saber se eu tenho frio ou calor, diz-me a que temperatura devo estar. Quem o fez contraria regras seculares de bom senso. Quem o fez, diz que poupo energia introduzindo equipamentos que a gastam, achando que , por estarem previstos, vão gastar menos do que outros de que eu me venha a lembrar. Quem o fez, parece esquecer-se que as pessoas não estão formatadas por um regulamento. Apeteceu-me rir, e dizer : bem feito! Por isso rio-me e digo: Bem feito!

Quanto às obras, gosto tanto, que me doi ver o estado a que chegaram: primeiro, as obras são milhares de folhas, formulários, aprovações, certificados e conformidades. E se existirem os papeis todos, então a obra está óptima, mesmo que os trabalhadores trabalhem horas a mais, por salário a menos, mesmo que as pequenas empresas com bons trabalhadores fechem por falta de pagamentos, e sejam trocadas por trabalhadores temporários, explorados, sem experiência. mesmo que os materiais bons sejam trocados por coisas que se lhe assemelham só porque têm um carimbo e custam metade. Mesmo que os prazos sejam curtos, e que depois aumentem desmesuradamente, mesmo que esses prazos comprometam segurança e qualidade. Desilusão. Desilusão com um trabalho que eu costumava adorar fazer...

publicado por na primeira pessoa do singular às 10:04

23
Fev 11

O moço, trintinho, apresentou-se para cortar o cabelo. Jeitoso, mas longe de uma beleza estonteante. A falar, parecia um apresentador/critico de revistas cor de rosa, que anda por aí aos saltos, de sapatilhas AllStar e que se deve ter em muito boa conta.

 

Falou, falou, falou, sobre algo que eu não sei, sobre alguém que eu não conheço. Debaixo de um discurso de superioridade, uma dor de corno a explodir e a sair por todos os poros. A cabeleireira fazia perguntas enigmáticas, de poucas palavras, e ele respondia num tom seguro, seguro, tão seguro que quase aposto que quando saiu e antes de chegar ao carro, já devia destilar lágrimas...

 

Que sim, que nunca mais falou com ela, apenas lhe mandou mensagem na passagem de ano, que tem recusado muitas propostas, "porque eu tenho os meus princípios!",  que não precisa de ficar muito giro, que voltou a apanhar ondas...que a psicóloga está a ser dura, mas a fazer maravilhas...que ainda lhe faltava a cabeçada de ver a outra com o outro.

 

Apeteceu-me rir.

 

Mais a sério:

 agradeci por nunca ter passado por uma coisa destas.

publicado por na primeira pessoa do singular às 16:13

Fui operada em Outubro de 2008. Uma hérnia na coluna "rebentou" e deixou-me imobilizada e com as piores dores físicas de que tenho memória.

A recuperação foi razoável, e deu-me toda a liberdade para trabalhar sem dores.

 

Por outro lado, para além do preço exorbitante da operação, paguei um ainda maior. Desde essa altura que um sofá , um cadeirão, a cama , me lembram todos os dias que eu não fiquei como nova. Se estar sentada numa cadeira o dia inteiro, ou conduzir horas e horas não me fazem mossa, sentar-me num sofá pode terminar num doloroso pesadelo na hora de me levantar.

Deitar-me na praia, ou no sofá, é para esquecer. Deitar-me na cama, significa deitar-me de lado, ou começar com dores fortes em menos de cinco minutos. As noites passaram a ser um inferno, porque cada vez que precisava de mudar de posição, tinha de acordar e pensar como é que isso ia acontecer, e rodar-me, a força de braços, e com muita concentração, para não gritar de dor. Acordar muitas vezes por noite. E demanhã, um novo suplício, levantar-me. Com todo o jeitinho, rodando, pondo os pés no chão, levantando o tronco, e passar a primeira meia hora a tentar ganhar mobilidade sem dor.

E os pés, com dor na planta, reagindo a esforços, exercícios e com aversão a qualquer salto com mais de 4 ou 5 cm.

 

E eis que, este tempo todo depois, começo finalmente a acordar quase sem dores! É uma sensação fantástica, fabulosa!.

Sinto-me feliz! Sabe tão bem! Até dá tempo para ter voltado a sonhar...

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:51

22
Fev 11

Há terça feiras assim.

 

Saio cedo de casa antes das 7 da manhã, faço 20km até às instalações de um cliente, e arrancamos para as obras alentejanas.

Vamos sempre a falar, para lá, cusquices, obras, a crise.

Debatemos o estado da nação, o estado a que o estado chegou, isto parafraseando títulos sonantes. Discutimos a indústria, a agricultura, polítiquices.

Concluo que estamos do lado errado, os que trabalham sem grandes frutos, embora tenha mais pena de mim do que dele.

Atravessanos direito a Rio maior, e para lá da serra o tempo muda. Só poucos quilómetros antes de Coruche as coisas parecem animar. Isto querendo dizer que, àquela hora matinal, só chegando a Coruche se começa a ver mais do que camiões de mercadorias e carrinhas com pessoal das obras.

