A uma menina de um país de CPLP foi diagnosticado um problema cardíaco que requeria operação especializada. Num protocolo de tratamento que há com Portugal, enviaram a menina e a sua mãe para Lisboa, a 26 de Julho. Ficou alojada numa pensão, que paga, tendo uma comparticipação da Embaixada do país de origem. Sobrariam cerca de 100€ por mês para comer, medicamentos,vestir, etc..as duas!
Ao fim de 2 meses, teve finalmente uma consulta. Marcaram-lhe exames para um mês mais tarde. Teve nova consulta no final de Novembro. Foi operada na 2ª semana de Dezembro. Terá alta dentro de 2 dias.
Até poderem voltar para casa, onde deixaram outra criança, ao cuidado dos avós, terão passado quase 6 meses. 6 meses durante os quais se pagou alimentação, pensão, e até tiveram de comprar roupa e os tachos para cozinharem. 6 meses em que a embaixada pagou.
O cirugião, ao ouvir a história deitou as mãos à cabeça. Como é que foi possível que uma criança de 4 anos, diagnosticada, precisasse de estar 6 meses deslocada de casa para uma operação de 3 horas e recuperação de 5 dias?
Foi na cama ao lado da da minha filha, durante esta semana, nos HUC. Eu estava lá e ouvi a indignação do Sr. Prof. Dr. dos melhores que há no mundo.
A senhora chorou de alegria, ao saber que ia voltar para casa em poucos dias. O médico deu ordem para ligarem para a embaixada, para lhe reservarem, imediatamente, viagem de volta.
Porquê este tempo todo? Porque um senhor funcionário qualquer, que pode ter sido um médico, ou um administrativo, não olhou com os olhos da razão nem com os do coração e não soube julgar nem decidir. Se calhar, carregou no botão do computador, que marcou uma data num ficheiro qualquer. Deve haver a habitual desculpa, do "sistema ", que talvez não permita qualquer coisinha. Mas há um chefe para se pedir autorização, não há?
Até tinha saído mais barato ir e vir para cada consulta, se calhar!
Outro caso:
O meu avô está velhote, mas está vivo, e como tal, merece todo o respeito e tratamentos que lhe melhorem a qualidade de vida, nos seus últimos anos.
Volta e meia, vai parar ao Hospital: diabetes, rins, pulmões, uma colecção de coisas. Como sempre, e porque as consultas no posto médico não são eficazes nem servem urgências, chega às urgências, na triagem não deixam a família falar, não perguntam antecedentes, não lêem cartas anteriores, e lá fica 2 ou 3 dias o velho deitado numa maca, no corredor, até que um dia, um médico iluminado lá decide antender aos pedidos de informações e diz que não pode ir para casa, porque tem qualquer coisa nos pulmões, que têm de ir ver...e ao ser informado que é uma situação crónica, detectada há vários anos, sem evolução, que não aquece nem arrefece, exclama "Ah! Já podiam ter dito, então pode ir para casa!"Não há registos dos doentes nos hospitais?Não se pode ouvir a família?É assim, 2 ou 3 vezes por ano, de há 12 anos para cá!
O mesmo velhote, que um dia destes, teve alta no meio de uma pneumonia, e foi mandado para casa de ambulância,nú, debaixo de um cobertor, nem com as roupas com que foi levado para o hospital, em pelo Inverno, num dia de chuva torrencial.
Entretanto, as filhas esperavam no hospital, para levarem o pai para casa, após telefonema a pedir para o irem buscar. Quando os bombeiros chegaram a casa, não havia ninguém para o receber. Tiveram de esperar que as filhas voltassem a casa...Dois dias depois regressava ao hospital após as filhas terem chamado um pneumologista a casa, que recambiou o velho para o hospital, onde passou quase 15 dias a pensarem que ia desta para melhor...até finalmente estar curado