Lera assim na Wikipédia:
“O '''Sonho Americano''' foi inventado pelo histórico James Tuslow Adams em 1931. Apesar de o significado da frase ter evoluído ao longo da história, para algumas pessoas, o sonho americano é a oportunidade de alcançar uma maior prosperidade material que não foi possível, no antigo país, ou no país de origem; para outros, é a oportunidade para os seus filhos se desenvolverem a receberem uma educação e oportunidades de emprego; para outros, é a oportunidade de fazer as escolhas individuais, sem os constrangimentos da classe, de geração, religião,raça, orientação sexual, ou grupo étnico.”
Concluiu que era de uns e de outros, neste mapa rectangular, mas que tinha de ser mais que isso. Tinha de ser outro o conceito...
Não almejava a maior das prosperidades, apenas um pouco mais que o suficientes, nunca tivera problemas de emprego, não se arrumava em classes, não era nem rica nem pobre, a raça, religião, escolha sexual, tudo do mais típico e insuspeito.
De facto, e pensando melhor, não sofria de “sonho americano”.
Era mais uma vontade de “back in time”, (mas com internet e todos os modernos apetrechos de cozinha).
Voltar a quando as senhoras eram donas de casa ( mas agora por opção, e sem marido a mandar e desmandar), e morar no campo ( rodeada de acessos à cidade).
Fazia a lida da casa, levava os meninos à escola, às actividades no fim do dia, cozinhava e às seis da tarde a família reunia-se à mesa a jantar. Fazia ginástica.
Trabalhava em part-time, na sua empresa bem sucedida, ( de pequena dimensão, amiga do ambiente e modelo de responsabilidade social) e o ordenado nem era o mais importante, porque o quintal era frutuoso e o marido garantia o resto que faltava. Ainda dava tempo para benfeitorias...
Seria a chefe exemplar, e os funcionários da lucrativa e bem gerida empresa seriam mais um elemento da família, já de si numerosa, trabalhando com afinco, em horário flexível, altamente motivados para o sucesso de um projecto comum.
Os dias eram formatados e sem grandes sobressaltos, e passavam assim...
A criancinhas, em escadinha,não faziam birras, arrumavam os quartos e estudavam um bocadinho ao fim do dia. Brincavam na rua com os vizinhos, subiam às árvores e andavam de balouço, num jardim meticulosamente aparado, por um jardineiro reformado, que apanhava as frutas, apanhava os ovos, matava as galinhas e os coelhos.
Tomavam banho e jantavam de tudo, de todos os vegetais do quintal, tudo comidinha caseira ( apesar de os peixes e algumas carnes puderem ser de “aviário”).
As visitas dos amigos eram constantes.
Ao pôr do sol, as criancinhas iam para a cama e dava tempo para ficar a ler na varanda ( sem mosquitos, sem frio), ou a ver televisão – sem adormecer .
Se fosse Verão, quem sabe um banho nocturno na piscina morna, um marido meigo por companhia!
Todos as noites, os lençóis seriam de linho, lisos e perfumados, e o sono seria profundo e relaxante,
Os Domingos seriam de roupa nova e toalha branca na mesa, e um belo assado no forno, sobremesa especial.
Quando se saísse da missa, enquanto os miúdos brincavam e corriam, os vizinhos poriam a conversa em dia.
Os sábados de brincadeira, limpezas e jardinagens.
Os outros dias, bom, seria dias sempre bons...
“Oh, man!, já passou o corte, vou ter de ir à outra portagem e voltar para trás! Mais quarenta e sete cêntimos e mais dezoito minutos que não tenho!.
É sempre a mesma treta. Isto de vir em piloto automático...
Chega prá lá, pá, eu já ia nesta faixa!