Atravessando a ponte, e tirando os carros acima descritos, volta a pasmaceira. Agora em tons de verde, há uns meses, cor de palha seca. quilómetros e quilómetros, e quilómetros. Cotos de árvores com cegonhas. Campos a perder de vista. Oliveiras.Entretanto há-de aparecer Évora, Portel, Alqueva e por fim Moura. Terra pacata, sossegada.

às vezes estamos lá meia hora , e estamos prontos a voltar para trás. Noutras, descemos ainda mais, Vidigueira, Cuba, Aljustrel, Castro Verde, e acabamos por almoçar nesta vila simpática.

Olivais.Vinhas. Nada.Olivais. Nada.Eucaliptos. nada.

De regresso, Ferreira do Alentejo, Alcácer do sal. Auto estrada até cá acima.

Gosto muito da viagem, mas estou limitada e não posso parar onde quero, tirar uma ou outra fotografia, fazer um desvio para o geocaching.

 

O que me perturba o espírito é tentar saber como ganham eles a vida, que nada se vê fazer, e pouco ou nada mais que as grandes adegas e lagares parecem ter vída útil. isso e quilómetros de estradas em obra. Se passam tão poucos carros, é preciso tanto estradão?

 

 

E no entanto eles vivem por lá. E parecem felizes. nada stressados

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 22:07

Todos os dia tenho montes de ideias para escrever qui.

Quando aqui chego, é tarde demais.

Esqueci-me. Mas garanto que era bom, quando, às 6 da manhã, me discorriam ideias sob o efeito da água quente do duche

publicado por na primeira pessoa do singular às 22:05

15
Fev 11

 Os idosos passaram a viver e a morrer sozinhos de um dia para o outro!

 

Como se nuca tivesse acontecido. Como se todos se tivessesm preocupado.

 

No meu prédio mora uma velhota com uma filha xoné. Malucas, doidas varridas, diabólicas. Gritam, berram, agridem-se, bebem demais. Quantas vezes é que os vizinhos já foram acalmar os ânimos? Dezenas de vezes. Quantas vezes é chamada a GNR? Só as que fui eu, já perdi a conta. A mesma GNR que conhece o caso, e que resmunga "Ó minha senhora, mas hoje já aí fomos duas vezes!" . Foram, regressaram, falaram mas o que fizeram? Nada! Quando são chamados a meio da noite, e demoram quase 3 horas a fazer 5km, ainda reclamam, que não está a acontecer nada. " Não, Sr. Guarda, mas quando eu telefonei, a filha esmurrava a mãe, a mãe batia à filha com a bengala, em pijama, descalça, na rua, eram quaze 23h!". No Natal, pendurei-lhes um presente na porta. Não sei se tiveram outro.

 

Na minha rua, mora um senhor que ficou muito debilitado depois de ter sido atropelado. Não teve tratamento especial, nem subsídios, e ficou totalmente dependente de cuidados. Dependente e só. Só uma irmã se disponibilizou para cuidar dele. Irmã viúva, doente e só. Viúva, cozinheira de mão cheia, prestável, generosa e só.

 

E qual a atitude da família? Nada. Um dia destes, a senhora ficou doente e recusou-se a ir para o hospital, pois não tinha quem tratasse do irmão. Ajudei-a a procurar um lar para o irmão. Por fim, os irmãos lá concordaram em ficar com ele por uns dias.

Esteve quase 3 semanas no hospital. Confesso que não a visitei, mas telefonava-lhe regularmente, e ouvia as lamentações. Quase não teve visitas. Na ala ao lado, e por esses dias, nascia-lhe um neto. Nem nesses dias o filho a foi visitar!

 

No prédio onde moramos, quase todos temos algo em comum: casais entre os 30 e 40 anos, com dois filhos. Entendemo-nos quase todos bem e apreciamos a senhora. Por isso, há sempre alguém que lhe dá uma boleia ou faça um recado.

No entanto, os nossos dias são tramados. Passamos uns pelos outros, a correr na escadas, a ralhar com os miúdos, atrasados. Ouvimos os ralhetes na hora de os mandar deitar. Os carros estão estacionados quase sempre no mesmo sítio, fruto de uma rotina.

 

O meu avô é tratado a pão de ló, em casa das filhas. É um felizardo, que nem sabe muito bem a sorte que tem em relação a tantos outros. No entanto, é um peso brutal nas horas de cuidados, atenções e dietas que necessita. É um desgaste enorme.

Os meus sogros vão para o mesmo caminho. E apenas eu e o meu marido parecemos preocupados coma a questão.

 

Nos hospitais, amontoam-se velhos, que passam fome de tudo. Nas aldeias, nas cidades, olham para nós de olhos encovados e assustados.

 

Porquê?

Porque deixou de haver tempo para as famílias. Passámos todos a robots e máquinas de trabalho ( os que ainda têm essa sorte!), e a família ficou só com o nome.

 

Deixámos de ser tempo para seremos nós e a nossa família.

E é por aí que as coisas têm de passar.

 

E as senhoras feministas podem ir queixar-se para outro, lado, que daqui não levam nada.

Porque se pudessemos ser mais mães para os nossos filhos, talvez eles pudessem a vir ser mais filhos daqui a uns anos. Ou mais irmãos..

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:39

14
Fev 11

Este fim de semana fiz tartes. Pastry, para ser mais fina. Amassei, deixei repousar e estendi massa que ficou estaladiça e saborosa.

Com maçãs, morango, melaço e nozes. Um pouquindo de açucar amarelo e manteiga.

 

Adoro programas de culinária, e delicio-me a vê-los nos canais da Meo.

Não gosto de ficar colada à receita, e gosto de inventar. Gosto de desafios, de me aparecer gente em casa e, de repente preparar um banquete, de ter só meia coisas no frigorifico ou na despensa e mesmo assim conseguir cozinhar algo  saboroso, de ter apenas duas ou três horas, e cozinhar refeições completas para um batalhão de gente...

De acordar de madrugada para fazer pão, doces, assados, para um aniversário em grande, para as miudas ou marido. Ou para mim, se faz favor.

De preparar compotas de laranja, tangerina, tomate, abóbora, figo, pêssego, marmelada, para oferecer à família e amigos.

Experimentar receitas de outros países, com outros sabores...

 

 

De cultivar na varanda as minhas ervinhas ou de as colher num passeio de fim de semana..

 

Sou apaixonada por equipamento de cozinha, e babo a olhar para batedeiras e "food processors" da Kenwood ou Kitchen Aid, e outros que tais, máquinas de massa, de gelados, de waffles, e toda a para fernália de equipamento mais simples , até mesmo uma linda colher de pau..

 

E depois vejo os concursos de culinária ( e também os do Biggest loser, é um facto), e penso: eu safava-me nisto...

 

E depois penso outra vez, e concluo que não...porque para mim, cozinhar não é luta ou sobrevivência. É um1 forma de ter e dar prazer, de descontrair e afastar pensamentos mais negros

 

 

Até porque  há dias em que consigo arruinar os mais simples leite creme ou arroz doce, ou esturricar o mais trivial dos guisados...

publicado por na primeira pessoa do singular às 11:04

11
Fev 11

Sou engenheira, e como tal espera-se que faça coisas de engenheira.

 

E eu gosto de fazer. Ando um bocadinho arredada das obras, por contingências da crise, mas é lá que adoro estar. O meu coração suspira de saudades po um arranque de obra problemático! è que ainda por cima, nem é uma questão de ser fácil: gosto das que dão luta!

Passo por alguma obra e não consigo deixar de olhar, de desejar estar ali, de botas sujas, colete reflector e capaceta. feia? e depois? Sei que sou boa no que faço, apesar do meu mau feitio...

 

Gosto de dar aulas. Pois gosto. E acho que tenho jeito! A reacção dos alunos puxa por mim, e faz-me querer ser melhor. Mas o contrato está a acabar, e não sei quando virá outro.

 

No meio de tanta indefinição e incerteza, dentro de mim cresce a vontade de querer mudar.

 

Era abrir uma padaria/galeria/livraria/atelier

 

Era abrir uma costura por medida..

 

Eram workshops de saúde materna, psicologia, direito, e muita culinária

 

Mas sou engenheira civil. E pobretanas, porque não tenho sabido vender o meu trabalho, e sobretudo porque não me tenho vendido...

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 12:07

Nota:

 

Evitar ir ao El Corte Ingles,

 

 ou fechar os olhos ao entrar na livraria /papelaria...para não ver tanto livro que não posso comprar, tanto material para tantas coisas que não farei

ou fechar os olhos à padaria, nem tanto para comer, mas para que o bichinho da padaria não cresça desmesuradamente em mim

ou fechar os olhos aos produtos do supermercado, fora do comum, de todo o mundo, para que não desista das obras e me dedique à culinária

ou simplesmente não subir até ao fim, nem olhar para todas aquelas prateleiras de coisas de cozinha, que fazem o meu coração sorrir

 

 

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 12:02

04
Fev 11

vou escrever um livro.

publicado por na primeira pessoa do singular às 14:50

Aperto peito: começa  mais ou menos no fim do pescoço e a acaba um pouco abaixo do coração. Como se eu estivesse deitada, com  um peso enorme  sobre mim. Quente. Sufocante.

 

Despesas correntes da economia doméstica. Filhas para criar. Trabalho a desaparecer. Motivação a diminuir. Reacção baixa. Estou por tudo, hoje.

Sinto um desânimo como há muito não sentia...

 

 

 

publicado por na primeira pessoa do singular às 12:33

01
Fev 11

uma das minhas palavras favoritas.

o que eu espero para mim , ainda hoje

publicado por na primeira pessoa do singular às 12:11

é o meu retrato neste dia

publicado por na primeira pessoa do singular às 12:09

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